Invest

E se a listagem da JBS (JBSS3) nos EUA não for aprovada? JP Morgan recomenda hedge

Banco está otimista com aprovação da operação, que deve destravar valor, mas sugere proteção diante de alertas de consultorias que orientam investidores estrangeiros

JBS: JP Morgan vê potencial de valorização de 24% para os papéis (Divulgação)

JBS: JP Morgan vê potencial de valorização de 24% para os papéis (Divulgação)

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 19 de maio de 2025 às 13h27.

A JBS (JBSS3) tem uma semana decisiva com a assembleia sobre a listagem de suas ações nos Estados Unidos, marcada para sexta-feira, 23. O JPMorgan manteve sua recomendação de compra para os papéis, mesmo diante das incertezas em torno da votação.

O banco afirma que continua vendo potencial de valorização para o papel — com preço-alvo de R$ 52 até dezembro, potencial de alta de 24% sobre os patamares atuais — mas recomenda que investidores façam hedge com opções diante do risco binário da decisão.

“Acreditamos que a listagem nos EUA ainda será aprovada, mas o parecer contrário da ISS (consultoria de voto) reduz as chances, que antes pareciam muito favoráveis”, escrevem os analistas.

A ISS, que baliza principalmente decisões de fundos passivos e estrangeiros, levantou preocupações sobre o formato de ações com direito a voto diferenciado (10 para 1), concentrado nas mãos dos controladores.

Desde a divulgação desse relatório, as ações da JBS acumulam queda e têm performance inferior ao Ibovespa. Hoje, com o relatório do JP Morgan, os papéis avançam 3%, na maior alta do Ibovespa.

O JPMorgan alerta que, caso a listagem seja rejeitada pelos acionistas, o papel pode devolver os ganhos obtidos desde o anúncio da proposta, em março — um salto de 28% em quatro dias, de R$ 33 para R$ 42.

A recomendação do banco é usar opções de venda com vencimento em 30 de maio, como puts com strike a R$ 36, que custariam cerca de 1,1% do valor da ação e podem oferecer retorno de até sete vezes o prêmio investido, caso haja forte correção.

Fundamentos ainda sólidos

Apesar do receio com a votação, o JPM segue positivo em relação ao desempenho da JBS. O banco reduziu levemente a projeção de EBITDA para 2025, de R$ 39,0 bilhões para R$ 38,4 bilhões — ainda 4% acima do consenso de mercado.

A revisão reflete margens mais apertadas no segmento de carne bovina nos EUA e no Brasil, mas que foram parcialmente compensadas por melhoras nas projeções para Seara e suínos nos EUA.

O lucro líquido projetado para 2025 é de R$ 16,6 bilhões, com geração de caixa livre estimada em R$ 9,8 bilhões, equivalente a um yield de 11,2%. A ação negocia a 4,7 vezes o EV/EBITDA 2025 , bem abaixo dos pares americanos.

Para o JPMorgan, a tese de investimento em JBS segue ancorada na diversificação geográfica e de proteínas, que reduz a volatilidade do negócio – e dá, inclusive, proteção contra os riscos impostos pela gripe aviária no Brasil – e na expectativa de reavaliação do múltiplo caso a listagem nos EUA se concretize.

“A listagem deve ser um catalisador importante para destravar valor, dado o desconto atual frente aos pares”, diz o banco.

Acompanhe tudo sobre:AçõesJBSJBSS3

Mais de Invest

Ações da Tesla têm maior crescimento em dois meses após lançamento de robotáxi

Petróleo opera em forte queda após Trump anunciar cessar-fogo entre Irã e Israel

C&A (CEAB3) encerra parceria com Bradesco e paga R$ 650 milhões por recompra de serviços financeiros

Três ações defensivas ganham força entre os analistas mais respeitados de Wall Street