IPCA de maio aumenta pressão para BC iniciar cortes de juros
Inflação brasileira caiu para o menor patamar desde 2020; queda foi acima da esperada por economistas
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Roberto Campos Neto, presidente do BC (Adriano Machado/Reuters)

Publicado em 7 de junho de 2023 às, 14h59.
As expectativas de que o Banco Central irá inicar em breve o ciclo de corte da taxa de juros Selic cresceram nesta quarta-feira, 7, com a divulgação do IPCA de maio.
O IPCA de maio ficou em 0,23%, recuando de 4,18% para 3,94% na comparação anual. O patamar é o mais baixo desde o dado referente ao mês de outubro de 2020. O consenso era de queda para 4,04%. Com a queda de maio, a inflação se aproxima ainda mais das metas do CMN, que para este ano é de 3,25%, dentro de uma banda de 1,5 p.p. para cima ou para baixo.
Além do número cheio, Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos ressaltou que a forma como a inflação se comporotou em diferentes setores da economia deram maior confiança sobre o processo desinflacionário.
A média dos núcleos de inflação está arrefecendo, com a difusão da inflação caindo. Há um controle maior dos preços, sem aquela sensação ruim de que tudo está subindo de preço. A inflação de serviços também está recuando. Esses dados de inflação puxam ainda mais a curva para baixo e dá algum otimismo para ações mais dependentes juro baixo, como varejo e construção", comentou.
Os números foram bem recebidos no mercado, com queda dos juros futuros de curto prazo e alta das ações, especialmente das mais ligadas ao ciclo da economia local.
Espaço para cortes de juros
“O IPCA foi muito, muito bom. Foi a cereja do bolo dessa queda de inflação que temos visto no Brasil”, comentou Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.
Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, explicou que esses números mais baixos também ajudam a reduzir a inércia da inflação para os próximos períodos.levando a revisões para baixo das expectativas de inflação. "Aumentou a chance de o Banco Central começar a cortar juros em agosto.
Entre economistas, inclusive, fala-se que já haveria espaço para o Copom começar a cortar juros já na reunião do fim do mês.
André Perfeito é um dos economistas que defende essa ideia, mas não acredita que o BC irá efetivar o corte tão logo, dado o comunicado ainda cauteloso da última decisão do Copom.
"A questão na mesa é que não se pode dar “um cavalo de pau” na comunicação. Logo o que espero é ver sinalizações claras na próxima ata que há espaço para algum afrouxamento monetário no segundo semestre e isso já vai ajudar - e muito - o humor empresarial e a retomada da economia..", afirmou em nota.
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