JBS: Companhia deu mais um passo decisivo em direção à sua tão aguardada dupla listagem. (JBS/Divulgação)
Repórter de Mercados
Publicado em 23 de abril de 2025 às 14h04.
Última atualização em 23 de abril de 2025 às 17h26.
A empresa de alimentos JBS (JBSS3) terminou o dia em alta de 6,38% no Ibovespa nesta quarta-feira, 23, logo após ter dado um passo decisivo em direção à sua tão aguardada dupla listagem. Com o preço de R$ 47,66, o valor de mercado da gigante brasileira ultrapassou os R$ 100 bilhões de valor de mercado hoje, de acordo com informações da consultoria Elos Ayta. O feito é inédito e coloca a companhia em um seleto grupo, ao lado de Vale, WEG, Petrobras e Itaú.
Ontem, a companhia informou que recebeu o aval da SEC (Securities and Exchange Commission), reguladora do mercado de capitais dos Estados Unidos, para listar suas ações na Bolsa de Nova York (Nyse).
Desde o anúncio do acordo, as ações da JBS acumulam alta superior a 30%. Com a negociação dos papéis nos EUA, analistas projetam que a companhia possa ser incluída no índice Russell 1000 logo na estreia. Após seis meses, ela poderia se tornar, ainda, candidata ao S&P 500. O movimento atrairia investidores passivos e impulsionaria ainda mais os papéis.
Além disso, mais de dois terços da receita da JBS já vêm de produtos fabricados fora do Brasil, reforçando a lógica de uma listagem primária nos Estados Unidos. Apenas 13% do faturamento da companhia nos primeiros nove meses de 2024 teve como destino o mercado brasileiro.
Gilberto Tomazoni, CEO Global da JBS, afirma que a operação deve aumentar a visibilidade da companhia no cenário internacional, atraindo novos investidores e fortalecendo ainda a posição da empresa como líder global de alimentos. A expectativa é que, ao se aproximar dos múltiplos de valuation de pares globais, como a Tyson Foods, de UR$ 21,90 e UR$, a JBS consiga destravar valor e ampliar sua base de investidores internacionais.
O movimento, que ainda depende de aprovação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), marca um momento histórico para a companhia e anima o mercado, que hoje opera majoritariamente no campo positivo.
O projeto de listagem nos EUA não é novo, mas ganhou tração com a assinatura de um acordo estratégico entre a J&F, holding controladora da empresa, e o BNDESPar, que detém cerca de 20,8% do capital da companhia.
Segundo o acordado, a holding dos irmão Batista oferecerá uma espécie de seguro de até R$ 500 milhões ao banco de fomento, caso as ações da JBS não atinjam determinado patamar de valorização até dezembro de 2026.
Em troca, o BNDESPar se comprometeu a não votar na assembleia. Na prática, ele deixou a decisão nas mãos dos minoritários — grupo que já sinalizou apoio ao plano.