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Ensino técnico: um elo entre educação e mundo do trabalho

Enquanto parte dos jovens não tem perspectiva de formação universitária e empregabilidade, empresas brasileiras perdem competitividade. Ensino profissionalizante é a ponta que falta para unir um ponto ao outro

Escola pública em São Paulo (Patricia Monteiro/Bloomberg/Getty Images)

Escola pública em São Paulo (Patricia Monteiro/Bloomberg/Getty Images)

Publicado em 28 de junho de 2023 às 11h32.

Última atualização em 6 de julho de 2023 às 12h32.

Um dos maiores desafios da educação brasileira é oferecer aos estudantes uma formação completa para o início da vida profissional. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), divulgados recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que a proporção de pessoas de 25 anos ou mais que concluíram o Ensino Médio é de apenas 53,2%. Ou seja, quase metade dos brasileiros não conclui o ciclo básico de aprendizagem.

Em relação àqueles que conseguiram avançar para a próxima etapa, o mesmo levantamento do IBGE informa que apenas 19,2% concluíram o Ensino Superior em 2022. Isso num cenário em que as opções de cursos universitários se tornaram mais acessíveis com a regulamentação do Ensino a Distância (EAD) no país.

É desnecessário dizer que o déficit educacional prejudica esses jovens na hora de disputarem uma colocação no mercado de trabalho. Além disso, a falta de qualificação dessa mão-de-obra impacta negativamente a produtividade dos negócios no país.

Não por acaso, nos últimos 40 anos, mais exatamente no intervalo que vai de 1981 até 2021, a taxa média de crescimento da produtividade do trabalhador brasileiro foi de 0,6% ao ano – uma das mais baixas do mundo. Os dados são do Observatório da Produtividade do FGV Ibre.

Então, como melhorar a vida de milhares de trabalhadores e, ao mesmo tempo, contribuir para o crescimento econômico do país?

Formação técnica e profissionalizante

O ensino técnico desponta como o elo que faltava para unir um ponto ao outro. Embora ainda seja muito estigmatizado no país, essa modalidade educacional que capacita tecnicamente os estudantes para o mercado de trabalho é estabelecida nas economias que estão entre as mais competitivas do mundo.

Aqui no Brasil, o ensino técnico é incipiente, com destaque para as iniciativas de fomento de instituições como o Sistema S. Uma pesquisa do Itaú Educação e Trabalho constatou que mais de a metade dos jovens que concluíram apenas o Ensino Médio trabalha em atividades mais simples, ao passo que aqueles que concluíram o ensino técnico têm maiores chances de conseguir um emprego de carteira assinada em funções mais elaboradas.
Uma vez que o estudante é capacitado pelo curso técnico, ele consegue uma colocação imediata no mercado de trabalho, adquire experiência profissional e ainda tem grandes chances de trilhar uma carreira de sucesso dentro de uma empresa - mesmo sem formação acadêmica.

É bom ressaltar que o ensino técnico não exclui a possibilidade de cursar o Ensino Superior. Além disso, ele aumenta as chances dos jovens mais pobres de conquistarem um currículo no futuro. Assim, por exemplo, um estudante que faz o curso de eletrônica na escola e possui um emprego qualificado por isso poderá, mais adiante, se formar como engenheiro, pagando a universidade do próprio bolso. A universidade, neste caso, será um complemento a mais para qualificar sua formação técnica.

O que prevê o Novo Ensino Médio?

O chamado Novo Ensino Médio, cuja implementação foi temporariamente suspensa pelo governo, prevê justamente a possibilidade do ensino técnico como opção de “itinerário formativo” ou caminho para a especialização dentro da escola.

É mais um passo importante para uma virada de chave que poderá impactar positivamente a vida de milhares de jovens brasileiros, sobretudo aqueles que evadem o Ensino Médio porque precisam de emprego e o currículo tradicional não apoia sua formação profissional.

De todo modo, mesmo com essa mudança, ainda precisamos de mais ações, sobretudo da parte do empresariado e dos empregadores em geral, para pavimentar o caminho e consolidar o ensino técnico e profissionalizante no país como uma alternativa viável para gerar renda e riqueza para todos.

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