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Preço do bitcoin em corretoras da Argentina é duas vezes maior que valor 'oficial'; entenda

Crise econômica no país também leva à circulação de diferentes câmbios para trocas entre peso e dólar, afetando preço de criptomoedas

Desvalorização do peso argentino afeta preço do bitcoin no país (Reprodução/Reprodução)

Desvalorização do peso argentino afeta preço do bitcoin no país (Reprodução/Reprodução)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 26 de abril de 2023 às 11h06.

Última atualização em 26 de abril de 2023 às 11h07.

A moeda oficial da Argentina intensificou nos últimos dias um forte movimento de desvalorização em relação ao dólar, conforme a crise econômica do país continua a piorar. E o cenário afeta também os investidores de criptomoedas. Em algumas das maiores corretoras do país, o preço do bitcoin chega a ser duas vezes maior que o "oficial".

O motivo para a discrepância é a existência de diversos câmbios diferentes no país, cada um com uma determinada cotação entre o peso argentino e o dólar. O câmbio oficial, divulgado pelo governo, aponta atualmente que US$ 1 seria equivalente a 221 pesos argentinos. Porém, no chamado dólar blue, que é a taxa de câmbio com livre negociação no mercado e mais usada pela população, a moeda está ainda mais desvalorizada: US$ 1 é equivalente a 490 pesos argentinos atualmente.

Por causa disso, há uma discrepância entre o que seria o valor "oficial" do bitcoin - levando em conta a cotação divulgada pelo governo - e o que é o valor na prática para compras e vendas da criptomoeda no país. A discrepância faz com que essa diferença já seja de mais de duas vezes a cotação que é divulgada em pesquisas no Google, por exemplo.

Segundo o buscador, 1 bitcoin seria o equivalente a 6.618.129,97 pesos argentinos. Já em duas das maiores corretoras de criptomoedas da Argentina, o valor é muito maior. Na Ripio, 1 bitcoin tem o preço de compra de 14.797.188,43 pesos argentinos e um preço de venda de 13.744.541,59 pesos argentinos. E na exchange Buenbit, 1 bitcoin pode ser comprado por 14.483.500,00 pesos argentinos.

O cenário de desvalorização cambial no país fez com que o preço da criptomoeda em pesos argentinos atingisse o seu maior valor desde maio de 2022, segundo os dados divulgados pela Ripio. Em maio, o bitcoin também era cotado em valores superiores a US$ 20 mil, mas podia ser comprado na corretora por cerca de 8 mil pesos argentinos, e não os 14 mil atuais.

A valorização do ativo em relação ao peso argentino ocorreu mesmo em dias em que a criptomoeda registrou desvalorização, como nas semanas mais recentes de abril, mostrando como o cenário cambial na Argentina acabou encarecendo o ativo. O cenário é semelhante para outras criptos, como o ether, cuja cotação oficial é de cerca de 400 mil pesos argentinos, mas o preço de compra na Buenbit é de 900 mil pesos.

Criptomoedas na Argentina

Apesar do bitcoin ser a criptomoeda mais popular do mundo, na Argentina ele não é o criptoativo mais procurado por investidores. Um estudo da empresa Chainlysis revelou que os argentinos estão mais interessados nas chamadas stablecoins, criptomoedas que são pareadas a outro ativo, acompanhando a sua cotação.

Nesse caso, as stablecoins mais populares no país são as que estão pareadas ao dólar, ou seja, 1 unidade dela sempre equivale a US$ 1. Segundo a Chainlysis, elas têm sido usadas pelos argentinos principalmente como uma forma de ter acesso facilitado à moeda norte-americana e proteger seu patrimônio das flutuações do peso argentino.

Em artigo para a EXAME, a empresa observou que "cada vez mais argentinos têm optado por salvar suas economias em stablecoins. Mais de 31% do volume de pequenas transações utilizando criptomoedas no varejo da Argentina é feita com com esses ativos, em comparação com apenas 26% do Brasil e 18% do México".

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