Powell afirma que Fed pode iniciar redução de estímulos até o final do ano
Presidente do banco central americano afirmou, no entanto, que a autoridade monetária não tem pressa em subir as taxas de juros
Modo escuro
Início do tapering não deve levar a uma imediata elevação dos juros, diz Powell | Foto: Al Drago/The New York Times/Bloomberg (Al Drago/The New York Times/Bloomberg)
Publicado em 27 de agosto de 2021, 11h16.
Última atualização em 27 de agosto de 2021, 15h04.
O presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Jerome Powell, afirmou nesta sexta-feira, 27, que o Fed provavelmente deve começar o processo conhecido como ‘tapering’ ainda este ano. Isso significa que a autoridade monetária deve retirar gradualmente seu programa de compra de títulos de 120 bilhões de dólares mensais.
- Abra sua conta no BTG Pactual digital e invista com o maior banco de investimentos da América Latina
Powell discursou esta tarde no Simpósio Jackson Hole, um dos maiores eventos de política monetária do mundo. Em sua fala, justificou a retirada de estímulos com o “progresso substancial” que a economia americana tem apresentado.
O presidente do Fed admitiu que a variante delta do coronavírus representa um risco para a retomada econômica, mas destacou que as perspectivas para o mercado de trabalho americano são positivas, o que pode compensar a desaceleração causada pela variante. A autoridade monetária pretende continuar monitorando o avanço da inflação enquanto busca atingir o nível máximo de emprego.
Por outro lado, Powell deixou claro que o Fed não tem pressa em subir a taxa de juros -- mesmo ao final do tapering -- pois ainda há “muito a se fazer” antes que a economia dos EUA alcance o pleno emprego.
A notícia de que os juros devem continuar baixos renovou a tendência de tomada de risco nos mercados, impulsionando a renda variável nos Estados Unidos e no Brasil. Em Nova York, os índices atingiram novos recordes. O Ibovespa também reagiu positivamente e sobe mais de 1%.
“O discurso abre espaço pro mercado e pros ativos retomarem um pouco a dinâmica positiva até o final do ano. Esperamos uma forte retomada das economias dos EUA e da China no 4º trimestre, o que pode ajudar ativos de risco e até mesmo a bolsa brasileira”, Sérgio Zanini, sócio e gestor da Galapagos Capital.
Zanini, no entanto, reforça que o cenário local pode ser impactado negativamente pelo ciclo de alta de juros do Banco Central e pelos ruídos políticos e fiscais.
Fed mais ‘dovish’
Na avaliação de Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, o tom foi mais dovish do que o esperado, indicando que o Fed mantém uma postura favorável ao estímulo à economia mesmo com o avanço da inflação.
“Ainda que esperássemos gradualismo na fala do Presidente, o Fed reiterou inúmeras vezes a necessidade de se estimular o emprego até seu máximo, o que ainda permanece longe [de ser alcançado] a despeito da inflação elevadíssima”, afirma.
A inflação ao consumidor PCE, índice observado pelo Fed, acelerou para 0,4% na comparação mês a mês e 4,2% na comparação anual para o mês de julho – resultado levemente acima dos 4,1% esperados pelo mercado. Vale lembrar que a meta da inflação do Fed é de 2% ao ano.
A autoridade monetária segue defendendo que a inflação nos Estados Unidos é de caráter temporário. Em seu discurso, Powell reforçou que o cenário inflacionário é causado por um choque de oferta, com a demanda voltando mais rápido do que a oferta de bens e serviços.
“A maior preocupação é com a pressão nos salários, que ainda não se mostrou tão forte quanto no resto da economia. A expectativa é que o mercado de trabalho passe por uma forte retomada a partir de setembro, com o fim dos auxílios do governo. Se isso ocorrer, a inflação não deve ficar acima da meta de forma persistente”, explica Zanini.
Últimas Notícias
Brands
Uma palavra dos nossos parceiros
Acompanhe as últimas notícias e atualizações, aqui na Exame.
leia mais