Painel de cotações na B3 (Germano Lüders/Exame)
Guilherme Guilherme
Publicado em 2 de julho de 2021 às 10h32.
Última atualização em 2 de julho de 2021 às 16h41.
O Ibovespa sobe nesta sexta-feira, 2, após três pregões de quedas causados por turbulências domésticas. Às 16h30, o principal índice da B3 sobe 1,46%, aos 127.497 pontos. O movimento é sustentado pelo otimismo externo, que auxilia na recuperação das baixas causadas pela reforma tributária e pela CPI da Covid-19. Por lá, o mercado foi surpreendido positivamente pelos dados de empregos não agrícolas dos Estados Unidos, o payroll.
Divulgado nesta manhã, o payroll revelou a criação de 850.000 empregos não agrícolas, superando as projeções de 700.000 novas vagas. Os empregos privados também cresceram mais do que o esperado, ficando em 662.000 ante estimativas de 600.000. A taxa de desemprego, porém, subiu de 5,8% para 5,9%, tendo em vista a maior busca por trabalho no país.
Os dados reforçaram o otimismo sobre a retomada da maior economia do mundo, mas não a ponto de desencadear temores do mercado sobre riscos de inflação -- e consequente mudança na política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central americano).
O cenário de retomada, somada a uma taxa de juros próxima de zero, é favorável para a renda variável e impulsiona as bolsas internacionais. Nos Estados Unidos, os índices S&P 500 e Nasdaq caminham para renovar suas máximas históricas, enquanto o Dow Jones também avança.
O otimismo também levantou a bolsa brasileira, mas os ruídos políticos continuam no radar. No final da manhã, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a abertura de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar o presidente Jair Bolsonaro por prevaricação no caso de irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin.
A notícia travou a queda do dólar, e levou a moeda americana a se valorizar contra o real, atingindo 5,074 reais na máxima. Às 16h30, o dólar é negociado em leve alta de 0,13%, a 5,052 reais.
Por aqui, ações do setor financeiro e da Vale (VALE3), com grande participação no Ibovespa, se recuperam das quedas do último pregão e contribuem para a alta do índice.
Mas, são as ações de consumo doméstico que despontam como destaques desta sessão. Entre as maiores altas, estão os papéis da Magazine Luiza (MGLU3) e Natura (NTCO3), que sobem 4,74% e 3,69%, respectivamente.
A maior alta, no entanto, fica com as units do BTG Pactual (BPAC11), que avançam 4,61% após o banco vender sua participação de Credpago para a Loft por 1,4 bilhão de reais.
A Ultrapar (UGPA3) também fica entre os destaques positivos do dia, avançando 4,57%. “As ações da Ultrapar vão aparecendo entre as maiores altas do dia de olho no andamento do programa de desinvestimentos da Petrobras (PETR3/PETR4), aguçando a expectativa do mercado por novas aquisições envolvendo as companhias”, afirmam, em nota, analistas da Ativa Investimentos.
Na véspera, a petroleira se desfez de fatia remanescente de 37% da BR Distribuidora (BRDT3), e os papéis da BR dispararam mais de 7%. Neste pregão, a companhia tem o segundo dia consecutivo de ganhos, avançando 4,02%.
Fora do Ibovespa, as ações da JSL (JSLG3) avançam 5,13%, após o envio de uma proposta de fusão para a Tegma (TEGM3), que dispara 13,03%. Segundo Bruno Lima, analista-chefe de ações do BTG Pactual Digital, a combinação de negócios é "extremamente" positiva para ambas as empresas, mas com uma leve vantagem para a JSL. "Não tem muito prêmio levando em conta o valor de mercado da Tegma. Mas é só a primeira discussão", disse no programa “Abertura de Mercado” desta sexta. A Simpar (SIMH3), controladora da JSL, avança 6,99%.
Na ponta negativa, a exportadora Suzano (SUZB3) lidera as perdas do índice caindo 2,07%, reagindo ao desempenho do dólar frente ao real. “Neste primeiro semestre, o mercado vinha exagerando na dose de pessimismo relativamente ao setor de papel & celulose, precificando deterioração dos fundamentos. Nas últimas semanas, contudo, com a apreciação recente do real, o tom de pessimismo foi aparentemente neutralizado. Mas a chacoalhada hoje no câmbio, fez esse tom de pessimismo voltar à tona”, explica Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos.