Inteligência Artificial

O que fazer se o Google contratar seus executivos? A lição da Character.ai após acordo com a gigante

A startup de IA fechou um negócio US$ 2,7 bilhões com o Google em troca de 20% de sua equipe; para continuar no setor, restou apostar em apenas um produto

Noam Shazeer e Daniel De Freitas: os fundadores da Character.ai que foram para o Google (Winni Wintermeyer/Getty Images)

Noam Shazeer e Daniel De Freitas: os fundadores da Character.ai que foram para o Google (Winni Wintermeyer/Getty Images)

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 2 de outubro de 2024 às 11h05.

Última atualização em 2 de outubro de 2024 às 11h18.

A Character.ai, uma startup de inteligência artificial (IA) fundada há três anos, está reformulando sua estratégia para focar no desenvolvimento de produtos de consumo, em vez de competir no mercado de grandes modelos de linguagem (large language models, ou LLMs).

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A mudança ocorre após o Google contratar os cofundadores da empresa, Noam Shazeer e Daniel De Freitas, e um parcela de 20% de outros funcionáros, em um acordo de US$ 2,7 bilhões. Com uma base de usuários ativa mensal de 20 milhões, predominantemente jovens de 13 a 25 anos, a empresa tem seu foco voltado para o crescimento dessa plataforma.

Em entrevista ao jornal inglês Financial Times, Dominic Perella, novo diretor interino disse que, com as mudanças, está abandonando a corrida para construir modelos de linguagem avançados, dada a dificuldade de competir com empresas como Microsoft, Google e Amazon, que possuem investimentos maciços no setor. A companhia agora busca concentrar esforços em seus chatbots casuais e de entretenimento, que simulam conversas no estilo de celebridades e personagens da cultura pop.

"Ficou extremamente caro treinar modelos de ponta, o que é difícil de financiar, mesmo com um orçamento grande para uma startup" afirmou Perella. A mudança de direção da Character.ai reflete uma tendência entre outras startups, que estão recalculando rota devido aos custos exorbitantes.

O lado Google da coisa

Em agosto, o Google contratou 20% da equipe da Character.ai para integrar sua divisão de IA, a DeepMind, e pagou US$ 2,7 bilhões por uma licença única dos modelos da startup, sem acesso a futuras tecnologias. Esse movimento reacendeu preocupações de que grandes empresas de tecnologia possam replicar facilmente as inovações das pequenas, pressionando-as a saírem do mercado.

Após o acordo com o Google, a Character.ai adotou uma estrutura inédita no Vale do Silício, transformando-se em uma cooperativa onde a propriedade foi distribuída entre os funcionários. Perella, cujo controle acionário é inferior a 10%, afirmou que a empresa está bem financiada para operar pelos próximos 18 meses, mas que provavelmente buscará novos investimentos de capital de risco no futuro.

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