
Ouro pode voltar a se fortalecer com nova queda do dólar, avalia EXAME Gavekal (Getty Images/Getty Images)
Apesar da ameaça da segunda onda da pandemia, a economia mundial encerra o ano com perspectivas mais sólidas de recuperação, em meio ao desfecho da eleição americana e à aprovação de vacinas contra o novo coronavírus. Um dos reflexos naturais será o aumento dos juros de médio e longo prazo, na medida em que a atividade econômica se normaliza. Quais serão os efeitos desse movimento? E, mais importante, como se posicionar? São respostas apresentadas pelo novo relatório da EXAME Gavekal Research, a parceria da casa de análises da EXAME com uma das maiores consultorias em economia global.
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"Conforme o mundo volta ao normal -- seja em 3, 6 ou 12 meses a partir de agora --, uma expectativa óbvia é que os juros dos títulos retornem aos níveis anteriores à covid-19", escreve Louis Gave, fundador e atual CEO da Gavekal Research.
Gave nota que, na década anterior à pandemia, os juros de 10 anos dos Treasuries (os títulos do Tesouro americano) foram em média de 2,4%. Com a chegada da pandemia e das medidas de lockdown, os juros caíram para 0,52%. Neste fim de ano (uma semana atrás), haviam subido para 0,95%. Isso significa que, se os rendimentos dos títulos voltarem a ficar apenas um desvio-padrão abaixo de sua média na década passada, haverá um aumento de 90 pontos-base (0,9 ponto percentual) nas taxas, para 1,85% ao ano.
"Isso significa quase o dobro dos custos de financiamento do governo dos Estados Unidos -- com dramático aumento para outros governos ocidentais", afirma o CEO da Gavekal.
A normalização dos juros pode trazer um desafio gigantesco para as economias ricas que ampliaram seu endividamento para bancar essencialmente pagamentos a famílias e empresas impactadas pela crise econômica com a pandemia. O fundador da Gavekal destaca que 17 trilhões de dólares no mundo são negociados com juros negativos.
Diante desse cenário, Louis Gave avalia como o Fed (o banco central americano) e outros BCs de economias desenvolvidas irão reagir e aponta dois caminhos mais prováveis. No primeiro, o Fed permite que os juros subam, o que fará com que a "impressionante recuperação" de novembro de ações do setor financeiro não tenham efeito apenas duradouro. "Nesse sentido, ter opções de compra fora-do-dinheiro no setor financeiro (...) pode ser a melhor proteção contra o risco de cauda de um aumento contínuo na taxa de juros."
Por outro lado, avalia Gave, o banco central americano pode optar pelo controle da curva de juros, para evitar que o custo de financiamento do Tesouro americano tenha aumento significativo. A hipótese ganha força quando se nota que a próxima secretária do Tesouro será Janet Yellen, que ocupou justamente a presidência do Fed -- um alinhamento não seria de todo descabido.
Essa escolha traria implicações para o dólar, reforçando o apelo de outros ativos considerados reserva de valor. "Nesse sentido, ter opções de compra de ouro e prata fora-do-dinheiro pode ser a proteção contra o 'risco de cauda' dos controles da curva de juros", diz o experiente economista.
Qual das alternativas parece mais provável? Louis Gave oferece a sua avaliação diante dos acontecimentos das últimas semanas. Leia mais no relatório completo da EXAME Gavekal Research.