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Boris Johnson vence disputa para ser novo primeiro-ministro do Reino Unido

Vitória leva o Reino Unido em direção ao Brexit e a uma crise constitucional

Boris Johnson é escolhido o novo premiê do Reino Unido (Toby Melville/Reuters)

Boris Johnson é escolhido o novo premiê do Reino Unido (Toby Melville/Reuters)

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Reuters

Publicado em 23 de julho de 2019 às 08h31.

Última atualização em 25 de julho de 2019 às 14h01.

Londres — Boris Johnson, fervoroso político a favor do Brexit que prometeu efetivar a separação entre Reino Unido e União Europeia com ou sem acordo até 31 de outubro, irá substituir Theresa May no cargo de primeiro-ministro do Reino Unido após vencer a disputa pela liderança do Partido Conservador, nesta terça-feira.

A vitória leva o Reino Unido em direção ao Brexit e a uma crise constitucional, já que parlamentares britânicos votaram para derrubar qualquer governo que tente deixar o bloco sem um acordo.

Johnson, principal nome da campanha pelo Brexit no referendo em 2016, recebeu 92.153 votos de seus colegas de partido. Seu rival, o secretário das Relações Exteriores Jeremy Hunt, recebeu 46.656 votos.

Brexit

O Brexit estava programado inicialmente para 29 de março, mas foi adiado para 31 de outubro. O primeiro grande problema do novo premiê é ser capaz de manter a maioria no Parlamento de 650 membros. May governou graças ao apoio dos dez deputados do Partido Unionista Democrático (DUP, na sigla em inglês), que defendem a união da Irlanda do Norte com o Reino Unido.

A saída da UE criou um problema aparentemente sem solução. Ao deixar o mercado comum europeu, Londres precisa restabelecer a fronteira física entre a Irlanda (parte da UE) e a Irlanda do Norte. Na prática, significa instalar postos de aduana para fiscalizar a passagem de mercadorias - o que prejudica a livre circulação e afeta a economia em ambos os lados.

Restabelecer postos de controle também pode ressuscitar um conflito histórico. O Tratado da Sexta-Feira Santa, que pacificou a região, em 1998, determina expressamente que não pode haver fronteira física na ilha. Por isso, May inventou um mecanismo chamado "backstop", pelo qual a Irlanda do Norte permanece no mercado comum até que se encontre uma solução para o controle aduaneiro.

O problema é que o DUP não aceita que a Irlanda do Norte viva sob um regime comercial diferente do Reino Unido - o partido considera o "backstop" uma unificação de fato da Irlanda. Johnson já descartou o mecanismo. A UE respondeu, afirmando que não renegociará o tratado de saída. Assim, o Reino Unido se aproxima perigosamente de um Brexit sem acordo, o que afetaria ainda mais a já combalida economia britânica.

No fim de semana, Johnson disse que a solução para o problema será uma tecnologia que ainda não existe. "Se eles (americanos) conseguiram retornar da Lua à atmosfera da Terra, em 1969, com um código informático artesanal, poderemos resolver o problema de um comércio sem atrito na fronteira da Irlanda do Norte", escreveu ele em sua coluna no jornal Telegraph.

A solução não convenceu muitos membros do partido, que ensaiam uma debandada. Na segunda-feira, 22, o secretário para a Europa, Alan Duncan, renunciou diante da iminente vitória do ex-chanceler. "Johnson é a última pessoa que poderia obter progressos na negociação com a UE", disse. Philip Hammond, secretário do Tesouro, e David Gauke, secretário de Justiça, também anunciaram que farão o mesmo nesta terça, assim que Johnson for confirmado como premiê.

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