Mundo

Escolas britânicas buscam derrubar divisões entre gêneros

No país, cada vez mais escolas têm adotado medidas para acabar com a divisão binária entre homens e mulheres

Crianças: autoridades escolares estimam que cada vez mais crianças estão questionando seu gênero (monkeybusinessimages/Thinkstock)

Crianças: autoridades escolares estimam que cada vez mais crianças estão questionando seu gênero (monkeybusinessimages/Thinkstock)

A

AFP

Publicado em 13 de dezembro de 2017 às 14h57.

Com a ajuda de ativistas e alguns grupos de pais, cada vez mais escolas britânicas permitem que seus alunos explorem sua identidade sexual, para serem mais inclusivas e acabar com o assédio moral sobre esta questão.

O Cumberland Lyceum, um estabelecimento escolar de quase 1.500 estudantes no leste de Londres, é uma das centenas de escolas do país que está tomando medidas para acabar com a divisão binária entre homens e mulheres.

Cumberland adotou uma política mais liberal quanto aos uniformes, que elimina as restrições de gênero, e está adaptando suas infraestruturas - como vestiários - em um esforço para ser mais tolerante.

"Trocar de roupa é um desafio para muitos alunos. É por isso que temos vestiários de gênero neutro que todos podem usar", explicou à AFP Jake Jones, professor de Educação Física que também é diretor de departamento.

"Acredito que nossa estratégia inclusiva é essencialmente uma questão de terminologia", acrescentou, observando que os professores são encorajados a evitar termos como "meninos" e "meninas" e usam palavras neutras como "alunos".

He, she, ¿zie?

Nas escolas Brindishe do sul de Londres, os alunos são ensinados sobre a possibilidade de usar o "zie", uma forma de pronome neutro, em vez de "he" (ele), ou "she" (ela).

As autoridades escolares estimam que cada vez mais crianças estão questionando seu gênero.

"Quando você capacita o gênero neutro, essas crianças têm menos preocupações, preocupam-se menos se são diferentes e se não se encaixam", explicou Charlotte Dougan, da escola Brindishe Manor.

"Podem ser elas mesmas", sentencia.

A vice-diretora da escola Brindishe Green, Lauren Campbell, declarou que "nunca é muito cedo para começar".

"Acredito que é muito importante educar as crianças da melhor forma possível, desde o início, no que se refere ao ensino sobre o gênero, sobre estereótipos de gênero", apontou.

Nem todos os pais britânicos concordam com este ponto de vista.

O Serviço Nacional de Saúde (NHS) teve de retirar uma questão sobre gênero de um formulário para crianças, depois de uma onda de críticas de pais e políticos.

A questão, para um estudo sobre crianças de 10 e 11 anos, era se elas se sentiam em consonância - "igual por dentro" - com seu gênero biológico e oferecia-lhes três opções de gênero: "menino", "menina", ou "outro".

"Não pode ser quem é"

Há evidências de que as crianças estão fazendo mais e mais perguntas sobre sua identidade sexual.

O Serviço de Desenvolvimento de Identidade de Gênero (GIDS), um departamento de saúde pública para jovens de Londres e Leeds, declarou que as consultas passaram de apenas 95, em 2010, para 2.016, em 2017.

De acordo com dados da associação Educate and Celebrate, que promove uma educação não-sexista, cerca de 220 escolas no Reino Unido adotaram um uniforme único para meninos e meninas.

"O que algumas escolas não entendem, é que é uma questão fundamental para a vida e para a identidade de um jovem", disse Elly Barnes, fundador dessa associação.

"Se você não pode ser quem você é, se te dizem constantemente que você não pode fazer isso porque é isso, você não vai tirar o melhor proveito de uma criança", alegou.

Acompanhe tudo sobre:CriançasDireitos civisEducaçãoEscolas

Mais de Mundo

Trump considera privatizar o Serviço Postal dos EUA, diz Washington Post

Israel bombardeia armazéns de armas do antigo regime nos arredores de Damasco

Ucrânia diz ter derrubado 58 drones lançados pela Rússia

Líder insurgente sirio diz não querer conflito com Israel e pede intervenção internacional