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Do campo à Faria Lima, dívida da Agrogalaxy passa de R$ 4,5 bilhões

Nesta sexta feira, 20, Justiça derrubou sigilo da petição de RJ e concedeu liminar para evitar execução de dívidas e apreensão de bens da distribuidora de insumos agrícolas

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 20 de setembro de 2024 às 12h50.

Última atualização em 20 de setembro de 2024 às 16h34.

A 19ª Vara Cível e Ambiental da Comarca de Goiânia determinou a suspensão do segredo de justiça do pedido de recuperação judicial da Agrogalaxy, distribuidora de insumos agrícolas, revelando um passivo total de R$ 4,6 bilhões.

Nesta-sexta feira, 20, a empresa conseguiu liminar para evitar execução de dívidas, bem como o congelamento de ações judiciais e extrajudiciais de apreensão de bens.

Do campo, como fornecedores de fertilizantes como a gigante Mosaic, a gestores da Faria Lima e responsáveis pelos setores de crédito corporativo de grandes bancos, a crise da companhia veio como uma tempestade.

Dos Fiagros aos insumos: o que o pedido de RJ da Agrogalaxy pode representar para o agro

A petição inicial de recuperação judicial da Agrogalaxy revelou obrigações com instituições financeiras, produtores rurais e fornecedores, cuja maior parte é classificada como créditos quirografários, aqueles sem garantia real. No total, são débitos de R$ 3,745 bilhões e US$ 159,9 milhões.

Uma das mairoes credoras da empresa é a Vert Companhia Securitizadora, responsável por estruturar Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) da empresa, numa somatória de R$ 516,4 milhões.

Na lista de credores também estão Banco do Brasil, Santander, Citibank, BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), Daycoval e Banco ABC.

Como se formou a crise da Agrogalaxy?

"O agro é pop, o agro é tech e é tudo", lembra a empresa citando o jargão publicitário. Mas o setor, que viveu anos de bonança, tem visto o cenário se complicar.

Segundo a companhia, vários fatores a levaram à crise financeira, incluindo pressão de custos, preços "drasticamente mais baixos das commodities" e crise climática afetando a produção.

"Em adição à crise climática, o Brasil vem enfrentando número recorde em incêndios florestais, afetando as principais áreas de cultivo no país. Mais de 5,7 milhões de hectares foram afetados no ano pelo fogo, sendo 1,7 milhão de área de plantio. Isso representa 2% de toda a área brasileira de cultivo", acrescenta a companhia em seu pedido.

A consequência disso, explica a empresa, foi o aumento do volume de inadimplências com que precisou lidar a partir do ano de 2023, "atingindo níveis alarmantes em 2024". A inadimplência chegou a 60% do faturamento em março deste ano.

Recuperação judicial após onda de renúncias

O pedido de recuperação judicial veio logo após a renúncia de Axel Labourt, diretor-presidente da AgroGalaxy no Brasil. Em seu lugar, Eron Martins, diretor financeiro da empresa, que assumiu a presidência, acumulando temporariamente as duas funções.

Além da renúncia de Labourt, outros membros importantes do conselho de administração também anunciaram suas saídas. Welles Pascoal, que presidiu a empresa por duas temporadas antes de Labourt, deixou o cargo de conselheiro, função que ocupava desde março de 2024.

Outros cinco membros também renunciaram, entre eles Mauricio Luís Luchetti, membro independente do conselho e do comitê de auditoria estatutário, e Eduardo de Almeida Salles Terra, também membro independente.

Negociada a R$ 0,67 às 12h30 desta sexta-feira, 20, a Agrogalxy caía mais de 8%. Desde seu IPO, em julho de 2021, o papel acumula perdas de 93%, com valor de mercado de R$ 173 milhões.

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