Ibovespa sobe 3,7% em maio e tem melhor resultado em sete meses
Avanço do arcabouço fiscal e enfraquecimento da inflação sustentam alta do índice
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Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)
Publicado em 31 de maio de 2023 às, 10h26.
Última atualização em 31 de maio de 2023 às, 17h31.
O Ibovespa fechou esta quarta-feira, 31, em queda de 0,6%, mas o saldo negativo dos últimos pregões não foi suficiente para apagar o otimismo do mês. O principal índice da bolsa brasileira subiu 3,7% em maio – [grifar]seu melhor resultado mensal dos últimos sete meses[/grifar].
Ibovespa no mês
- IBOV (diário): - 0,58%, aos 108.335 pontos
- IBOV (semanal): - 0,43%
- IBOV (mensal): + 3,74%
Por que o Ibovespa subiu em maio?
O principal impulso positivo para o Ibovespa no mês de maio foi o avanço do arcabouço fiscal no Congresso. A criação de uma nova âncora fiscal para o País era vista pelo mercado como um passo essencial para a recuperação da economia brasileira. O texto inicialmente apresentado pelo governo acabou endurecido na Câmara, o que também foi bem visto entre os agentes de mercado.
“A leitura do mercado foi bem positiva. Vimos muitos fundos com percentual em caixa elevado voltando a investir em renda variável”, afirmou Gustavo Cruz, analista da RB Investimentos. Depois de aprovado na Câmara, o texto agora segue para apreciação no Senado.
Outro fator que animou as bolsas foram os dados mais fracos que o esperado para a inflação. Considerado a prévia da inflação, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) registrou alta de 0,51% em maio, após ter subido 0,57% em abril. O dado ficou bem abaixo da expectativa dos analistas, que estimavam alta de 0,65% para o indicador no período.
O ambiente favorável deu combustível às projeções de que os juros podem ser cortados nos próximos meses. E isso, por sua vez, permitiu a recuperação de setores ligados ao ciclo econômico doméstico, que vinham bastante descontados. A empresa de tecnologia Locaweb (LWSA3) avançou 47%, enquanto a construtora MRV (MRVE3) e a varejista Via (VIIA3) subiram 40% e 29%, respectivamente.
Quem jogou contra a maré foi a Vale (VALE3), que caiu 10,7% no mês e, por conta de sua grande participação no Ibovespa, foi a principal influência negativa para o índice. No caso da Vale a preocupação é com a economia da China, maior mercado de minério de ferro no mundo.
Por lá, a recuperação pós-pandemia anda mais lenta do que o esperado. O PMI (Índice de Gerentes de Compras) saindo abaixo das expectativas para o mês de maio. O PMI industrial ficou em 48,8 pontos, abaixo do consenso de 51,4 pontos e da linha dos 50 pontos que divide a contração da expansão da atividade em relação ao mês anterior.
- Vale (VALE3): - 11,86%
As maiores altas do Ibovespa em maio
A temporada de balanços também teve influência nas ações do índice. O saldo foi misto, com diversas companhias apresentando dificuldades com os juros ainda altos, e outras surpreendendo com seus resultados. Foi o caso da Yduqs (YDUQ3), que subiu 74%.
Uma das maiores holdings de educação do país, a Yduqs apresentou lucro líquido de R$ 263 milhões, 42% acima do apresentado no mesmo período do ano passado.
O bom resultado levou até o Credit Suisse a questionar se a Yduqs estaria "entrando em uma nova trajetória de crescimento", ressaltando os aumentos de preços em todas suas linhas de negócio.
"Ficamos positivamente surpresos com o melhor comportamento dos tickets médios, o que pode ser um indicador de uma concorrência mais saudável no setor", disseram os analistas do Credit Suisse.
As maiores quedas do Ibovespa em maio
Das 86 ações da carteira teórica do Ibovespa, apenas X fecharam o mês de maio em queda. O destaque ficou com a Cielo (CIEL3), focada em soluções de pagamentos. A adquirente fechou o mês em queda de X%, seu pior resultado mensal do ano.
A administração da empresa demonstrou preocupação com o volume total de pagamentos (TPV) da indústria para 2023, apontou relatório do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME). Por outro lado, o bom resultado de concorrentes como a Stone aumentaram as projeções para o segundo trimestre.
Apesar da queda recente, a avaliação da casa é que a Cielo segue sendo uma boa ação para ter na carteira – ao menos no curto prazo.
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Créditos

Beatriz Quesada
Repórter de InvestFormada pela USP, trabalha na cobertura de mercados e negócios na EXAME. Foi repórter na revista Capital Aberto e produtora na Rádio Band News FM.