Nubank revela sonho grande e como pretende ser mais rentável
Analistas do BTG Pactual avaliam novas informações passadas pelos CEOs David Vélez (global) e Cristina Junqueira (Brasil) a investidores a uma semana da conclusão do IPO
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Sede do Nubank na Avenida Rebouças, em São Paulo | Foto: Divulgação (Nubank/Divulgação)
Publicado em 2 de dezembro de 2021, 18h21.
Última atualização em 2 de dezembro de 2021, 18h51.
A uma semana da conclusão do tão aguardado IPO (Oferta Pública Inicial, em inglês) na bolsa de Nova York, o Nubank abriu a investidores novas informações sobre a maneira como pretende tornar sua operação mais rentável e quais os seus planos para os próximos anos, incluindo o seu "sonho grande" — expressão consagrada no país pelo trio de empreendedores Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.
O maior banco digital do país e um dos maiores de todos os mercados tem pretensões de ir além da América Latina e se tornar a melhor fintech do mundo, segundo informações passadas pelo cofundador e CEO, David Vélez, a cofundadora e CEO para o Brasil, Cristina Junqueira, e o CFO, Guilherme Lago, em webinar com investidores.
As informações e a análise constam de relatório do BTG Pactual (BPAC11), assinado pelos analistas Eduardo Rosman, Ricardo Buchpiguel e Thiago Paura e distribuído a clientes nesta quinta-feira, dia 2.
"A história é claramente muito boa. E nós não temos muita dúvida de que o Nubank pode ser muito lucrativo [provavelmente já atingiu o break even no Brasil]", escrevem os analistas no relatório.
No caminho para replicar e escalar o seu modelo de forma global, o Nubank pretende não só crescer a base que estava em 48,1 milhões de clientes ao fim de setembro e a concessão de crédito — um dos principais caminhos para se tornar mais rentável — mas também tirar proveito do que entende ser uma de suas principais vantagens competitivas em relação aos bancos incumbentes: custos de aquisição de clientes (CAC) e custos em geral estruturalmente mais baixos.
"Com custos tão baixos, o Nubank parece acreditar que pode ser rentável mesmo levando em conta tíquetes muito baixos [por exemplo, crédito para pessoas de baixa renda]", escrevem os analistas do BTG.
"É interessante ver que, quanto mais baixa a renda do indivíduo, melhor a performance de NPL [créditos inadimplentes] do Nubank em relação a seus pares", afirmam.
Dado o fato de que o Nubank trabalha com limites de crédito mais baixos e que possui uma destacada área de inteligência de dados para a análise do risco de seus clientes, o banco poderá lançar novas linhas de empréstimos a taxas mais baixas nos próximos anos. Com um mercado endereçável mais amplo (pensando em clientes de baixa renda em um número maior de mercados), as receitas potenciais podem ser muito maiores, aponta o relatório.
Motor de crédito para fazer a diferença
No prospecto para o IPO, o banco digital destaca o seu motor de crédito, chamado de NuX, uma ferramenta que automatiza as concessões fazendo uso de inteligência de dados. A taxa de inadimplência de cartões de crédito medida por saldos em atraso superior a 90 dias estava em 3,3% ao fim de setembro, versus uma taxa média do mercado de 4,8%, de acordo com dados do Banco Central.
"Nós acreditamos que o nosso motor de crédito NuX tem portabilidade para novos mercados, alavancando a nossa capacidade de digerir, analisar e reagir a dados de crédito em um mercado específico", apontou o banco no prospecto.
No México, onde o banco iniciou suas operações há dois anos e meio, o motor de crédito com tecnologia proprietária permitiu reduzir o risco em 60% em relação a empréstimos concedidos com base em birôs de crédito, enquanto a taxa de aprovação praticamente triplicou de um ano para cá, segundo informações do documento para o IPO.
Valuation de US$ 40 bilhões?
Os analistas do BTG Pactual também avaliam no relatório que, para alcançar um valuation da ordem de 40 bilhões a 50 bilhões de dólares, os modelos com os quais trabalham indicam que o Nubank precisa atingir um Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) em torno de 30% em cinco anos. É um patamar que tem sido historicamente alcançado pela divisão de varejo do maior banco privado do país, o Itaú Unibanco (ITUB4).
Na última terça, o Nubank divulgou uma atualização de seu prospecto com uma redução da ordem de 20% da faixa de preço pretendida para o IPO, que passou de 10 a 11 dólares para o intervalo de 8 a 9 dólares pela ação de classe A.
Com o ajuste, o valuation máximo passou de 51 bilhões para 42,2 bilhões de dólares, considerando as vendas dos lotes adicional e suplementar.
O período de reserva de ações do Nubank para investidores acaba na próxima terça-feira, 7. No dia seguinte, na quarta, será fixado o preço da ação em Nova York e do BDR na B3, com o início das negociações dos papéis na quinta, dia 9.
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