Mercado imobiliário

Brasileiro diz que foi enganado ao vender mansão com desconto ao multibilionário Jeff Bezos

Leo Kryss, cofundador da Tectoy, não sabia que estava fazendo a venda ao fundador da Amazon – e afirma que a ocultação da identidade do comprador prejudicou o valor de venda do imóvel de luxo em Miami

Jeff Bezos, fundador da Amazon, está envolvido em polêmica na compra de casa de empresário brasileiro em Miami. (Leonard Ortiz/Getty Images)

Jeff Bezos, fundador da Amazon, está envolvido em polêmica na compra de casa de empresário brasileiro em Miami. (Leonard Ortiz/Getty Images)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 11 de setembro de 2024 às 10h29.

Última atualização em 11 de setembro de 2024 às 17h38.

O empresário brasileiro Leo Kryss, cofundador da fabricante de brinquedos Tectoy, está movendo um processo contra a corretora imobiliária Douglas Elliman, responsável pela venda de sua mansão em Indian Creek, Miami, para Jeff Bezos, fundador da Amazon. Kryss afirma que não ter sido informado de que Bezos era o comprador o fez vender o imóvel por um valor inferior ao que ele poderia ter conseguido. A propriedade, inicialmente listada por R$ 480,1 milhões (US$ 85 milhões), foi vendida por R$ 447 milhões (US$ 79 milhões), resultando em uma diferença de R$ 33,96 milhões (US$ 6 milhões).

De acordo com a Business Insider, a mansão, localizada em uma das áreas mais exclusivas de Miami, foi vendida em junho de 2023, meses após Bezos adquirir uma outra propriedade ao lado por R$ 384,88 milhões (US$ 68 milhões). Indian Creek, conhecida como "Billionaire Bunker" por abrigar algumas das pessoas mais ricas do mundo, incluindo Tom Brady e Jared Kushner, é uma ilha privada com segurança reforçada e propriedades avaliadas em dezenas de milhões de dólares. Ao todo, a ilha conta com 41 lotes ao redor do Indian Creek Golf Club

Kryss colocou sua propriedade à venda em maio de 2023. A casa, com sete quartos, incluía diversas comodidades, como cinema particular, adega, biblioteca e piscina. Apesar de suspeitar que Bezos estava interessado no imóvel, Kryss foi informado pela Douglas Elliman que o comprador não era o fundador da Amazon e que a oferta máxima seria de R$ 447 milhões (US$ 79 milhões). Com a venda concluída por esse valor, Kryss alega que a omissão da intenção de Bezos de adquirir propriedades vizinhas o privou de obter um preço mais elevado.

Sigilo da identidade

No processo, Kryss afirma que a identidade do comprador era uma informação crucial para a negociação. A corretora Douglas Elliman recebeu mais de R$ 16,98 milhões (US$ 3 milhões) em comissão pela transação. O empresário brasileiro também menciona que o envolvimento de Celine Klepach, filha do prefeito de Indian Creek e corretora da Douglas Elliman à época, pode ter influenciado no processo. Klepach, no entanto, deixou a corretora logo após a conclusão da venda e negou envolvimento direto na transação.

Não é incomum que compradores de alto patrimônio, como Bezos, ocultem suas identidades em negociações imobiliárias para evitar que o valor do imóvel seja inflacionado. Indian Creek, que foi considerada em 2021 o bairro mais caro dos Estados Unidos, é um exemplo dessa prática comum no mercado de luxo. Com forte segurança e lotes exclusivos, o local é altamente cobiçado por bilionários que buscam privacidade e conforto em um dos destinos mais caros do mundo.

Leo Kryss busca, no tribunal, compensação financeira pela suposta perda de valor causada pela falta de transparência na negociação. Bezos, que agora possui três propriedades na ilha, incluindo uma adquirida por R$ 509,4 milhões (US$ 90 milhões) em abril de 2024, segue expandindo suas posses em Indian Creek, enquanto a disputa judicial entre Kryss e a corretora Douglas Elliman avança.

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