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Petrobras: suspeita de insider trading antes de mudança na presidência

Investidor comprou 4 milhões de opções de venda de ações da estatal horas antes do anúncio de mudanças na empresa, o que fez as cotações despencarem, segundo o jornal O Globo

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Petrobras: empresa pode ter novo CEO com decisão tomada pelo presidente Jair Bolsonaro (Paulo Whitaker/Reuters)

Petrobras: empresa pode ter novo CEO com decisão tomada pelo presidente Jair Bolsonaro (Paulo Whitaker/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 2 de março de 2021 às, 16h27.

Última atualização em 4 de março de 2021 às, 09h58.

O caso explicado em 3 pontos:

  • Um investidor comprou 4 milhões em opções apostando na queda das ações da Petrobras
  • A forte queda aconteceu nos dois pregões seguintes, com declarações de mudança na estatal e, depois, com a troca do CEO
  • A liquidação dos contratos pode ter gerado um ganho de até 18 milhões de reais

Declarações de mudanças na Petrobras (PETR3, PETR4) foram antecedidas por operações atípicas no mercado de opções com ações da estatal. As informações são da jornalista Malu Gaspar, em matéria publicada no jornal O Globo nesta terça-feira, dia 2. A suspeita é que tenha havido o uso de informação privilegiada (insider trading), o que é crime.

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Segundo a matéria, duas operações realizadas no fim da tarde no dia 18 compraram 4 milhões de opções de venda da ação preferencial (PETR4) da Petrobras, a PETRN265. As opções, que seriam liquidadas na segunda seguinte, dia 22, previam a venda desses papeis da Petrobras pelo preço de 26,50 reais. A ação fechou na quinta a 29,27 reais.

Na opção de venda, o investidor aposta que uma cotação vai ficar mais barata para comprar o papel à vista por um preço menor do que o da liquidação do contrato, embolsando a diferença de valores como lucro. Se a cotação ficar acima, ele terá que comprar por um preço mais alto e arcar com a diferença.

Foi um volume atípico: até então, o maior lote negociado de PETRN265 abrangia 86,3 mil contratos. Os 4 milhões de contratos foram negociados por 160.000 reais, ao preço unitário de 0,04 centavos de real, um preço 80% menor do que o de lançamento porque o vencimento da opção estava muito próximo, e a cotação, acima do valor de liquidação.

Naquela tarde, pouco antes das operações atípicas, o presidente Jair Bolsonaro participou de uma reunião com alguns de seus principais ministros para tratar justamente da questão dos preços dos combustíveis.

No início da noite da quinta-feira, dia 18, Bolsonaro afirmou em live que mudanças iriam acontecer na Petrobras nos próximos dias. As ações preferenciais caíram 6,6% na sexta-feira, 19, em reação aos comentários feitos pelo presidente: passaram de 29,27 reais para 27,33 reais. Ainda acima, portanto, do preço fixado para liquidação das opções. Quem comprou os 4 milhões de contratos acabaria amargando um prejuízo com o preço naquele patamar.

Mas na sexta à noite Bolsonaro oficializou a decisão de mudança: demitiria Roberto Castello Branco para substituí-lo pelo general Joaquim Silva e Luna. Na segunda-feira, 22, data de vencimento das opções, as ações preferenciais da Petrobras despencaram logo na abertura: a queda aproximada de 20% se manteve ao longo de quase todo o pregão. No fim do dia, a ação estava negociada a 21,67 reais.

As opções de ações são liquidadas em geral até às 13h do dia do vencimento. Naquele dia, segunda-feira, 22, com o preço de fechamento como referência, o investidor de posse dos 4 milhões de opções -- caso todas tenham sido mantidas até aquela data -- pode ter conseguido embolsar até 18 milhões de reais com a execução dos contratos, segundo a matéria do Globo.

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