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O fenômeno pet: como nossos companheiros de quatro patas se incorporam ao nosso estilo de vida

Taiza Krueder, CEO do Clara Resorts, traça um panorama sobre o mercado pet no Brasil e explica por que redes como o Clara Resorts estão investindo no setor de hotelaria pet friendly

Mercado pet: Brasil ocupa fica atrás apenas dos Estados Unidos e da China (Getty Images/Divulgação)

Mercado pet: Brasil ocupa fica atrás apenas dos Estados Unidos e da China (Getty Images/Divulgação)

Taiza Krueder
Taiza Krueder

CEO do Grupo Clara Resorts

Publicado em 5 de janeiro de 2024 às 16h30.

Última atualização em 8 de janeiro de 2024 às 11h33.

O cenário pandêmico global não apenas alterou radicalmente o modo como vivemos mas também provocou uma mudança significativa nas dinâmicas familiares, levando muitos a acolherem novos membros de quatro patas em seus lares. Eu mesma, que sempre fui avessa à ideia, sucumbi a essa irresistível tentação.

São mais animais de estimação do que crianças nos lares brasileiros, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) revela que o país abriga aproximadamente 144,3 milhões de pets, sendo 55,9 milhões de cães e 25,6 milhões de gatos.

Setor pet no Brasil

Os números do mercado pet no Brasil são impressionantes. Projeções indicam que o setor movimentou cerca de R$ 67,4 bilhões em 2023, com crescimento de 12% em relação ao ano anterior. O Brasil ocupa o terceiro lugar nesse segmento global, representando 4,95% do mercado, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da China.

Os pets são mais do que membros da família: eles estão se infiltrando em todos os aspectos da vida cotidiana, desde a presença em hotéis, shoppings e restaurantes, até no disputado mundo da moda. Os filhos de quatro patas tornaram-se uma extensão do estilo de vida de seus tutores.

A ostentação relacionada a animais não é uma novidade. Cavalos, durante muito tempo, emprestaram seu charme a marcas como Hermès e Polo Ralph Lauren. O que testemunhamos nos últimos anos é uma expansão dessa tendência para os cães. O mercado de luxo não apenas capitalizou sobre essa tendência mas também enfatizou o apêndice ao estilo de vida de seus donos.

Marcas renomadas como Hugo Boss, Celine, Prada e até a icônica Hermès, lançaram suas próprias linhas caninas. Casacos e jaquetas da Moncler, bolsa de viagem da Louis Vuitton e acessórios para pets da Versace são exemplos que refletem esse fenômeno em expansão. Eu mesma, confesso: já comprei para o Simba uma sacola de viagem da Hugo Boss. Ele roeu toda a coleira que veio junto!

A indústria não se limita apenas à moda; ela abraça a tecnologia como aliada. Das coleiras equipadas com AirTag às sacolas de transporte que se transformam em casinhas, os comedouros com balanças integradas — cujos dados auxiliam no monitoramento de peso —, passando pelos gadgets, que entendem o comportamento dos pets e fornecem informações personalizadas sobre queima calórica, qualidade do sono, aumento de latidos e coceiras. Esses são exemplos de como a tecnologia está atrelada ao cuidado, monitoramento dos hábitos e comportamentos desses membros peludos da família.

Os tutores se dividem entre aqueles que buscam raças exclusivas como símbolo de status, aqueles que preferem a raça da moda ou, ainda, os que optam por adotar em abrigos. A diversidade desse mercado reflete a crescente importância dos pets em nossa sociedade.

Seja qual for a raça, eles estão presentes em todos os setores, criando um mercado próprio ou se adaptando aos que já existem. No Brasil, já temos creches onde os pets podem ficar enquanto os donos trabalham e hotéis para aqueles que não podem viajar com seus tutores. Em São Paulo, existe até uma padaria só com gostosuras para eles.

E se a opção for ir junto, o setor de hotelaria pet friendly cresce proporcionalmente. Na minha rede de resorts, adequamos as políticas para incluí-los. As companhias aéreas também se ajustaram, embora com restrições específicas. A American Airlines, por exemplo, só aceita cães na classe econômica.

Em meio a essa ascensão da cultura pet, surge a questão dos limites entre a elegância e o exagero. O mercado está saturado de opções que variam do chique ao potencialmente ridículo. É vital adotar uma abordagem equilibrada, apreciando essa tendência, mas usando-a com moderação para evitar cair nas armadilhas dos excessos.

Independentemente das preferências individuais, a cultura pet veio para ficar. A tecnologia atrelada ao cuidado desses membros peludos é apenas uma faceta desse fenômeno em constante evolução. A linha entre o elegante e o excessivo pode ser tênue, mas uma coisa é certa: os pets tornaram-se uma parte indelével de nossa vida contemporânea.

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