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Ozempic sem injeção? Pílulas podem desbancar as famosas canetas, diz Novo Nordisk

À Barron's, vice-presidente executivo da Novo Nordisk disse que FDA deve aprovar Wegovy em pílula ainda este ano

Ozempic (Carsten Snejbjerg/Bloomberg via/Getty Images)

Ozempic (Carsten Snejbjerg/Bloomberg via/Getty Images)

Letícia Furlan
Letícia Furlan

Repórter de Mercados

Publicado em 5 de outubro de 2025 às 11h36.

Última atualização em 5 de outubro de 2025 às 17h39.

A disputa bilionária entre as gigantes farmacêuticas Novo Nordisk e Eli Lilly deve ganhar um novo capítulo em 2026, quando os primeiros comprimidos para emagrecimento com ação GLP-1 devem chegar ao mercado norte-americano.

Hoje, a Lilly lidera com folga. Seu injetável Zepbound consolidou-se como o principal medicamento da categoria, enquanto a Novo enfrenta escassez de produção, concorrência com farmácias de manipulação e perda de participação de mercado nos EUA.

Mas a dinamarquesa pretende virar o jogo com o lançamento da versão oral do Wegovy, seu principal tratamento contra obesidade (O medicamento tem o mesmo princípio ativo do Ozempic, que é voltado para o controle de diabetes). A expectativa é de que a aprovação do produto pela FDA, agência reguladora dos EUA, ocorra até o fim deste ano.

“Estamos muito animados com o potencial de ter o primeiro GLP-1 oral para obesidade”, afirmou Dave Moore, vice-presidente executivo da Novo nos EUA, em entrevista ao site americano Barron's.

A Novo Nordisk aposta que a nova forma de administração pode ampliar a base de pacientes. Embora as injeções ainda mostrem maior eficácia, os dados clínicos mais recentes indicam que o comprimido diário se aproxima do desempenho do medicamento injetável semanal.

“Sabemos que há pessoas que só buscariam tratamento se houvesse uma pílula disponível. É essa a oportunidade: atingir uma fatia do mercado que hoje não está tratada”, disse Moore.

O concorrente direto do comprimido da Novo é o orforglipron, da Lilly. Embora tenha atraído atenção, o produto ainda não tem data para aprovação. A Novo, portanto, deve sair na frente — ao contrário do que ocorreu no segmento injetável.

A nova versão, no entanto, exige maior quantidade de ingrediente farmacêutico ativo (IFA), o que pressiona a cadeia de suprimento. Segundo a empresa, a produção do Wegovy em pílula está sendo feita nos EUA, em uma fábrica dedicada na Carolina do Norte, e vem sendo preparada há meses.

Sobre o preço, Moore afirmou que o comprimido não será mais caro que a versão injetável. A precificação, no entanto, ainda não foi detalhada.

Reposicionamento da Novo Nordisk

A farmacêutica dinamarquesa perdeu valor de mercado ao longo do último ano. Desde julho de 2024, suas ações acumulam queda de quase 60%, reflexo das dificuldades operacionais e da perda de tração frente à Lilly, que hoje detém a maior fatia do mercado americano de GLP-1.

O lançamento da versão oral do Wegovy é visto como tentativa de reposicionar a empresa no mercado e mudar a narrativa entre os investidores.

Segundo Moore, a companhia continua apostando no crescimento de longo prazo. “Estamos nessa categoria há 25 anos. A história da Novo é de expansão, tanto em obesidade quanto em diabetes”, afirmou à Barron’s.

Se aprovada ainda este ano, a versão oral do Wegovy pode chegar às farmácias já no primeiro trimestre de 2025 — inaugurando um capítulo na disputa pelo mercado global de obesidade, avaliado em mais de US$ 100 bilhões até o fim da década.

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