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Remy Sharp
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Javier Milei não poderia ter esperado uma reação melhor em seu primeiro dia como presidente eleito do que a alta dos ativos argentinos no exterior durante o feriado de segunda-feira, 20, no país vizinho.

Mas com a reabertura dos bancos na Argentina nesta terça-feira, 21, ele enfrenta o primeiro teste de sua promessa de dolarizar a economia: o risco de uma corrida para sacar pesos para comprar a divisa americana.

Embora os bancos tenham tomado medidas antes da votação de domingo para garantir que teriam dinheiro suficiente em mãos, executivos do setor têm dito aos reguladores, em conversas privadas, que podem precisar de ajuda adicional para reforçar o sistema.

“Amanhã será o dia da verdade,” disse Hans Humes, CEO da Greylock Capital, em entrevista à TV Bloomberg na segunda-feira.

Reforma econômica radical

Milei conquistou argentinos e investidores ao prometer uma reforma econômica radical, incluindo uma proposta assinada de eliminar o peso e substituí-lo pelo dólar americano. Ele chegou a dizer que o peso valia menos que “excremento.”

O problema agora é como manter a economia funcionando durante a transição, com uma moeda aparentemente condenada e sem detalhes de como Milei pretende executar suas promessas.

Em vez de dar indicações de suas intenções na segunda-feira, o escritório de Milei disse que ele não revelaria nomeações de ministros até sua posse em 10 de dezembro. O presidente eleito anunciou planos de visitar em breve Miami, Nova York e Israel em um viagem que tem “um significado espiritual mais do que outras características”.

Reações no mercado

Dado este cenário, o risco de uma corrida aos bancos para sacar pesos e comprar a divisa americana no mercado paralelo não pode ser descartado. As bolsas online de criptomoedas mostraram uma desvalorização do peso após a vitória de Milei.

“Estamos meio que marchando em direção ao desconhecido”, disse Alberto Ramos, economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs.

Um processo desordenado de compra de dólares pode causar sérios problemas à economia, inclusive alimentar a hiperinflação e minar as reformas radicais propostas por Milei antes mesmo que elas consigam decolar.

“Há uma chance de que isso dê certo, mas há muitos desafios”, disse Gorky Urquieta, codiretor da equipe de dívida de mercados emergentes da Neuberger Berman. “Será como andar na corda bamba, com muitos riscos envolvidos na execução, mas acho que o mercado vai dar espaço a ele.”

Primeiro, porém, a Argentina precisará passar por esta terça-feira.

Desvalorização do câmbio

Os executivos dos bancos não esperam uma grande desvalorização da taxa de câmbio oficial nos próximos dias, mas estão preocupados com o potencial de caos caso uma onda de saques aconteça. Eles têm mantido contato com funcionários do banco central, segundo pessoas com conhecimento direto do assunto.

Para aliviar a pressão sobre a diferença entre as taxas de câmbio durante o período de transição e permitir a entrada de mais dólares de exportação, as autoridades concordaram em permitir que os exportadores liquidem mais das suas vendas no exterior à chamada taxa de câmbio blue chip, disseram as pessoas, pedindo para não serem identificadas.

O banco central também planeja continuar comprando títulos do governo em pesos no mercado secundário para aliviar a pressão de venda, ao mesmo tempo que continua a emitir contratos em pesos no mercado futuro, acrescentaram as pessoas.

Um porta-voz do banco central da Argentina não quis comentar.

Os defensores do plano de Milei para se livrar do peso apontam que grande parte do país já está dolarizado há algum tempo — muitas transações imobiliárias e importações caras já são cotadas na moeda dos EUA.

“A confiança na moeda local é muito baixa e já existe um grau significativo de dolarização informal na economia”, disse Ramos, do Goldman Sachs.

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