Brasil só perde para Indonésia na concentração de investimento "em casa"
Fenômeno do “home bias” é significativo nos mercados em crescimento e muito preponderante no Brasil
A alocação dos fundos de pensão no mercado de ações nacional é de 94% em relação ao peso do mercado no índice de ações global (Germano Lüders/Exame)

20 de outubro de 2020, 14h13
Tantos pessoas como instituições financeiras são propensas a investirem em ativos domésticos em detrimento dos externos em todo o mundo, fenômeno que é chamado de "home bias". Contudo essa tendência é mais forte ainda em mercados em crescimento, especialmente o brasileiro. É o que aponta o estudo “Preso em Casa: Home Bias em Portfólios”, da consultoria especializada em investimentos Mercer.
Em um levantamento com 12 países em crescimento, o Brasil só perde na concentração do investimento "em casa" para a Indonésia. No país, a alocação dos fundos de pensão no mercado de ações nacional é de 94% em relação ao peso do mercado no índice de ações global. Na Indonésia, o índice sobe para 100%, enquanto no Peru, país em crescimento na outra ponta da lista, desaba para 27%.
Veja abaixo o levantamento completo feito pela Mercer:

Estudo sobre home bias, da Mercer (Mercer/Reprodução)
Embora o home bias resulte em concentrações de risco abaixo do ideal, reduzindo a eficiência dos portfólios e tornando-os vulneráveis a uma variedade de riscos de curto prazo, o fenômeno ainda é preponderante por uma série de razões, como a incidência de impostos, a volatilidade cambial, barreiras regulatórias e custos de transação.
“É importante reconhecer que as regulamentações governamentais geralmente limitam o nível permitido de exposição internacional - mas, em nossa experiência, de modo geral os investidores subutilizam a permissão de exposição internacional dessas normas”, afirma Mauricio Martinelli, líder de Investimentos da Mercer Brasil.
Hora de sair de casa
De acordo com o estudo, ao se concentrarem demais no mercado doméstico, os investidores negligenciam todo o espectro de oportunidades, como investimentos em empresas de tecnologia inovadoras e disruptivas e setores econômicos para os quais não há como ter exposição no mercado doméstico. “Os universos de investimento doméstico geralmente oferecem participações muito limitadas no crescimento econômico e corporativo global”, contextualiza Martinelli.
Outra limitação comum do home bias é a variedade, a qualidade e a profundidade das estratégias e dos produtos de investimento oferecidos. O significado disso pode ser ainda mais problemático em países com pequenos mercados de capitais e setores financeiros em desenvolvimento. As ofertas domésticas podem limitar-se a simples mandatos de títulos e ações domésticos, gerenciados por um
pequeno número de gestores com abordagens sem diferenciação.
“Ao se limitarem a estratégias e produtos dominados pela exposição doméstica, os investidores renunciam a uma ampla gama de oportunidades fora do mercado local - restringindo a eficiência da construção de portfólio e da gestão de riscos - com custos de oportunidade particularmente altos
em mercados nacionais pequenos ou restritos”, complementa o consultor.
“Temos estimulado nossos clientes a revisar suas alocações estratégicas e a reavaliar a lógica do investimento direcionado ao home bias em diferentes classes de ativos. O lar é onde está o coração, mas às vezes os investidores devem sair de casa para obter os melhores resultados de investimento”, conclui Martinelli.
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