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Seu fundo perdeu dinheiro com Americanas (AMER3)? BTG diz o que fazer

Fundos de ações e de crédito reduziram exposição à companhia; produtos de renda fixa pós-fixada foram os mais afetados, diz relatório

Americanas: problemas na contabilidade da empresa provocaram perdas em fundos de investimentos (Leandro Fonseca/Exame)

Americanas: problemas na contabilidade da empresa provocaram perdas em fundos de investimentos (Leandro Fonseca/Exame)

Publicado em 10 de fevereiro de 2023 às 15h37.

Última atualização em 26 de fevereiro de 2023 às 10h44.

O rombo encontrado nas contas da Americanas repercutiu em todo o mercado. Fundos que tinham alguma posição na empresa, em ações ou títulos de dívida, estiveram entre os afetados. Apesar das potenciais perdas causadas, analistas do BTG Pactual avaliam que esse não deve ser um motivo isolado para o investidor comprar ou vender a cota de um determinado fundo.

"Nós desencorajamos os investidores a negociar eventos societários, como os acontecimentos com Americanas, via cota de fundos de investimentos, isto é, solicitando resgate na tentativa de frear eventuais impactos no portfólio", afirmou o relatório assinado pela analista de fundos do BTG Juliana Machado.

Essa decisão, ressaltou a analista, "é tipicamente tomada por quem investe diretamente nos ativos, e não via fundos".

Pesquisa do BTG apontou que a maioria dos principais fundos de ações e crédito tinham menos de 5% de exposição à Americanas. Após a série de eventos, os maiores fundos de ações venderam suas participações, enquanto os de crédito venderam debêntures ou mantiveram os papéis, dado o valor de face próximo de zero.

Um dos destaques negativos entre os fundos de ações foi o da Moat Capital, que detinha a maior participação entre os os principais fundos da indústria. Sua perda acumulada no ano era de 6,25% até o início da semana. A posição, segundo o relatório, já foi zerada.

Já os fundos multimercados, com maior versatilidade, foram os menos afetados pelo caso Americanas, revelou a pesquisa. Pelo contrário, alguns, que tinham posições vendidas (apostavam na desvalorização das ações) chegaram a ter retornos positivos.

Ambev e Light, também passaram por maior desconfiança no mercado, pontuou o relatório. Assim como a Americanas, ambas empresas têm sócios da 3G Capital entre os principais acionistas. Na Ambev, a própria 3G é a controladora e na Light, que busca reestrurar sua dívida, Carlos Sicupira (um dos sócios da 3G) tem cerca de 10% de participação. As posições dos maiores fundos nessas empresas, no entanto, eram pequenas, com a desvalorização de seus respectivos papéis tendo efeitos apenas limitados sobre seus desempenhos.

Quem mais perdeu com a Americanas? 

Por ser um mercado de crédito menor e mais restrito, os que mais sofreraram foram os fundos de renda fixa pós-fixada que detinham debêntures da Americanas. O impacto líquido do caso nos principais fundos da categoria foi de 2 pontos percentuais. O que impediu perdas ainda maiores, disse o relatório, foram as posições diversificadas, que ajudaram a diluir seus efeitos no resultado final.

Fundos com estratégias concentradas em poucos nomes tendem a sofrer mais nesse tipo de caso. Ainda assim, vale mais manter o investimento no fundo do que pedir o resgate, de acordo com o relatório.

"Tais produtos são capazes de contornar momentos de estresse no mercado, se há processo de investimento suficientemente consolidado e um controle de riscos eficiente." Mas a avaliação da qualidade do fundo, apontou a analista, já deveria ter sido feita antes mesmo do aporte inicial.

"O que o investidor obterá ao sair do produto é absorver o impacto de curto prazo do evento, deixando para trás a qualidade do produto
em si e a própria capacidade do gestor de realizar o controle de riscos que dele é esperado em situações dessa natureza", disse.

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