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Credit Suisse: US$ 17 bilhões em títulos de dívida deixam de existir com a compra pelo UBS

Redução do valor da dívida a zero deve abalar os mercados nesta segunda-feira

Credit Suisse: 16 bilhões de francos suíços em títulos de dívida sumiram (Arnd Wiegmann/Reuters)

Credit Suisse: 16 bilhões de francos suíços em títulos de dívida sumiram (Arnd Wiegmann/Reuters)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 19 de março de 2023 às 21h06.

Última atualização em 20 de março de 2023 às 09h07.

Cerca de 16 bilhões de francos suíços (US$ 17,3 bilhões) em títulos do Credit Suisse  não existem mais. Para conseguir costurar a compra do banco pelo concorrente UBS, as autoridades suíças impuseram que esse tipo de título de dívida fosse reduzido a valor zero. A decisão deve levar a tumulto no mercado de dívida europeu na segunda-feira, 20. 

Essas eram dívidas de alto risco, conhecidas como títulos Adicionais de Nível 1 (AT1), que fazem parte de um amortecedor de dívida e patrimônio destinado a evitar que os contribuintes tenham que arcar com a conta do colapso de um banco. Esse tipo de dívida foi introduzido na Europa depois da crise de 2008 e é uma forma de título que pode ser convertido em patrimônio caso o banco tenha problemas.

Agora, essa baixa contábil já é a maior perda para o mercado AT1 de US$ 275 bilhões da Europa. Em 2017, o Banco Popular, da Espanha, teve de dar baixa de 1,35 bilhão de euro (US$ 1,44 bilhão) ao ser absorvido pelo Santander para não quebrar.

O que vai acontecer com quem tinha títulos AT1 do Credit Suisse?

Por serem ativos de alto risco, os AT1 normalmente estão restritos às carteiras de investidores profissionais em títulos e fundos de hedge. No entanto, eles foram ganhando popularidade entre os investidores de varejo e gestão de patrimônio na Ásia.

Diante disso, pessoas ouvidas pelo Financial Times estão falando em "pesadelo" na segunda-feira, 20. O investimento foi convertido em capital, mas vale lembrar que o Credit Suisse foi comprado por 3 bilhões de francos suíços, algo como 0,76 centavos de francos suíços, bem abaixo dos 1,86 francos suíços do último fechamento.

“O que a Finma [autoridade do mercado financeiro na Suíça] fez quebrando a estrutura de capital terá uma consequência de longo prazo para qualquer dívida financeira suíça”, disse um detentor de AT1 do Credit Suisse ao jornal britânico. Um banqueiro disse ao FT que a decisão seria um "pesadelo" e que os detentores estavam tendo prejuízos maiores do que os acionistas do Credit.

Como foi a compra do Credit Suisse pelo UBS?

A compra do Credit Suisse pelo UBS, um dos negócios mais importantes no setor bancário global nos últimos anos, e seus detalhes vieram no fim da tarde deste domingo, 19, numa corrida do governo suíço e dos dois bancos para encontrar uma solução para crise do Credit antes da abertura dos mercados na Ásia. 

A operação de 3 bilhões de francos suíços  cria uma gestora de patrimônio com US$ 5 trilhões investidos e maior globalmente, com clientes não só na Europa, mas também nos Estados Unidos, Ásia, Oriente Médio e América Latina. Toda a operação terá apoio de liquidez do banco nacional da Suíça e foi uma medida para evitar um colapso do setor. 

Leia mais: Novo CEO, bilhões em cortes e os planos: os detalhes da união de UBS e Credit Suisse

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