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EUA e Colômbia convocam embaixadores em meio à investigação de 'complô' para derrubar Gustavo Petro

Tradicionalmente, a Colômbia é o principal parceiro dos Estados Unidos na América Latina

Gustavo Petro, presidente da Colômbia (Mauro Pimentel/AFP)

Gustavo Petro, presidente da Colômbia (Mauro Pimentel/AFP)

Agência o Globo
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Publicado em 3 de julho de 2025 às 19h44.

Última atualização em 3 de julho de 2025 às 20h01.

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Os Estados Unidos convocaram para "consultas urgentes" seu principal representante diplomático na Colômbia devido a "profundas preocupações" sobre a relação entre os países, informou o Departamento de Estado americano nesta quinta-feira. Horas depois, em reciprocidade à mesma ação de Washington, o presidente colombiano, Gustavo Petro, também convocou seu embaixador nos EUA.

Tradicionalmente, a Colômbia é o principal parceiro dos Estados Unidos na América Latina.

No X, Petro afirmou que o embaixador Daniel García-Peña deveria informá-lo "sobre o desenvolvimento da agenda bilateral" com seu principal parceiro.

Horas antes da declaração do presidente colombiano, o principal diplomata dos EUA em Bogotá, John McNamara, foi chamado para consultas "após declarações repugnantes e infundadas feitas pelas mais altas autoridades do governo da Colômbia", afirmou a porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce.

Investigação sobre complô político

A Promotoria da Colômbia abriu uma investigação sobre um suposto complô para derrubar o presidente Gustavo Petro com a ajuda de políticos americanos. Isso se deu depois que o jornal espanhol El País publicou, no último domingo, áudios que implicariam o ex-ministro Álvaro Leyva em uma trama golpista.

— Nada mais é que uma conspiração [de Leyva] com o narcotráfico e com a extrema direita aparentemente colombiana e americana — declarou Petro, um dia depois da reportagem ter sido publicada.

"A essa investigação será anexado o pedido feito pela vice-presidente da república, Francia Márquez, que solicitou as investigações judiciais cabíveis para esclarecer o ocorrido", afirmou a Promotoria em comunicado.

Nos áudios, Leyva afirma que Márquez estava “envolvida”, dando a entender que ela apoiava seus planos. Segundo as gravações, Leyva se reuniu com o congressista americano Mario Díaz-Balart para “exercer pressão internacional” contra Petro, a quem o ex-chanceler já acusou repetidamente de ser dependente de drogas.

A porta-voz, porém, não detalhou que ações Washington tomaria, mas destacou que a Colômbia segue sendo "um parceiro estratégico essencial", apesar de todas as diferenças com o atual governo de Petro.

— Estamos comprometidos em uma estreita cooperação sobre nossas prioridades compartilhadas, incluindo a segurança regional e a estabilidade — acrescentou Bruce.

Tensão nas relações bilaterais

A relação bilateral entre Colômbia e Estados Unidos foi afetada por embates entre Petro e seu homólogo americano, Donald Trump, com episódios de crise diplomática pela guerra tarifária e a deportação de migrantes.

Recentemente, por exemplo, o governo colombiano se recusou a extraditar dois guerrilheiros buscados pelos Estados Unidos por crimes de narcotráfico.

Petro cobra explicações de sua vice

Na última terça-feira, a Promotoria da Colômbia abriu uma investigação sobre o suposto complô para derrubar Petro, com a ajuda de políticos americanos.

"Com relação às gravações do ex-chanceler Álvaro Leyva, nas quais ele supostamente fala sobre contatos com terceiros para afetar o governo nacional, a Promotoria-Geral da Nação está conduzindo uma investigação, à qual se somam todas as apurações sobre o tema", afirmou a instituição em mensagem enviada à imprensa.

Na última segunda-feira, Petro cobrou explicações de sua vice, que negou envolvimento em “conspirações” e pediu que a Promotoria investigasse o caso.

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