Inteligência Artificial

Startup usa IA para buscar novos tratamentos para doenças cardiovasculares

CardiaTec fez parceria com 65 hospitais no Reino Unido e nos Estados Unidos para coletar as amostras necessárias para seu desenvolvimento

De acordo com a OMS, doenças cardiovasculares são hoje a principal causa de mortes no mundo, resultando em 17,9 milhões de óbitos anuais. (Foto/AFP)

De acordo com a OMS, doenças cardiovasculares são hoje a principal causa de mortes no mundo, resultando em 17,9 milhões de óbitos anuais. (Foto/AFP)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 11 de setembro de 2024 às 11h35.

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A startup britânica CardiaTec, nascida na Universidade de Cambridge,  está utilizando a inteligência artificial (IA) para descobrir novos tratamentos para doenças cardiovasculares, que são hoje a principal causa de mortes no mundo, resultando em 17,9 milhões de óbitos anuais, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Para acelerar seus esforços, a empresa anunciou a captação de US$ 6,5 milhões (R$ 36,79 milhões) em uma rodada de financiamento inicial. Esses recursos serão destinados à ampliação da coleta de dados e ao desenvolvimento de novos modelos terapêuticos para combater essas enfermidades. As informações são do TechCrunch.

Fundada em 2021, a CardiaTec é liderada por Raphael Peralta, Thelma Zablocki e Namshik Han. Enquanto Peralta e Zablocki trazem uma sólida formação em biotecnologia e bioengenharia, Han se destaca por sua especialização em aprendizado de máquina e descoberta de medicamentos. Além disso, Han ocupa o cargo de chefe de IA no Milner Therapeutics Institute, da Universidade de Cambridge, onde a startup tem forjado parcerias importantes com a indústria farmacêutica.

Entender as doenças cardiovasculares

As doenças cardiovasculares, entre elas a doença cardíaca isquêmica, que ocorre quando há uma obstrução das artérias coronárias, são responsáveis por 13% de todas as mortes globais. Mesmo sendo um problema de saúde pública tão crítico, o progresso no desenvolvimento de novos tratamentos tem sido limitado. Segundo dados de uma análise conduzida pela Deloitte, o custo médio para levar um medicamento do estágio de pesquisa até o mercado gira em torno de US$ 2,2 bilhões (R$ 12,45 bilhões), e cerca de 90% dos candidatos a medicamentos falham ao longo desse processo. Esse cenário impõe barreiras significativas à inovação, e é exatamente esse desafio que a CardiaTec pretende superar utilizando IA.

A proposta da CardiaTec é decodificar a biologia das doenças cardiovasculares por meio de uma análise abrangente de dados biológicos, conhecida como "multiômica", que abrange várias camadas de informações moleculares.

Para atingir esse objetivo, a empresa firmou parcerias com 65 hospitais no Reino Unido e nos Estados Unidos, que fornecem amostras de tecidos cardíacos humanos, tanto de indivíduos saudáveis quanto de pacientes com doenças cardíacas. Esses dados são usados para construir o maior banco de dados de multiômica de tecido cardíaco humano, que inclui informações sobre genética, epigenética, expressão de genes e funcionamento de proteínas.

Esse trabalho de coleta de dados é essencial para alimentar os modelos computacionais da empresa, que, com o auxílio de IA, são capazes de analisar esses dados em uma escala que seria impossível para cientistas humanos. Isso permite uma compreensão mais profunda dos mecanismos biológicos que estão por trás das doenças cardiovasculares e possibilita a identificação de novos alvos terapêuticos.

No entanto, a aplicação de IA na descoberta de medicamentos ainda está em estágio inicial. Embora muitas empresas estejam explorando essa tecnologia, poucos tratamentos derivados desse processo chegaram ao mercado até o momento. Mesmo assim, o entusiasmo em torno do potencial da IA na medicina tem crescido rapidamente. Nos últimos meses, por exemplo, a Xaira captou mais de R$ 5,66 bilhões (US$ 1 bilhão) em financiamento, e a Formation Bio, apoiada por Sam Altman, levantou R$ 2,10 bilhões (US$ 372 milhões) para avançar na pesquisa de novos medicamentos. No Reino Unido, a Healx levantou R$ 266,02 milhões (US$ 47 milhões) para focar no desenvolvimento de tratamentos para doenças raras.

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