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Crescimento da dívida e aumento dos juros derrubam lucro líquido do Carrefour em 58% no 4º tri

No período, o resultado financeiro da empresa se deteriorou, chegando a um prejuízo de R$ 790 milhões

Carrefour: 'não está previsto algum crescimento por aquisições', diz diretor (Germano Lüders/Exame)

Carrefour: 'não está previsto algum crescimento por aquisições', diz diretor (Germano Lüders/Exame)

O ambiente de juros elevados e o endividamento mais alto após aquisição do Grupo BIG fez o lucro líquido do Carrefour Brasil (CRFB3) despencar 58% no quarto trimestre, para R$ 426 milhões. No ano, a queda é de 44,7%, para R$ 1,74 bilhão. Se considerados ajustes, essa queda é menor, de 24%, para R$ 1,8 bilhão. O resultado ficou em linha com as projeções do mercado.

"O lucro líquido tem queda por efeito da dívida e dos juros, uma queda que está limitada", diz o diretor financeiro David Murciano. No quarto trimestre, o resultado financeiro da empresa se deteriorou, com o custo da dívida chegando a R$ 503 milhões e empurrando a empresa para um prejuízo de R$ 790 milhões, 196% pior do que um ano antes. No consolidado do ano, o prejuízo financeiro ficou em R$ 2,26 bilhões, um aumento de 187%. 

No quarto trimestre, a dívida líquida atingiu R$ 3,7 bilhões ou R$ 8 bilhões incluindo aluguéis e desconto de recebíveis. O executivo explica que o nível de alavancagem já melhorou, passando de 2,26x no terceiro trimestre para 1,2x no quarto trimestre. Assim, argumenta Murciano, conforme a geração de caixa aumenta, é esperado que o impacto do endividamento sobre o lucro líquido desapareça progressivamente.

O impacto da digestão do BIG nos números do varejista francês tem sido do custo das conversões comendo parte da última linha do balanço, mas o diretor financeiro garante estar dentro do normal. "Há o efeito negativo na conversão de lojas, mas nas já convertidas vemos crescimento forte das vendas", defende. Murciano, porém, reforçou que a conversão vai seguir em ritmo acelerado. No ano foram 59 lojas convertidas. 

Vendas resilientes

De fato, no operacional os negócios de varejo e atacarejo registraram números consistentes. As vendas consolidadas do Grupo Carrefour Brasil totalizaram R$ 31,5 bilhões no quarto trimestre, um avanço de 38,2% na base anual, impulsionadas pelo contínuo crescimento de vendas comparáveis de dois dígitos no Atacadão, de 10%, e no Carrefour Varejo, de 14,4% excluindo gasolina. Segundo a empresa a expansão orgânica no atacarejo (+4,6%) e a integração do Grupo BIG, que representou 24,8% do
crescimento total, incluindo o efeito de conversão.

As vendas brutas do varejo totalizaram R$ 9,1 bilhões no quarto trimestre, um aumento de 49,8% na base anual, sendo R$ 6,7 bilhões no Carrefour e R$ 2,4 bilhões no BIG. Grande parte desse impulso veio da resiliência do setor alimentar, com crescimento em vendas comparáveis de 13,4%. Os volumes, no entanto,seguiram afetados pelo ambiente de inflação persistentemente elevada.

Já as atividades de atacarejo do grupo, representadas pelo Atacadão e o Maxxi, atingiram R$ 20,7 bilhões em vendas no quarto trimestre, um crescimento de 23,9% na base anual. Foram R$ 19,2 bilhões no Atacadão e R$ 1,6 bilhão no Maxxi.

"Nossos formatos estão funcionando bem e não vemos transferência de um para outro", diz Murciano. Segundo ele, mesmo com algum recuo na inflação não há uma migração dos clientes do atacarejo para os hipermercados Carrefour. O modelo de atacarejo vai muito bem nos períodos de alta de preços.

"Quando tem menos inflação, ajuda nos volumes. Então pode cair um pouco as vendas, mas aumenta o volume", argumenta. No comparação trimestre a trimestre, o crescimento do volume em relação ao ano anterior melhorou em 2 pontos percentuais. 

Segundo Murciano, o desempenho do Atacadão está "muito bom" e dá confiança à direção. Nossa margem bruta está bem. Foi de 15,5% ano passado para 15,3% neste ano. E, sim, há uma queda da inflação, mas nosso 'know how' é saber como manter essa margem qualquer seja o contexto", diz ele, destacando que o Ebitda da operação se manteve estável, em R$ 1,34 bilhão no quarto trimestre.

Nada de compras em 2023

O foco da empresa está mesmo na integração dos ativos comprados em 2022, indicou o diretor financeiro. Segundo ele,  o Natural da Terra, hortifruti da Americanas que entrou no radar do mercaod em meio à crise da varejista do trio 3G, é um ativo que naturalmente poderia ficar no perímetro do Carrefour e que se encaixa no perfil do grupo, mas a prioridade no momento é a integração do BIG. "Não está previsto algum crescimento por aquisições", diz ele sobre 2023. 

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