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Casa Branca congela US$ 2,2 bilhões em financiamento para Harvard após universidade desafiar Trump

Mudanças exigidas pelo governo incluem desmantelamento de programas de diversidade, equidade e inclusão e a proibição de atletas transgêneros competirem em equipes femininas

Harvard tem um fundo patrimonial de US$ 53 bilhões (Maddie Meyer/Getty Images)

Harvard tem um fundo patrimonial de US$ 53 bilhões (Maddie Meyer/Getty Images)

Agência o Globo
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Publicado em 15 de abril de 2025 às 07h44.

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O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cumpriu na noite desta segunda-feira, 14, a sua ameaça de retirar o financiamento federal à Universidade Harvard, horas depois de a mais antiga e mais rica faculdade dos EUA ter recusado concordar com uma lista de novas exigências do governo.

A Casa Branca congelou US$ 2 bilhões em subsídios plurianuais a Harvard, de acordo com o Grupo de Trabalho Conjunto para combater o antissemitismo. No mês passado, a Casa Branca disse que estava examinando até US$ 9 bilhões em subsídios e contratos federais como parte de seus esforços para combater o antissemitismo nos campi dos EUA.

Os riscos para Harvard aumentaram no final da semana passada, quando o Departamento de Educação e outras agências dos EUA enviaram uma carta exigindo uma série de mudanças, incluindo o desmantelamento de programas de diversidade, equidade e inclusão, a proibição de atletas transgêneros competirem em equipes femininas, reestruturação da governança universitária, além da revisão e mudanças em departamentos que "alimentam o assédio antissemita" e "acabam com a captura ideológica". O governo também queria mudanças nos programas “com registros flagrantes de antissemitismo” e relatórios trimestrais até 2028.

Harvard, que tem um fundo patrimonial de US$ 53 bilhões, disse em uma carta desafiadora nesta segunda-feira que não abriria mão de sua independência nem de seus direitos constitucionais.

“Nem Harvard nem qualquer outra universidade privada pode se permitir ser controlada pelo governo federal”, afirmou a universidade em um comunicado.

Segundo o presidente de Harvard, Alan Garber, a exigência do governo “deixa claro que a intenção não é trabalhar conosco para lidar com o antissemitismo de forma cooperativa e construtiva”.

A recusa marcou a primeira resistência aberta de uma universidade de elite aos esforços do governo Trump, que tem intensificado a pressão sobre instituições americanas de ensino superior. A Universidade Columbia, centro dos protestos pró-palestinos no ano passado, foi o primeiro alvo, com US$ 400 milhões (cerca de R$ 2 bilhões) em financiamento cortados no mês passado, incluindo bolsas de pesquisa.

“A declaração de Harvard hoje reforça a preocupante mentalidade de direito que é endêmica nas universidades e faculdades de maior prestígio de nosso país — que o investimento federal não vem com a responsabilidade de defender as leis de direitos civis”, escreveu em um comunicado a força-tarefa multidisciplinar do governo americano encarregada de revisar contratos federais com a Universidade.

As exigências feitas a Harvard foram mais severas do que as da Universidade Columbia, que cedeu às exigências depois que o governo Trump disse que estava congelando US$ 400 milhões em financiamento federal à instituição. A universidade então concordou em proibir máscaras, expandir os poderes da polícia do campus e nomear um vice-reitor sênior para supervisionar o departamento de Estudos do Oriente Médio, Sul da Ásia e África.

Harvard, por sua vez, tem enfrentado uma pressão da comunidade em Cambridge para resistir às exigências, com passeatas quase que diárias, segundo o jornal Washington Post. Em editorial recente, o jornal estudantil Harvard Crimson afirmou: “Harvard deveria trabalhar com outras universidades para reagir, liderando a luta contra os ataques implacáveis ​​do governo Trump ao ensino superior”.

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