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Mais de 60 jornalistas foram assassinados no mundo em 2014

Números são do Balanço da Violência contra Jornalistas 2014 da RSF, publicado nesta terça-feira


	James Foley, jornalista americano, em missão na Síria: sequestrado nos idos de 2012, Foley foi morto há poucos meses pelo Estado Islâmico em um vídeo que chocou o mundo
 (Nicole Tung/ Free James Foley)

James Foley, jornalista americano, em missão na Síria: sequestrado nos idos de 2012, Foley foi morto há poucos meses pelo Estado Islâmico em um vídeo que chocou o mundo (Nicole Tung/ Free James Foley)

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Da Redação

Publicado em 16 de dezembro de 2014 às 11h15.

Paris - Sessenta e seis jornalistas foram assassinados no mundo em 2014, segundo um balanço anual publicado nesta terça-feira pela ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF), que denuncia que a barbárie e a instrumentalização intensificam a violência contra a imprensa, como mostram as decapitações filmadas.

Os números do Balanço da Violência contra Jornalistas 2014 da RSF são eloquentes: 66 jornalistas foram assassinados no mundo, 119 sequestrados, 178 presos, 853 detidos, 1.846 ameaçados ou agredidos e 134 precisaram se exilar.

A organização de defesa da liberdade de imprensa com sede em Paris aponta que, embora neste ano tenha sido registrada uma leve queda no número de jornalistas assassinados no exercício da profissão (66 em 2014, 71 em 2013), a violência contra a imprensa passou por uma mudança, os assassinatos são cometidos com maior barbárie, são instrumentalizados com fins de propaganda, e "os sequestros aumentam consideravelmente com o objetivo, dos que os cometem de impedir que exista uma informação independente e de dissuadir os olhares externos".

"A decapitação de jornalistas em 2014 mostra a magnitude da violência exercida contra as testemunhas indesejadas", afirma a RSF, referindo-se aos assassinatos macabros dos americanos James Foley, que contribuiu para a cobertura da AFP na Síria, e de Steven Sotloff.

Aos 66 jornalistas assassinados em 2014, é preciso somar os "19 jornalistas-cidadãos" e "11 colaboradores de meios de comunicação" também mortos.

Dois terços dos 66 jornalistas morreram em "zonas de conflito, como a Síria", que a RSF aponta como o país "mais letal para os jornalistas", os territórios palestinos, o leste da Ucrânia, Iraque e Líbia.

A RSF também aponta a morte de três jornalistas no Afeganistão, entre eles Sardar Ahmad, da AFP.

O Balanço da RSF informa sobre o aumento "de assassinatos de mulheres jornalistas: seis casos contra os três registrados no ano passado". Estas jornalistas morreram na República Centro-Africana, Iraque, Egito, Afeganistão e Filipinas.

A RSF organizou nesta terça-feira uma ação simbólica em Paris, apresentando um contêiner com a inscrição "isto não é um contêiner, é uma prisão", em alusão ao jornalista sueco-eritreu Dawit Isaak, detido em um contêiner no deserto.

México, Venezuela e Colômbia

Nenhum país latino-americano figura nas listas elaboradas pela RSF dos cinco países onde mais jornalistas são assassinados e presos, mas a organização lembra a morte dos jornalistas Luis Carlos Cervantes na Colômbia e de María del Rosario Fuentes Rubio no México.

O México aparece em quinto lugar na lista de países com mais jornalistas sequestrados, com três casos, atrás de Ucrânia (33), Líbia (29), Síria (27) e Iraque (20). No total, 119 jornalistas foram sequestrados no mundo em 2014, e 40 deles continuam reféns. O número de sequestros de profissionais da informação registrou um amento de 30% em relação a 2013 (87).

Já a Venezuela figura em segundo lugar na lista de cinco países com mais jornalistas ameaçados ou agredidos, com 134 casos, atrás da Ucrânia (215).

"Neste ano diversos países foram palco de manifestações, em ocasiões muito violentas, nas quais muitos jornalistas foram agredidos, inclusive espancados pelos manifestantes ou pelas forças de ordem. Na Venezuela, 62% das agressões a jornalistas durante os protestos foram cometidas pela Guarda Nacional Bolivariana", afirma a RSF.

A Venezuela também aparece na lista de países que registraram o maior número de detenções de jornalistas, em quinto lugar, com 34 casos, atrás de Ucrânia, Egito, Irã e Nepal.

Embora "as detenções sejam ataques contra a liberdade de informação cuja gravidade não pode ser comparada à dos assassinatos ou sequestros prolongados", constituem obstáculos para o trabalho dos jornalistas e "por vezes intimidações violentas, inadmissíveis", afirma a RSF.

Em 2014, "ao menos 853 jornalistas profissionais foram detidos" no mundo.

Finalmente, o departamento colombiano de Antioquia figura em quinto lugar das zonas mais perigosas do mundo para os jornalistas, atrás dos territórios controlados pelo grupo Estado Islâmico (Iraque e Síria), o leste da Líbia, a região do Baluquistão (Paquistão) e as regiões de Donetsk e Lugansk (Ucrânia).

"No departamento de Antioquia (noroeste da Colômbia), informar é um trabalho de alto risco, em especial se forem investigados temas como a corrupção ou o crime organizado. Grupos criminosos paramilitares semeiam o terror, às vezes em cumplicidade com as autoridades locais. Estes grupos não hesitam em divulgar listas negras nas quais aparecem os nomes de jornalistas a serem mortos. Ameaças, agressões e homicídios se multiplicam em meio a um clima de quase total impunidade", denuncia a RSF.

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