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Clima tenso domina direita italiana por eleição ao Parlamento

Desavenças na coalizão de direita durante primeiro dia de eleição dos presidentes da Câmara e do Senado aumentam dúvidas sobre novo governo

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Matteo Salvini: aproximação de líder da Liga Norte com Movimento 5 Estrelas gerou reações na direita italiana (Tony Gentile/Reuters)

Matteo Salvini: aproximação de líder da Liga Norte com Movimento 5 Estrelas gerou reações na direita italiana (Tony Gentile/Reuters)

A
AFP

Publicado em 23 de março de 2018, 20h13.

Última atualização em 23 de março de 2018, 20h15.

O primeiro dia na Itália para a eleição dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado terminou, nesta sexta-feira (23), em um clima de tensão pelos desacordos e pelas brigas dentro da coalizão de direita, o que agrava a incerteza sobre o futuro governo.

A eleição dos presidentes das duas salas do Congresso é muito importante na Itália, porque além de garantir o equilíbrio e o funcionamento do Parlamento, é o primeiro passo para chegar à formação de um governo após as eleições de 4 de março, nas quais nenhum partido, ou coalizão, obteve a maioria necessária.

Os partidos não alcançaram um acordo sobre os candidatos a esses cargos, o que fez alguns parlamentares votarem em branco nas três rodadas realizadas na Câmara dos Deputados, e nas duas do Senado.

Diante do bloqueio, o líder da direita, o xenófobo Matteo Salvini, representando os 37% somados por sua coalizão, quebrou o acordo interno e propôs, de forma surpreendente, um candidato que não tivesse o veto da outra força decisiva, a formação antissistema Movimento 5 Estrelas, que obteve - sozinha - 33%, se tornando o primeiro nome político do país.

"A proposta de Salvini é hostil, representa uma ruptura dentro da coalizão e deixa entrever um acordo secreto entre a Liga Norte e o M5E para governar a Itália", reagiu furioso o bilionário Silvio Berlusconi, aliado-chave com o Força Itália da Liga Norte, que continua negociando, pressionando e ameaçando nas negociações, apesar de estar inabilitado a qualquer cargo público.

A situação poderia ser esclarecida neste sábado no Senado, porque o regulamento interno estabelece que depois da terceira votação deverá ser decidido entre os dois candidatos mais votados.

Na Câmara dos Deputados as votações continuarão até que um candidato obtenha a maioria absoluta, provavelmente na semana que vem.

A coalizão de direita conta com 260 deputados, e o M5E com 229. A maioria absoluta é de 316 cadeiras.

No Senado, a coalizão de direita conta com 135 senadores, e o M5E com 112. A maioria é de 161, incluindo os votos dos senadores vitalícios.

Tanto os indignados do M5E como o líder da coalizão de direita, o xenófobo Salvini, ao invés do ex-primeiro-ministro Berlusconi, dizem estar dispostos a dialogar com todos baseados em um programa específico.

O presidente da República, Sergio Mattarella, verdadeiro árbitro da situação, deverá começar as consultas no início de abril para designar o futuro primeiro-ministro.

Voto secreto

Como o voto é secreto, não são descartadas surpresas, já que alguns parlamentares poderiam modificar a ordem dada pelo próprio partido e mudar os equilíbrios, um costume muito italiano.

Muitas interrogações são suscitadas pelo grupo de parlamentares estreantes do M5E, com uma média de 38,5 anos para os deputados e 50,6 anos para os senadores.

Mas a batalha será dura em todas as frentes. O que fica claro é que nem a centro esquerda nem os indignados do M5E querem contribuir para a ressurreição de Berlusconi.

"A ruptura entre a Liga e o Força Itália é grave. Entretanto, Salvini precisa de Berlusconi e deverá recompor a aliança. Quis mais enviar uma mensagem: ele é o novo líder", explicou Stefano Folli, editorialista do jornal La Repubblica.

Inabilitado para formar o Parlamento após uma condenação por fraude fiscal, Il Cavaliere (14% dos votos) exige que seu ex-ministro do Desenvolvimento Econômico, Paolo Romani, seja o candidato da direita à presidência do Senado.

"Não vamos votar em pessoas com temas pendentes com a Justiça", explicou Luigi Di Maio, o jovem líder do M5E, referindo-se à condenação a 16 meses com condicional de Romani por ter autorizado em 2011 a filha de 15 anos a usar o celular oficial com o qual chegou a gastar 12 mil euros.

Uma mensagem a mais da mudança geracional que o novo Parlamento quer alcançar.

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