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'Dr. Doom' deixa pessimismo de lado e acredita que Trump não terá tanto efeito sobre mercado

Conhecido como 'Dr. Doom' por Wall Street, o analista destacou pontos, como IA e energia de fusão, que devem impulsionar crescimento econômico mundial

Nouriel Roubini: analista se afasta de projeções pessimistas e prevê crescimento econômico  (Bloomberg/Getty Images)

Nouriel Roubini: analista se afasta de projeções pessimistas e prevê crescimento econômico (Bloomberg/Getty Images)

Estela Marconi
Estela Marconi

Freelancer

Publicado em 9 de junho de 2025 às 11h02.

O analista de Wall Street Nouriel Roubini ficou conhecido como 'Dr. Doom' por suas previsões pessimistas sobre a economia mundial. Agora, parece ter deixado o pessimismo de lado para apostar em um futuro de forte crescimento econômico nos Estados Unidos, impulsionado por tecnologia e inteligência artificial (IA).

Roubini, que ficou famoso por prever a Grande Crise Financeira de 2008, acredita que o crescimento econômico pode até dobrar até 2030, destacando a revolução da IA e o avanço da energia de fusão como principais motores dessa mudança.

A revolução da Inteligência Artificial

Roubini conta que já tinha ouvido falar da revolução da IA antes mesmo do Chat GPT se tornar popular no final de 2022. Em seu livro Megathreats, lançado em 2022, ele já destacava o potencial da inteligência artificial para impulsionar a economia e os mercados.

O analista ficou otimista ao perceber que o avanço da IA ocorreu de forma mais rápida do que imaginava, com ganhos em produtividade esperados para os próximos anos. Ele acredita que a popularização dos robôs humanoides será um dos principais impulsionadores dessa transformação.

Impacto da energia de fusão no futuro econômico

Outro ponto que alimenta o otimismo de Roubini é a energia de fusão, que ele vê como um novo motor para o crescimento econômico.

Embora ainda não tenha sido totalmente desenvolvida, grandes empresas de tecnologia, como Chevron e Google, já estão investindo bilhões nesse setor. Recentemente, essas empresas participaram de um aporte de mais de US$ 150 milhões na TAE Technologies, que planeja ter um protótipo de usina funcionando no início dos anos 2030. Além disso, a Type One Energy também pretende lançar sua usina até meados da próxima década.

"Não estamos mais no inverno da IA. Tivemos um inverno da fusão que durou 40 anos. Isso acabou. Agora está acontecendo", afirmou Roubini, referindo-se ao longo período de pesquisa e desenvolvimento necessário para que a energia de fusão se tornasse uma realidade.

Poder de Trump sobre o mercado será limitado

Apesar de sua visão otimista, Roubini também abordou as políticas de Donald Trump e como elas podem impactar a economia. Ele acredita que as tarifas impostas pelo presidente dos EUA não terão o efeito devastador que muitos imaginam. Segundo Roubini, os mercados estão pressionando Trump e forçando-o a recuar em algumas medidas mais duras.

"Isso mostra que os vigilantes do mercado de títulos são as pessoas mais poderosas do mundo", disse ele, destacando o impacto que o mercado financeiro tem nas decisões políticas. O analista estima que as tarifas sobre a China, por exemplo, podem ficar em torno de 39%, muito abaixo dos 145% inicialmente propostos por Trump.

Previsões para o futuro econômico: crescimento vs. riscos

Ao olhar para o futuro, Roubini calcula que a chance de uma recessão nos próximos anos seja de cerca de 25%. Caso uma queda econômica aconteça, ele acredita que será breve e leve, devido à capacidade do Fed de reduzir os juros e ao impulso das tecnologias emergentes.

Apesar do otimismo, Roubini não descarta completamente os riscos. Ele aponta que fatores como estagflação, aumento da dívida pública e tensões geopolíticas, especialmente com a China, ainda representam desafios significativos. Ele também mencionou o controle migratório, que pode acelerar a estagflação, e a possível desvalorização do dólar como potenciais problemas.

"Então, há muita coisa que pode dar errado no mundo", afirmou Roubini, reconhecendo que, embora os avanços tecnológicos possam impulsionar o crescimento, os riscos globais continuam a existir.

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