Empresa com mais aquisições da bolsa quer voltar às compras após '2º IPO'
Capitalizada, Viveo quer fechar grandes negócios a partir de 2024. "Compras menores já não movem mais o ponteiro", disse CEO à EXAME Invest
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Leonardo Byrro, CEO da Viveo: Devemos reativar a agenda de aquisições no começo de 2024 (Viveo/Divulgação)

Publicado em 14 de agosto de 2023 às, 19h15.
Última atualização em 14 de agosto de 2023 às, 19h32.
Poucas empresas que entraram na última janela de ofertas públicas iniciais (IPO, na sigla em inglês) conseguiram conquistar a confiança do mercado nos últimos anos. A Viveo foi uma delas.
A empresa foi uma das últimas a terem as ações listadas na B3, estreando em agosto de 2021. De lá para cá, a companhia de suporte a empresas de saúde tem atravessado um crescimento explosivo e acelerado, com 19 aquisições. Sua receita líquida atingiu R$ 2,5 bilhões no segundo trimestre, 30,2% acima da registrada no mesmo período do ano passado e 54% superior à do segundo trimestre de 2021, ainda antes de seu IPO. O balanço foi divulgado na noite desta segunda-feira, 14. O lucro líquido ajustado teve alta anual de R$ 66,2 milhões. Só em sinergias, a Viveo capturou R$ 18,7 milhões no trimestre e e R$ 44,1 milhões no semestre. O objetivo, disse Leonardo Byrro, é fazer essa conta chegar a R$ 67 milhões.
"Devemos reativar a agenda de aquisições no começo de 2024, assim que tivermos segurança na conclusão do processo de integração das companhia já adquiridas", afirmou Byrro em entrevista à EXAME Invest. Parte dessas novas compras será financiada pela oferta subsequente de ações (follow-on), que a companhia concluiu há poucas semanas na B3. A oferta movimentou R$ 1,7 bilhão. Desse total, R$ 778 milhões foi direto para os cofres da Viveo, superando, inclusive, os R$ 700 milhões levantados em seu IPO de 2021. O preço em que as ações saíram no follow-on também foi maior que o da oferta inicial: R$ 21,21 ante R$ 19,92 do IPO. Com a nova emissão, o valor de mercado da companhia saltou para próximo de R$ 6,4 bilhões.
Bolso cheio para novas aquisições
"Podemos esperar novas aquisições nos próximos anos. Talvez sejam menos em quantidade, até porque compras menores já não movem mais o ponteiro da companhia. Provavelmente, iremos buscar aquisições maiores. Certamente, faremos bons movimentos". afirmou o CEO.
Nesses dois anos desde o IPO, a Viveo ganhou corpo e se estendeu para além do setor de distribuição de suprimentos para hospitais, tornando-se um ecossistema de saúde. O foco mais recente tem sido na vertical de serviços, que não existia há cinco anos, e já representa mais de 10% do faturamento da empresa. "Temos buscado atender qualquer atividade de operacional de dentro do hospital que possa ser relacionada a material e medicamento. Há oportunidades, por exemplo, na gestão de estoques e de resíduos", disse.
O CEO também revelou que está avaliando a entrada em um novo canal, fora do suporte aos hospitais. "Esse canal oferece muitas semelhanças com o que fazemos, mas ainda não estamos presentes." Diante do crescimento explosivo, Byrro sabe bem para onde quer expandir, mas também para onde não quer ir. "Não queremos fabricar medicamentos ou ter hospitais. Os hospitais são nossos clientes. Vamos nos manter em soluções para os negócios, onde ainda há muita ineficiência e oportunidades."
Em busca de liquidez
Apesar da forte expansão entregue nos últimos anos, as ações da Viveo seguem praticamente estáveis em relação ao preço do IPO, cotadas perto de R$ 20. Além do cenário macro, que prejudicou a maioria dos papéis listados na bolsa, Byrro avalia que a falta de liquidez tem impedido a empresa de alçar voos mais altos na bolsa.
"A nossa ação teve baixa liquidez, pois base de acionistas extremamente qualificada e de muito longo prazo, tanto de Brasil quanto de fora. Isso, obviamente, é positivo, mas seca a liquidez [pela falta de ações em negociação]", disse Byrro. A expectativa do executivo é de que essa liquidez aumente, agora que foram emitidas novas ações no follow-on, que também contou com a venda de participação de um de seus grandes investidores, a DNA Capital. A aposta de Byrro é de que oportunidades de crescimento e novas ofertas de ações aumentarão ainda mais a liquidez das ações no futuro.
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