Brexit contra o tempo: May pede apoio do Parlamento para alcançar acordo
Com o prazo para deixar a UE cada vez mais próximo, Theresa May tenta renegociar o acordo com membros do bloco enquanto é pressionada pelo Parlamento
AFP
Publicado em 13 de fevereiro de 2019 às 08h30.
Última atualização em 13 de fevereiro de 2019 às 08h31.
A primeira-ministra britânica Theresa May insistiu nesta terça-feira diante dos deputados que "precisa de tempo" para discutir com a União Europeia (UE) as alterações do acordo sobre o Brexit que possam satisfazer seu Parlamento - mantendo a incerteza sobre as modalidades do divórcio.
Desde a rejeição contundente em janeiro deste acordo de retirada por parte dos deputados, May tenta reabrir as negociações com Bruxelas para elaborar uma nova versão do texto, mas até agora enfrentou o rechaço de seus homólogos europeus, conforme se aproxima a data do Brexit, marcado para 29 de março.
"Após chegarmos a um acordo com a UE sobre as negociações adicionais, agora precisamos de mais tempo para fechar o processo", afirmou diante da Câmara dos Comuns.
"Quando tivermos realizado os progressos necessários, proporemos uma nova votação" sobre o acordo para sair da UE, garantiu sem dar detalhes.
May acrescentou que teria novos encontros com alguns dirigentes dos outros 27 países da UE na terça e ao longo da semana.
Deixar o tempo passar
O líder da oposição trabalhista, Jeremy Corbyn, acusou May de "brincar de deixar o tempo passar" para que os parlamentares não tenham alternativas conforme se aproxima o fim do prazo para concretizar o Brexit e, dessa forma, forçá-los a apoiar seu acordo inicial "extremamente imperfeito", para evitar o temido cenário de uma saída sem acordo.
As discussões entre May e os dirigentes europeus se centraram até agora no tema da segurança irlandesa, ou "backstop", com a qual busca-se evitar o retorno de uma fronteira física entre a Irlanda do Norte, britânica, e a República da Irlanda. Este acordo prevê, como último recurso, manter o Reino Unido em uma união aduaneira com a UE.
Mas isso é rechaçado pelos partidários do Brexit, já que, do seu ponto de vista, evitaria que o país rompa relações com a UE. Até agora, os dirigentes europeus se recusam a modificar este ponto.
Contudo, disseram que estão dispostos a modificar a "declaração política" que acompanha o tratado de retirada, um texto não vinculante que descreve a futura relação entre Londres e os 27 membros da UE, mas esta proposta é considerada insuficiente por Londres.
"Boa vontade"
O governo britânico está buscando apoio europeu para uma das três soluções apresentadas: a introdução de uma data-limite para a aplicação do "backstop"; a possibilidade de que o Reino Unido finalize unilateralmente o dispositivo; ou sua substituição por "acordos alternativos".
Para tentar convencer os líderes dos 27, os membros do Executivo britânico multiplicam as discussões. O ministro britânico de Relações Exteriores, Jeremy Hunt, falou com seu homólogo francês Jean-Yves Le Drian em Paris, nesta terça, durante um intercâmbio descrito como "aberto e profundo".
"As duas partes querem um acordo sobre o Brexit que mantenha a amizade entre Reino Unido, União Europeia e França. Portanto, a paciência, a boa vontade quanto ao 'backstop' é um ingrediente indispensável", escreveu no Twitter.
Já o ministro britânico encarregado do Brexit, Stephen Barclay, e David Lidington, número 2 do governo, tinham previsto discutir com os deputados europeus em Estrasburgo.
Stephen Barclay se reuniu na noite de segunda em Bruxelas com o negociador da UE, Michel Barnier, com o objetivo de tentar encontrar uma saída.
"Está claro de nosso lado que não vamos reabrir o acordo de retirada, mas vamos continuar nossas discussões nos próximos dias", afirmou Barnier ao fim da reunião, na qual afirmou ter tido diálogos "construtivos".