Almoço no app do banco: Inter acerta parceria com o Delivery Center
Banco digital passará a oferecer o serviço de entrega de alimentos com débito diretamente na conta ou no cartão por meio do seu super app, ampliando a recorrência de uso
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Prédio do Banco Inter em Belo Horizonte (Banco Inter/Divulgação)
Publicado em 24 de fevereiro de 2021 às, 09h23.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2021 às, 09h37.
No mundo de negócios cada vez mais transversais graças ao avanço da tecnologia, as empresas se lançam a novas atividades de maneira às vezes inusitada. A novidade da vez será pedir o almoço ou o café diretamente no restaurante pelo aplicativo do banco.
É o que o Banco Inter (BIDI11), um dos bancos digitais pioneiros no país no modelo de super aplicativo, o super app, pretende que se torne recorrente. O banco acaba de acertar uma parceria com a Delivery Center, empresa especializada em entregas de lojas e restaurantes de shoppings e que tem a Multiplan (MULT3) como um de seus acionistas.
O novo serviço começa em meados em março para correntistas do Inter em Belo Horizonte e com abrangência nacional em abril para os 9 milhões de clientes do banco.
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O modelo do super app prevê a oferta de diferentes verticais de negócios para levar o cliente a aumentar a recorrência de uso dos serviços lá oferecidos. No caso original do Inter, serviços financeiros, mas que vão além e incluem marketplace de produtos (eletrônicos, roupas etc.), pet shop e agora também a entrega de alimentos e lanches.
É um modelo que marca uma nova fronteira já explorada ou nos planos de bancos digitais, como o BTG+ (o banco de varejo do BTG Pactual, do mesmo grupo que controla a EXAME) e o C6 Bank, para ficar em mais dois exemplos.
“O cliente já está 'logado' no aplicativo e não precisa cadastrar um cartão ou preencher os dados para pedir o almoço ou um lanche. O valor é debitado automaticamente da conta ou vai para o cartão de crédito, dependendo da opção de pagamento que escolher”, afirmou Rodrigo Gouveia, CEO do Inter Shop, à EXAME Invest.
É um modelo de cobrança que agiliza e reduz fricções no processo de compra, evitando fraudes no pagamento. No caso da Delivery Center, 60% dos pedidos são pagos dessa forma atualmente, ou seja, antecipadamente, o que evidencia o potencial de avanço nessa questão. Antes da pandemia, o percentual era ainda menor, de 40%.
Segundo Gouveia, lojistas se beneficiam pela ampliação do público potencial, que são os já citados 9 milhões de clientes da base atual do banco, e por uma espécie de programa de fidelidade por meio de cashback. O banco vai repassar parte de seu comissionamento em cada transação como valor revertido para o cliente gastar como quiser.
“O que o banco quer é a recorrência, é um dos seus principais ativos. E nada melhor para gerar recorrência do que alimentação. Ele já oferece pagamentos e serviços financeiros”, afirma Saulo Brazil, cofundador e CEO da Delivery Center.
Segundo ele, o usuário brasileiro -- de qualquer app de entregas -- faz em média de sete a oito pedidos de alimentação por mês. É uma recorrência que só perde para o uso de mídias sociais, pagamentos e serviços de transporte urbano.
No caso do Inter, além de pagamentos, recargas de celular e abastecimento de combustíveis são os serviços que mais geram recorrência atualmente.
“Quando ligamos os estoques nas lojas físicas nas cidades com a nossa rede logística e a capacidade de geração de pedidos que o Inter Shop tem, criamos um círculo virtuoso”, diz Brazil, citando benefícios a clientes e a perspectiva de ganhos maiores a lojistas e entregadores.
Será uma parceria operacional, sem troca de capital ou opções para que isso ocorra no futuro. E não há previsão de exclusividade. “Somos agnósticos de marca”, diz Brazil.
Gouveia, um executivo contratado junto ao Facebook há um ano e meio para liderar a área de marketplace do Inter, diz acreditar que o acordo representa um importante diferencial competitivo ao fazer a integração do banco digital com o serviço de delivery de ponta a ponta. “É um mercado de poucos players, muito concentrado”, completa o executivo, em referência ao mercado de entregas de alimentos.
Para o Delivery Center, que nasceu há três anos com o objetivo de integrar lojas físicas e entregadores ao mundo do e-commerce, a parceria representa um passo natural do desenvolvimento do negócio.
“Sempre tivemos como premissa que haveria a pulverização das plataformas de marketplace, com as empresas capitalizadas. Nossa missão é dar a liberdade para os lojistas acessarem esses canais, e é o que estamos fazendo com o Inter”, diz Brazil.
O marketplace do Banco Inter, lançado no fim de 2019, tem crescido em ritmo acelerado: o volume bruto de mercadorias (GMV, na sigla em inglês) totalizou 632,4 milhões de reais no quarto trimestre de 2020, com alta de 68% em relação ao trimestre anterior. Foram 3,8 milhões de transações no período. No ano inteiro, o GMV atingiu 1,170 bilhão de reais.