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Futuro das redes sociais é na Web3: conheça o SocialFi, que pode 'matar' Facebook e Twitter

O futuro das redes sociais terá usuários que são donos dos seus dados e do seu conteúdo, e podem monetizá-lo como bem entenderem

Novas ferramentas de Inteligência Artificial já se tornaram essenciais para potencializar os resultados de marketing (Getty Images/Reprodução)

Novas ferramentas de Inteligência Artificial já se tornaram essenciais para potencializar os resultados de marketing (Getty Images/Reprodução)

Felippe Percigo
Felippe Percigo

Especialista em criptoativos

Publicado em 30 de setembro de 2023 às 10h57.

Você já ouviu a expressão "SocialFi"? É uma mistura dos termos "social" e "DeFi", de finanças descentralizadas.

Na prática, o SocialFi é uma maneira totalmente nova de se relacionar socialmente na internet, com base nas ferramentas da Web3. A blockchain funciona como o motor da interação e recursos como NFTs e criptomoedas são os combustíveis.

Plataformas populares como Instagram, X (antigo Twitter) e Tik Tok tendem a perder espaço à medida que a superioridade dos mecanismos do SocialFi chegue ao conhecimento dos usuários. Se não quiserem morrer, as tradicionais terão obrigatoriamente que se adaptar.

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As maiores redes sociais atualmente seguem a cartilha da Web2. São comandadas pelas big techs e estão amparadas em práticas que há muito vêm sendo questionadas pelos usuários. Fazem de tudo para estabelecer muros e isolar os usuários dentro de seus ecossistemas. Por isso, são tão engessadas.

Na Web2, o usuário que cria conteúdo em uma rede não consegue compartilhar o mesmo conteúdo em outra. Claro que não estou falando sobre copiar aqui e colar ali, algo que virou hábito exatamente pela impossibilidade de integração. É sobre não existirem pontes entre as plataformas que deem liberdade de escolha ao usuário.

Meta, ByteDance e as demais empresas que oferecem o serviço acabam donas do conteúdo, controlando o que pode e o que não pode ser feito.

Vivem criando formas de manter os usuários o máximo de tempo possível sob seus domínios, para que eles sigam gerando dados e elas se beneficiem disso. Sabe aquela frase clássica “Se o produto é grátis, você é o produto”? Pois é. Além de não ser dono do seu próprio conteúdo, você também não é dono dos seus dados.

A proposta da Web3 é romper com essa cela. Criadores, desenvolvedores e todos os demais participantes da comunidade se tornam donos da própria experiência.

São criados ambientes descentralizados, mas com o usuário no foco, onde ele é incentivado a participar ativamente das comunidades e nas decisões de seus projetos de interesse.

Ao serem donos da própria experiência, estão aptos, inclusive, a monetizá-la como desejarem. Você não precisa ser exatamente um influencer para ganhar dinheiro em uma rede social da Web3. Qualquer pessoa que produz conteúdo está gerando valor, portanto pode fazer grana com o que produz.

Na Web2, por outro lado, o modelo é centralizado nas mãos das grandes corporações, os dados armazenados em seus servidores e as decisões são tomadas de forma conveniente aos interesses das próprias empresas.

Principais aspectos do SocialFi

Governança descentralizada

As plataformas SocialFi são baseadas em um modelo de governança descentralizada, conhecido como DAO (Organização Autônoma Descentralizada). Essa estrutura foi elaborada para gerenciar de forma mais equitativa os incentivos a todas as partes interessadas, ou seja, os detentores de tokens da plataforma.

Os tokens dão aos usuários a capacidade de influenciar como a plataforma é administrada, permitindo que votem em propostas relacionadas ao desenvolvimento e gerenciamento da rede. Você se torna uma espécie de acionista do projeto.

O movimento busca impedir a concentração de poder, como acontece com as big techs na Web2.

Monetização

Ao adicionar DeFi ao mix, o SocialFi oferece aos usuários a oportunidade de ganhar recompensas na forma de criptomoedas. E, na contramão das mídias sociais tradicionais, as recompensas realmente representam o valor que as pessoas geram.

Cada usuário é um “creator”. Não apenas marcas e empresas, mas também todos os indivíduos participantes do SocialFi podem criar seus próprios tokens sociais e, assim, gerenciar suas próprias economias. Estamos falando de personalização, algo que não existe no modus operandi da Web2.

A lógica é a mesma dos protocolos DeFi e dos games da Web3 (GameFi), onde a economia é movimentada pelos tokens de utilidade. Só que, neste caso, é aplicada no nível do usuário.

Vamos supor que eu, Felippe, crio um token social para impulsionar a minha marca pessoal em algum aplicativo SocialFi. Eu posso desenvolver todo um programa de recompensa dedicado aos meus seguidores para estimular diversos tipos de interações, como, por exemplo, acesso a uma semana de conversas no privado comigo. Assim, quem tiver o meu token estará habilitado a participar. A monetização acontece diretamente entre o criador e seu público.

Além de valor monetário, o token social é ótimo para consolidar vínculos reais dos usuários com projetos e ideias. É o que acontece quando investidores compram ações de uma empresa, eles acabam se envolvendo com ela.

No SocialFi, qualquer pessoa pode gerar seu próprio token e monetizá-lo de acordo com o valor que acredita estar entregando.

Propriedade digital e identidade

Aqui entram os NFTs, que ficaram famosos como colecionáveis, mas no SocialFi vão muito além disso, atuando na propriedade digital, no gerenciamento da identidade do usuário e na integridade do conteúdo.

Nessa dinâmica, os usuários têm garantida a propriedade de seus ativos digitais, desde suas postagens até artes digitais. Podem comercializá-los à sua maneira e cobrar o que acha que merecem.

Um avanço interessante do SocialFi é a flexibilidade. Suponhamos que você é um artista e desenvolveu uma coleção de tokens não fungíveis. Você pode optar por compartilhar os rendimentos das obras com os detentores dos seus tokens sociais, criando, assim, um incentivo para que se engajem na divulgação do seu trabalho. Cria-se uma relação ganha-ganha.

Futuro e desafios do SocialFi

Um levantamento recente da BDG Consulting mostra que hoje o número total de usuários de projetos SocialFi soma 14 milhões, dos quais 5 milhões são ativos. É um setor, portanto, que ainda está em sua infância e precisa evoluir consideravelmente para que seja palatável a um público mais amplo.

Nas redes sociais tradicionais, um usuário típico passa cerca de 2 horas e meia por dia navegando, apesar de todos os poréns envolvendo questões como privacidade e propriedade.

Não posso imaginar outro cenário que não uma crescente migração desse público para as mídias sociais da Web3, à medida que algumas limitações do SocialFi sejam superadas.

Mas há desafios, como:

  • a usabilidade das plataformas, que ainda não são simples o suficiente para um público que está acostumado com Instagram e Tik Tok
  • a escalabilidade, uma vez que não se sabe se a blockchain é capaz de lidar com um volume tão massivo de dados de usuários como hoje fazem as redes tradicionais
  • modelos econômicos sustentáveis, já que os mecanismos de incentivo até agora só foram testados em pequena escala e precisam ser colocados à prova em proporções maiores.

Ainda assim, é inegável que o SocialFi nos coloca diante do futuro do relacionamento na internet. Não fosse assim, esforços como o do X para adotar criptomoedas e o flerte do Instagram com os NFTs não teriam surgido no circuito.

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