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Com Brasil como 'motor de vendas', L'Oréal lucra 24% mais em 2022

Crescimento de dois dígitos nas vendas do país vem especialmente das marcas de grande público, conta diretor

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L'Oréal: avanço de 18,5% nas vendas mesmo com Europa em desaceleração e lockdown na China (Bloomberg/Getty Images)

L'Oréal: avanço de 18,5% nas vendas mesmo com Europa em desaceleração e lockdown na China (Bloomberg/Getty Images)

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Raquel Brandão

Publicado em 11 de fevereiro de 2023, 15h29.

Apontada como uma das possíveis compradoras da marca de luxo Aesop, que hoje pertence à Natura &Co, a L'Oréal vive momento bem diferente do grupo brasileiro, com crescimento de vendas e melhora nas margens.

Em 2022, a dona das marcas Lancôme, Garnier e Maybelline, registrou um avanço de 18,5% nas vendas, para 38,26 bilhões de euros. Os números foram divulgados na última quinta, feira, 09. Esse crescimento é de 10,9% se considerados ajustes, como os de câmbio, por exemplo. O lucro antes de impostos (Ebit) cresceu 21,2%, para 7,85 bilhões de euros, e o lucro líquido avançou 24,1%, para 5,71 bilhões de euros.

Com a atividade europeia em ritmo mais lento e o mercado chinês ainda pressionado por bloqueios do governo na política "covid zero", grande parte do impulso veio justamente do mercado latino-americano, com especial destaque para México e Brasil. A região apresentou forte crescimento, com aumento de 34,1% ou avanço de 18,6% nos números comparáveis.

"A L'Oréal registrou crescimento de dois dígitos em países-chave e ganhou participação de mercado. Todas as divisões contribuíram para este desempenho impressionante, lideradas pela 'divisão de produtos de consumo', que teve um crescimento espetacular", diz a empresa em sua divulgação.

A ação da compahia fechou em queda de 0,83% na Bolsa de Paris na sexta-feira, o primeiro pregão após a divulgação dos números. Ainda assim, o papel do grupo acumula alta de 11,42% em 2023.

Motor brasileiro

O Brasil é um grande motor da aceleração da divisão de consumo no mundo, diz Adrien Denavit, responsável por essa unidade da L'Oréal no país, em entrevista à EXAME Invest. Por aqui, a divisão, também chamada de Grande Público, é a dona de marcas, como Elseve, Maybelline e Garnier, mas também inclui nacionais como Nielly e Colorama.

Adrien Denavit, diretor da divisão de grande público da L'Oréal Brasil (Divulgação/Site Exame)

"A receita do sucesso da divisão no Brasil é a mistura de grandes sucessos internacionais e a força do grupo com as inovações desenvolvidas localmente", afirma. Hoje, um dos centros de inovação da companhia está justamente no Rio Janeiro, onde fica, também, a sede da L'Oréal no Brasil.

O centro de pesquisa brasileiro é especialmente dedicado a pesquisas e desenvolvimento de produtos de cabelo e proteção solar para a pele. É de lá que saem algumas das criações que não ficam apenas no mercado brasileiro, mas ganham suas versões nas operações da empresa francesa pelo mundo. Um dos exemplos é a linha Cachos Longos dos Sonhos de Elseve, que, criado e lançado no Brasil, já ganhou produto para o mercado norte-americano. Em 2021, a linha Elseve Ácido Hialurônico foi expandida para o portfólio global da marca.

"Temos uma riqueza em termos de consumidor infinita no Brasil", diz Denavit. Globalmente, um dos principais investimentos da empresa é em pesquisa e inovação. Em 2021, o investimento total nessa área foi de 1 bilhão de euros, conta o executivo. Os dados de 2022 não foram divulgados, mas ele destaca como uma média anual do orçamento da companhia para isso.

"Nossa equipe global de pesquisa mapeou 8 tipos de cabelo e todos eles temos no Brasil, por exemplo. Já dos 66 tons de pele identificados pelo grupo em todo o mundo, no Brasil tem 55. Então o Brasil é mesmo uma laboratório a céu aberto e uma fonte de inspiração para inovar e depois lançar pordutos para o mundo inteiro", diz ele.

Essa capacidade de fazer grandes inovações em produtos é o que Denavit aponta como uma das vantagens competitivas da companhia, o que se estende, também, para o serviços ofertados. "Várias categorias nossas estão se beneficiando, por exemplo, do uso da tecnologia de realidade aumentada para teste de produtos nas plataformas digitais."