Startups desafiam o bilionário Sam Zell nos "guarda-móveis"
O bilionário Sam Zell tem a maior empresa de "guarda-móveis" do Brasil. Mas um grupo de startups pretende desafiá-lo
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Cordeiro, da GoodStorage: preço mais baixo dos imóveis facilitou o investimento (Germano Luders/Exame)
Publicado em 31 de março de 2016, 16h18.
São Paulo — O bilionário americano Sam Zell, um dos maiores investidores imobiliários do mundo, fez fortuna acertando o melhor momento para comprar e vender imóveis em dezenas de países.
Nos Estados Unidos, vendeu sua empresa de prédios comerciais, a Equity Office Properties, por 39 bilhões de dólares no auge da euforia do mercado, em 2007 — pouco depois, o setor enfrentou sua maior crise em décadas.
No Brasil, já investiu na incorporadora Gafisa, na administradora de shoppings BR Malls e em 2011 surpreendeu: comprou uma empresa de armazenamento de bens (ou, no popular, “guarda-móveis”), a GuardeAqui. A surpresa se deveu a um fato bastante simples — não havia um mercado estruturado de guarda-móveis no Brasil, além de uns poucos galpões espalhados pelas principais capitais.
Hoje, a empresa de Zell tem 12 armazéns em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais — neles, empresas e indivíduos guardam de tudo, desde móveis e documentos até mercadorias não vendidas. O crescimento de uma pioneira costuma trazer, a reboque, uma nova leva de competidores.
É o que está acontecendo agora nesse segmento: os pequenos querem destronar o maior magnata do mercado imobiliário mundial. A mais agressiva das novatas é a GoodStorage, controlada por dois fundos, o brasileiro HSI e o americano Evergreen. Os fundos investiram 150 milhões de dólares na empresa em dezembro de 2013 e já abriram seis armazéns.
O plano é inaugurar mais quatro até o fim do ano e investir mais 200 milhões de reais em aquisições em 2017. “Este é um bom momento para comprar terrenos e começar a construir, porque os preços estão mais baixos com a crise. Quem está capitalizado tem uma vantagem”, diz Thiago Cordeiro, presidente da companhia. A rivalidade entre a GoodStorage e a GuardeAqui nasce cheia de veneno.
Segundo os inimigos de Cordeiro, a GoodStorage só foi criada porque ele teve acesso a dados da GuardeAqui e, com isso, atraiu investidores mais facilmente. Antes da GoodStorage, Cordeiro trabalhou na área imobiliária do banco BTG Pactual, que assessorava a GuardeAqui na captação de recursos.
Na versão da concorrência, Cordeiro gostou tanto do que viu que decidiu, ele mesmo, abrir uma empresa nesse setor. Em resposta aos críticos, ele diz que sempre teve o plano de montar uma empresa e que tem dez anos de experiência no mercado imobiliário.
Antes do BTG, foi diretor comercial da Bracor, empresa de investimento em imóveis que teve Sam Zell entre os sócios (BTG e GuardeAqui não comentaram). Cordeiro é acionista minoritário da GoodStorage, mas cabe a ele a gestão do negócio. Outras empresas estão tentando ganhar espaço.
A gestora de fundos Pátria comprou, em 2015, a empresa de armazenamento Kipit, que tem duas unidades em São Paulo e pretende terminar o ano com cinco. A empresa imobiliária TRX criou a Metro Fit, com quatro depósitos no estado de São Paulo e planos de inaugurar mais dois até dezembro.
Por trás desse movimento está a percepção de que a demanda vai crescer quando a economia brasileira se recuperar. Por isso, dizem, este é o momento de comprar terrenos e construir, para ter os galpões prontos quando os clientes tiverem dinheiro para gastar.
“Investimos nesse tipo de serviço em outras partes do mundo e vimos que esse mercado é pouco desenvolvido no Brasil, o que é uma oportunidade”, diz Tom Conway, diretor da Evergreen no Brasil. Os americanos são os principais usuários desses armazéns. Nos Estados Unidos, existe uma média de 70 metros quadrados de depósitos para cada 100 habitantes.
Uma família típica costuma alugar depósitos para guardar equipamentos de esqui que são usados apenas uma vez por ano, móveis antigos ou mesmo para colecionar objetos. Há também demanda de pequenas empresas que não conseguem manter um armazém próprio. Lá, as maiores empresas do setor têm capital aberto e valem de 5 bilhões a 45 bilhões de dólares.
A procura por esses serviços é menor em países emergentes, mas, ainda assim, o Brasil está na lanterna: há apenas 0,2 metro quadrado de depósitos para cada 100 habitantes. Executivos do setor acreditam que, com algum marketing, poderão atrair clientes que costumam usar a casa da praia ou um quartinho no apartamento da sogra para guardar o que usam pouco.
Além disso, com a crise, algumas empresas podem conseguir reduzir custos usando depósitos terceirizados. Hoje, esse é o único segmento do mercado imobiliário que continua em expansão. O faro de Sam Zell continua apurado, pelo visto — mas, agora, ele não está mais sozinho.
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