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A euforia continua nos imóveis

Casas, apartamentos, escritórios e fundos imobiliários que aplicam em hotéis valorizaram até 62% no último ano

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 Perdizes, em São Paulo: o bairro que mais valorizou (Germano Lüders/EXAME.com)

Perdizes, em São Paulo: o bairro que mais valorizou (Germano Lüders/EXAME.com)

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Alexandre Moschella

Publicado em 6 de outubro de 2011, 19h22.

São Paulo - O mercado imobiliário brasileiro não para de dar demonstrações de resistência. A valorização de imóveis residenciais e de fundos imobiliários nos últimos 12 meses ficou em torno de 20%. Os aluguéis de escritórios subiram 13% no mesmo período — e em locais como a Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, a alta passou de 50%.

Quais podem ser os efeitos da piora da crise global para esse mercado? Se a desaceleração da economia brasileira for moderada e o PIB tiver uma expansão em torno de 3,5% neste e no próximo ano, como espera hoje a maioria dos analistas, o impacto deve ser pequeno. Veja, a seguir, como foi o desempenho dos principais investimentos imobiliários do mercado e o que esperar para os próximos meses.  

Fundos

O fundo imobiliário que mais rendeu no último ano foi o Maxinvest, que aplica em hotéis em São Paulo. A alta, de 62%, é explicada pelo aumento das receitas e da rentabilidade dos hotéis, que estão apresentando as maiores taxas de ocupação da década.

A perspectiva para os próximos meses é positiva, porque espera-se que o país receba mais turistas com a Copa e a Olimpíada. Outros fundos imobiliários negociados em bolsa, que investem em shoppings e imóveis comerciais, também tiveram bons resultados.

Em média, o rendimento foi de 23% nos últimos 12 meses e apenas dois, entre as 28 carteiras analisadas, desvalorizaram — o Grand Plaza Shopping e o Memorial Office, segundo um levantamento da gestora Rio Bravo. Uma vantagem desse tipo de investimento é o fato de ele ser isento de imposto de renda.

O conselho dos especialistas para quem pretende aplicar nesse mercado é escolher gestores com um bom histórico de desempenho. “Quando o fundo compra imóveis de diferentes perfis, fica mais difícil para o investidor avaliar o risco e a perspectiva de retorno”, diz o consultor Sérgio Belleza, especialista no setor.

Escritórios

Quem aplicou em escritórios de alto padrão no último ano ganhou dinheiro. Em média, os aluguéis aumentaram 13% em São Paulo, Brasília, Salvador, Porto Alegre, Vitória, Curitiba e Rio de Janeiro. A valorização se deve à escassez de salas nas principais cidades do país.


O risco é haver uma desaceleração mais forte da economia, provocada pela piora da crise mundial, o que reduziria a procura por escritórios. “No mercado imobiliário, o setor de escritórios é o mais sensível a um desaquecimento econômico porque as empresas costumam se ajustar rapidamente a mudanças de expectativa”, diz André Rosa, diretor da consultoria imobiliária Jones Lang LaSalle.

Residências

os preços das casas e dos apartamentos nas principais cidades do país subiram, em média, 25% em 12 meses, de acordo com a pesquisa EXAME/Ibope. Foi uma valorização superior à registrada nos 12 meses anteriores, mas números recentes do setor indicam que a alta generalizada de preços pode perder força daqui para a frente.

Em São Paulo — onde fica o bairro que mais valorizou no período, Perdizes —, as vendas de imóveis novos caíram 50% no primeiro trimestre, ante o mesmo período de 2010.

“Quem for aplicar nesse mercado nos próximos meses deve procurar bairros em que haja escassez de terrenos, como Leblon, no Rio de Janeiro, e onde não exista previsão de lançamento de novos condomínios”, diz o economista Luiz Roberto Calado, autor de livros sobre imóveis. 

Para correr menos risco

Quem quer correr menos riscos no mercado imobiliário pode optar pelos títulos de renda fixa Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI). Ambos são isentos de imposto e é possível investir neles com 10 000 reais, embora haja mais alternativas acima de 100 000 reais.

A LCI aplica em créditos imobiliários e conta com a garantia do banco que emite o título — se algo der errado, a instituição garante o principal e o rendimento. O retorno médio é de 12% ao ano.

O CRI investe em títulos que representam valores que uma empresa tem a receber, como pagamentos de aluguéis. Não há a garantia do banco, mas o rendimento é maior, de 14%. Há CRIs que pagam a variação da inflação mais 8,5% ao ano.