
(Bloomberg/Getty Images)
Dois dos maiores investidores institucionais do mercado de criptoativos mostraram nos últimos dias que não estão muito preocupados com a queda no preço do bitcoin e que seguem confiantes no futuro do ativo digital: MicroStrategy e Grayscale anunciaram a compra de quase 1,3 bilhão de dólares (6,5 bilhões de reais) em bitcoin. Os anúncios foram feitos na semana em que o ativo acumula perdas de quase 14%.
A Grayscale, maior custodiante de bitcoin do mundo e que gerencia o fundo Grayscale Bitcoin Trust (GBTC), focado em investidores institucionais, foi responsável pela maior parte desse volume. A empresa norte-americana comprou 1,28 bilhão de dólares no ativo nos últimos sete dias, segundo publicação de seu CEO, Michael Sonnenshein.
O valor é recorde para a Grayscale, cuja média de compra semanal no último trimestre de 2020 — quando começou a mais recente alta do bitcoin — foi de "apenas" 217 milhões de dólares. Atualmente, o GBTC se aproxima da marca de 25 bilhões de dólares em bitcoin sob sua custódia.
A MicroStrategy também foi às compras mais uma vez. Depois de adquirir 1,1 bilhão de dólares em bitcoin entre agosto e dezembro de 2020, a empresa voltou a investir no principal ativo digital do mundo. Apesar de parecer pequena quando comparada aos aportes da Grayscale, a operação divulgada nesta sexta-feira, 22, ainda é bastante significativa.
Segundo o CEO da companhia, Michael Saylor, a MicroStrategy aproveitou a queda do bitcoin para acrescentar mais 10 milhões de dólares do ativo ao seu patrimônio. Apenas em bitcoin, a empresa de software já tem, graças à valorização recente do criptoativo, 2,3 bilhões de dólares.
Na transação mais recente, a MicroStrategy adquiriu 314 bitcoins a um preço médio de 31.808 dólares, incluindo taxas e custos da operação. Agora, a empresa soma 70.784 bitcoins, a um preço médio de 16.035 dólares — a metade da cotação atual do ativo.
A queda no preço do bitcoin
O bitcoin vive um momento de baixa após meses em que sua cotação se multiplicou quase ininterruptamente. Na última semana, acumula perda de 13,65% e é negociado na faixa de 32.500 dólares. Na noite da última quinta-feira, 21, porém, o ativo sofreu uma correção, chegando a ser negociado abaixo de 30 mil dólares pela primeira vez desde 4 de janeiro.
O criptoativo, que em setembro de 2020 valia 10 mil dólares, subiu quase sem interrupções até o dia 8 de janeiro de 2021, quando atingiu sua máxima histórica perto de 42 mil dólares. Desde então, já sofreu duas correções. A primeira no dia 11, quando recuou 22%, até pouco menos de 33 mil. Depois de se recuperar e testar a faixa dos 40 mil dólares no último dia 15, voltou a sofrer correção na noite da última quinta.
A queda pode ser explicada por uma série de razões, como temor de pequenos investidores com desvalorização no curto prazo, preocupação de parte dos investidores com a investigação sobre o Tether e a exchange Bitfinex, liquidação de posições no mercado de contratos futuros de bitcoin que, segundo especialistas, estava superaquecido, e incertezas quanto ao cenário político nos EUA.
O fato mais importante, entretanto, foi a divulgação de um suposto — e inédito — gasto duplo na rede Bitcoin. Divulgado pelo braço de análise e pesquisa da corretora BitMEX, o suposto erro chama a atenção por nunca ter acontecido nos 12 anos de história do Bitcoin e por ser justamente uma das situações que o protocolo se propõe a impedir que aconteça. Apesar do impacto no mercado, o fato ainda não foi confirmado.
No momento da publicação, o bitcoin é negociado a 32.600 dólares no mercado internacional e 180 mil reais nas exchanges brasileiras, mostrando um cenário de bastante volatilidade, ainda comum para o mercado cripto.
No curso "Decifrando as Criptomoedas" da EXAME Academy, Nicholas Sacchi, head de criptoativos da Exame, mergulha no universo de criptoativos, com o objetivo de desmistificar e trazer clareza sobre o funcionamento. O especialista usa como exemplo o jogo Monopoly para mostrar quem são as empresas que estão atentas a essa tecnologia, além de ensinar como comprar criptoativos. Confira.