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Remy Sharp
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O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disputará no domingo (14) a eleição mais acirrada desde que chegou ao poder, ao enfrentar pela primeira vez em 20 anos uma oposição unida em um país em crise.

Erdogan, 69 anos, está determinado a continuar por mais cinco anos na presidência da Turquia, país de 85 milhões de habitantes que ele transformou profundamente e que atualmente passa por uma grave crise econômica.

Ele enfrenta dois rivais, mas apenas um de peso: Kemal Kiliçdaroglu, 74 anos, candidato de uma aliança de seis partidos de oposição, que vão da direita nacionalista à esquerda democrática, um movimento liderado pelo CHP (social-democrata), fundado pelo pai da Turquia moderna, Mustafa Kemal Atatürk.

Kiliçdaroglu também recebeu o apoio sem precedentes do partido pró-curdo HDP, a terceira maior força política do país.

Em caso de vitória, o opositor será o 13º presidente da história da República da Turquia - que completa 100 anos em 2023 -, sucedendo o longo mandato de Erdogan, o mais longevo desde a queda do Império Otomano.

Um quarto candidato, Muharrem Ince, que de acordo com as pesquisas tinha entre 2% e 4% das intenções de voto, desistiu da eleição na quinta-feira, o que em tese favorece Kiliçdaroglu.

Os turcos devem escolher o partido conservador-islâmico AKP de Erdogan, com uma prática cada vez mais autocrática do poder - 16.753 indiciamentos em 2022 por "insultar o presidente", segundo os números do ministério da Justiça - e o CHP laico de Kiliçdaroglu.

Os 64 milhões de eleitores também votarão para renovar o Parlamento.

Vitória no primeiro turno?

As pesquisas projetam uma eleição muito disputada. Os dois lados estão convencidos que conquistarão a vitória no primeiro turno. Se isto não acontecer, o segundo turno está programado para 28 de maio.

Kiliçdaroglu abordou rapidamente o que poderia representar um obstáculo para sua campanha em uma Turquia predominantemente sunita: o fato de pertencer ao alevismo. Em um vídeo que viralizou nas redes sociais, o candidato reconheceu publicamente sua adesão a este ramo heterodoxo do islã.

Ele promete "justiça, a lei e apaziguamento" em todos os temas, da economia até o poder aquisitivo (a inflação na Turquia superou 85% em outubro), incluindo as liberdades públicas.

Em um país afetado por uma grave crise econômica e de confiança, onde jovens formados em Engenharia e Medicina tentam deixar o país, o onipresente Erdogan luta com todas as forças para salvar seu legado e conta com o índice de 30% de eleitores fiéis.

O campo do "Reis" (Chefe) - como ele é chamado pelos partidários - aborda as promessas de campanha com números e injúrias: acusa os rivais de conluio com os "terroristas" do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão), ataca seus vínculos com o Ocidente e suas "conspirações", além de apresentá-los como "pró-LGBT" que querem "destruir a família".

Voto dos jovens

Pouco mais de cinco milhões de jovens votarão pela primeira vez. Este grupo só conheceu a Turquia governada por Erdogan, com sua guinada autocrática desde as grandes manifestações de 2013 e a tentativa frustrada de golpe de Estado de 2016, que terminou com dezenas de milhares de detenções.

"A primavera chegará graças a vocês", afirmou Kiliçdaroglu aos jovens em um comício.

Uma pesquisa do instituto Metropoll aponta que ele tem o apoio da maioria dos eleitores na faixa entre 18 e 24 anos.

Outra dúvida para as eleições é o impacto do terremoto de 6 de fevereiro, que deixou mais de 50.000 mortos e um número desconhecido de desaparecidos no sul do país. Os sobreviventes, que denunciam que a ajuda chegou muito tarde, agora estão espalhados por todo o país ou vivem em barracas provisórias.

Também existe a preocupação com a lisura do processo eleitoral e o "estado da democracia" na Turquia, alertou o Conselho da Europa, que enviará 350 observadores ao país, além dos designados pelos partidos, aos 50.000 locais de votação.

O vice-preisdente do CHP,  Oguz Kaan Salici, se mostrou otimista. "Não vivemos em uma república das bananas", declaru.

De acordo com um diplomata que pediu anonimato, a Turquia está apegada ao princípio das eleições. "Mesmo na época em que os militares davam um golpe de Estado a cada 10 anos, eles colocavam seu poder em jogo nas urnas", disse.

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