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Por que o Tesouro IPCA+ e os títulos prefixados estão perdendo valor?

Investidores que aplicaram em títulos do IPCA+ ou em prefixados estão colhendo uma desvalorização de até 25% em 12 meses. Entenda o que é a marcação a mercado e por que ela afeta a renda fixa

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A marcação a mercado reflete a mudança de cenário, e isso tem sido má notícia principalmente para o Tesouro IPCA+ e prefixado | Crédito: Thinkstock (./Thinkstock)

A marcação a mercado reflete a mudança de cenário, e isso tem sido má notícia principalmente para o Tesouro IPCA+ e prefixado | Crédito: Thinkstock (./Thinkstock)

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Bianca Alvarenga

Publicado em 7 de dezembro de 2021 às, 16h54.

Última atualização em 7 de dezembro de 2021 às, 17h06.

Os investidores que aplicam nos títulos do Tesouro Direto já estão habituados (ou deveriam estar) ao conceito de marcação a mercado. Esse termo refere-se ao cálculo diário dos preços dos ativos no mercado secundário, já que todos os títulos públicos possuem liquidez para resgate — ou seja: o investidor que quiser sair da aplicação antes do vencimento pode fazer isso repassando o título para outras mãos.

É elementar que quem comprar um título hoje, com a Selic em 7,75% e a inflação acima dos 10%, encontrará uma situação bem diferente da de quem fez a mesma compra um ano atrás, quando os juros básicos estavam em 2% e o IPCA não passava dos 5%.

A marcação a mercado reflete a mudança de cenário, e isso tem sido má notícia principalmente para os títulos prefixados e atrelados aos índices de inflação.

Veja abaixo os títulos do Tesouro que mais perderam valor no ano:

Por que a marcação a mercado afeta o rendimento do Tesouro?

Pode parecer um contrassenso o fato de os títulos atrelados ao IPCA perderem valor justamente quando o indicador está disparando. É o oposto do que ocorre, por exemplo, quando a Selic sobe — basta observar o desempenho dos títulos do Tesouro atrelados ao juro básico. Com o salto da taxa de juro nos últimos meses, esses títulos tomaram posições entre os que mais ganharam valor em 2021.

Para entender por que isso acontece, é importante revisitar a composição de rendimento dos títulos. No caso dos ativos da classe IPCA+, o retorno é calculado com base em duas variáveis: uma taxa, que varia diariamente, e o valor acumulado do IPCA no período. Se a inflação sobe, a parte fixa do título acompanha.

"Quando a inflação sobe forte, como aconteceu agora, o mercado começa a reprecificar a alta da Selic, que é a principal ferramenta para conter a disparada dos preços. O juro real, então, fica maior, e o investidor que comprou o título nos meses anteriores passa a receber menos do que quem comprou o título mais recentemente", explica Marilia Fontes, especialista em renda fixa e sócia da casa de análise Nord Research.

É essa a desvalorização que a marcação a mercado capta. No entanto, trata-se de uma desvalorização "virtual", já que o investidor que carregar o título até o vencimento receberá exatamente o que foi acordado no momento da aplicação (ou seja: receberá a taxa + a variação do IPCA nesse período).

A lógica dos prefixados guarda diferenças e semelhanças com a do IPCA+. Ao contrário dos títulos de inflação, cujo rendimento é híbrido, o rendimento dos prefixados é totalmente contratado por meio de uma taxa fixa no momento da aplicação. Essa taxa, no entanto, varia diariamente.

A alta da inflação levou a um aumento da taxa dos prefixados, porque os investidores passam a esperar um aumento da Selic pelo Banco Central, no futuro, para conter os preços. Como os títulos têm vencimento longo, essa mudança nos juros precisa estar calculada de alguma forma no preço presente.

Assim como no caso do IPCA+, quem comprar um título prefixado hoje terá uma taxa melhor do que quem comprou o mesmo título um ano atrás, ainda que o prazo de resgate seja o mesmo.

Médio ou longo prazo?

"Quanto mais longo for o vencimento do título, mais sensível será o preço à variação dos juros. Mesmo aqueles que vencem daqui a cinco, dez ou 20 anos deverão ter o valor presente descontado", explica Odilon Costa, analista de renda fixa e crédito privado do BTG Pactual digital.

Ele lembra, no entanto, que a aceleração dos juros e o cenário de incertezas do curto e médio prazo levaram a um quadro diferente nas taxas. Títulos longos estão pagando o mesmo que títulos médios, dado o prêmio de risco exigido para aqueles que têm um vencimento nos próximos dez anos. É importante lembrar que teremos eventos importantes e imprevisíveis nesse período, como a mudança de política monetária nos Estados Unidos e as próprias eleições presidenciais no Brasil.

Para ilustrar o caso das taxas, basta observar o retorno dos títulos IPCA+ com juros semestrais com vencimento em 2035 e 2045: embora tenham uma década de diferença no prazo de resgate, ambos estão atualmente pagando uma taxa de 5,15% + o IPCA do período.

"Não compensa tomar tanto risco de mercado para ter pouco ganho de carrego. Nossa recomendação é que o investidor aproveite a 'gordura' nas taxas em títulos da parte curta da curva de juros, ao invés de buscar prêmios mais elevados no longo prazo", aconselha Costa, do BTG.

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