Crise do SVB: derrocada dos bancos nos EUA pode estar apenas no começo, diz Gavekal
Dificuldades do banco do Vale do Silício podem sinalizar fraquezas generalizada no setor bancário
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Risco de crédito é um dos principais fatores de atenção no setor, dizem os analistas (Getty Images/Getty Images)

Publicado em 10 de março de 2023, 11h49.
Última atualização em 10 de março de 2023, 14h29.
O colapso do SVB, o banco do Vale do Silício, acendeu um alerta no mercado americano sobre todo o sistema bancário. Ontem, as ações do SBV caíram 60% e desabam no mesmo nível nesta sexta-feira, 10. O motivo é a tentativa de levantar US$ 2,25 bilhões para conter a queima de caixa na esteira do declínio das startups.
A crise, no entanto, pode atingir também os grandes bancos comerciais dos Estados Unidos. O alerta vem da Gavekal, uma das casas de análise macro independente mais prestigiosas do mundo.
“Os lucros dos bancos comerciais dos EUA estão sob pressão devido à deterioração da qualidade dos ativos, à desaceleração do crescimento dos empréstimos, às reservas encolhendo e ao aumento nas taxas de juros. O SVB provavelmente não é um caso único, mas o primeiro de um batalhão de desafios que ainda estão por vir”, afirmam, em relatório, os analistas Tan Kai Xian e Will Denyer.
Quais os principais riscos para o setor bancário americano?
Um dos fatores de risco que chama a atenção dos analistas é o risco de crédito. À medida que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) eleva as taxas de juros, a qualidade da carteira diminui e a inadimplência aumenta, com pessoas físicas e empresas tendo mais dificuldade em honrar suas dívidas. A situação é especialmente difícil para os bancos menores, que são mais dependentes de suas carteiras de crédito.
A deterioração dos ativos, por sua vez, leva os bancos a restringir a concessão de crédito. Soma-se a isso a menor procura de consumidores e empresas por empréstimos em um ambiente de juros mais altos.
O cenário também tem obrigado os bancos a reduzir sua posição em caixa o que diminui suas oportunidades de rentabilizar o capital e também traz um risco maior de aperto de liquidez – principalmente, mais uma vez, para as instituições menores.
Os bancos comerciais americanos enfrentam ainda pressão para aumentar as taxas pagas aos depositantes como rendimento. A taxa básica de juros foi elevada, e as instituições têm sido lentas em acompanhar o aumento. Isso leva a uma saída de depósitos com investidores buscando melhores alternativas de rendimento para seu dinheiro.
É hora de comprar ações de bancos americanos?
Os analistas da Gavekal reforçam que a perspectiva de queda nas ações do setor bancário não é uma oportunidade de compra.
“Os gestores devem continuar underweight (recomendação equivalente à venda) nas ações dos bancos americanos e, especialmente, nos papéis de players menores. Existe um alto risco de que mais problemas surjam em outros bancos”, dizem.
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Beatriz Quesada
Repórter de InvestFormada pela USP, trabalha na cobertura de mercados e negócios na EXAME. Foi repórter na revista Capital Aberto e produtora na Rádio Band News FM.Últimas Notícias
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