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Remy Sharp
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Com calor de 50ºC no Iraque, pessoas chegam a pôr bebê na geladeira

Governo decreta feriado de quatro dias para que carros não aumentem ainda mais a temperatura

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Iraquianos nadam no rio Shatt Al-Arab, em meio a uma onda de calor que atinge todo o país, que também sofre grandes cortes de energia no calor da onda de calor (AFP/AFP)

Iraquianos nadam no rio Shatt Al-Arab, em meio a uma onda de calor que atinge todo o país, que também sofre grandes cortes de energia no calor da onda de calor (AFP/AFP)

A
AFP

Publicado em 3 de julho de 2021 às, 14h50.

Última atualização em 3 de julho de 2021 às, 15h36.

Os verões no Iraque são sempre quentes, mas desta vez o termômetro marcou 52 ºC na sombra. Fez tanto calor que esta semana Ali Karrar colocou seu bebê na geladeira por alguns minutos. 

Isso foi quando Ali Karrar, que mora na cidade de Al Hilla, ao sul de Bagdá, ainda tinha energia elétrica, já que o país ficou às escuras. E sem eletricidade, geladeira, ar condicionado ou ventilador são inúteis.

Em Diwaniya, mais ao sul, Rahi Abdelhussein passa o dia carregando sacos de cubos de gelo para hidratar seus filhos.

Em todo o país, os comerciantes instalaram canos e torneiras para que as pessoas possam se molhar na calçada antes de fazer compras. Em alguns minutos, estão secas novamente.

O pior, como sempre, foi vivido em Basra, única cidade litorânea do país, onde a sensação térmica é multiplicada pela umidade. Isso levou o governo a decretar quatro feriados esta semana para evitar que os moradores saiam de casa e os carros façam a temperatura subir.

"Colocamos as crianças para dormir no chão para que tenham um pouco de frescor e nós, os adultos, não dormimos a noite toda", diz à AFP Meshaal Hashem, estivador e pai de três filhos em Basra.

A situação catastrófica deste ano é o resultado de dezenas de ações que desencadearam reações. Como resultado, na madrugada de quinta-feira não havia watts nas linhas de transmissão do país.

Quem é responsável? Questionam os 40 milhões de iraquianos que em quase 20 anos viram metade dos petrodólares do país desaparecer nos bolsos de políticos e empresários corruptos.

"O ministério da Eletricidade diz que 'é culpa do ministério do Petróleo', o Petróleo diz que 'é culpa da pasta de Economia', a Economia diz que 'é culpa do Irã', o Irã diz 'é culpa do governo iraquiano', o governo diz que 'é culpa do povo', o povo diz que 'é culpa dos políticos' e os políticos dizem que temos que lidar com isso", resume, ironicamente, o pesquisador Sajad Jiyad no Twitter.

O ministério da Eletricidade nunca renovou seus circuitos, no que perde 40% de sua energia, enquanto o ministério do Petróleo tem dificuldades em lançar projetos de transformação de gás natural e abastecimento de usinas.

O Irã, a quem o Iraque deve 6 bilhões de dólares em inadimplência por gás e eletricidade, decidiu na terça-feira fechar a torneira. Bagdá responde que não pode pagar suas dívidas devido às sanções dos Estados Unidos contra o Irã e aos seus próprios problemas financeiros, visto que a covid-19 há algum tempo despenca os preços do petróleo, sua única fonte de divisas.

E, acima de tudo, argumenta o governo, poucas famílias pagam as contas e há muitas conexões ilegais.

Quem se beneficia?

No sul do país, quatro províncias estavam sem energia desde terça-feira, devido principalmente, segundo o ministério da Eletricidade, a ataques a linhas de alta tensão.

As autoridades descrevem os responsáveis como "terroristas", mas não se sabe quem está por trás da sabotagem. "Alguém está tentando desestabilizar as ruas e criar o caos", disse o porta-voz do ministério da Eletricidade, Ahmed Musa.

Já houve manifestações nas províncias de Misan, Wasit (onde cinco manifestantes e sete policiais ficaram feridos em altercações) e outras áreas no sul.

Nenhum ministro da Eletricidade sobreviveu à temporada de verão em 18 anos. Durante esta temporada e nos meses seguintes costuma haver protestos em todo o país e o titular dessa pasta é o primeiro a cair.

Desta vez, o ministro Majid Hantoch, apoiado pelo líder xiita Moqtada Sadr, tomou a iniciativa: renunciou na segunda-feira.

Foi mais do que suficiente para atiçar a retórica antigovernamental do movimento sadrista, que começa como o grande favorito para as eleições legislativas marcadas para outubro.

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