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Remy Sharp
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Criado em 1988, o Banco BV não é uma fintech ou um banco digital, mas isso não significa que a instituição não tenha a inovação no radar. E um dos assuntos mais importantes para o setor bancário nos últimos anos é a digitalização da economia, como se adaptar a ela e criar novos produtos, serviços e estratégias para clientes. Nesse cenário, somam-se novidades como o Pix, o Open Finance e o Real Digital.

Em entrevista exclusiva à EXAME, executivos do BV destacam que o banco tem tido uma participação ativa no desenvolvimento de todas essas ferramentas. No caso da tokenização e do Real Digital, Jimmy Lui, head de inovação e Open Finance, ressalta que o banco "está trabalhando dentro do que o arcabouçou regulatório permite. Temos um programa de inovação aberta maduro, buscando complementaridade com fintechs".

Ele avalia que o tema é "relativamente novo" para os grandes bancos, o que demanda "educação, estar próxima da tecnologia, trabalhar com fintechs". Exatamente por buscar essa proximidade, o BV participa do desenvolvimento do Real Digital desde a sua primeira etapa, o Lift Challenge. Agora, sua proposta foi uma das 16 selecionadas para participar dos testes do piloto da versão digital da moeda brasileira.

Real Digital

Lui explica que a grande mudança do Real Digital é que, na prática, "o dinheiro vai virar um software, e quando o dinheiro vira software de verdade, consegue se integrar com outros softwares, como os de posse, e consegue fazer coisas mais inteligentes, que hoje não são possíveis". A lógica é semelhante ao do surgimento de qualquer nova tecnologia: trazer soluções mais simples para os desafios e processos do cotidiano.

O executivo vê a moeda digital brasileira como uma "primeira camada", que vai dar espaço para entender como explorar sua tecnologia e gerar "outras camadas de integração em que consegue fazer transferências por um app, de carro, casa, tudo de forma remota, sem precisar de cartório. É um dinheiro programável, conectado, mas com potencial de muito mais inovação".

Nesse sentido, ele lembra que o Real Digital — com previsão de lançamento para o público no fim de 2024 — ainda está sendo concebido, e por isso é cedo para dizer com certeza quais serão os seus principais casos de uso. "Podemos ter um monte de ideia, mas é o cliente quem diz o caso de uso de verdade. O Real Digital é mais uma tecnologia base, a beleza dele vai ser na segunda, terceira onda".

"O mundo cripto nasceu completamente fora do mainstream, então quando traz para o mainstream, os grandes bancos têm um potencial enorme de distribuição, educação do cliente, criação, aumenta muito. É um conhecimento acumulado das possibilidades, dos produtos, ao juntar essas novas tecnologias. Você tem um belo acelerador para aumentar a adesão dos clientes", avalia.

É uma visão semelhante à de João Gianvecchio, gerente de inovação e de ativos tokenizados do BV. Ele diz que os principais casos de uso em estudo no momento tem como foco "tirar fricção de modelos": "Hoje, quando faz a compra e venda de um veículo, tem de fazer a transferência em algum lugar, depois do recurso e aí sim pega o automóvel. Com o Real Digital, quando faz a transação, pode programar tanto o bem quanto o dinheiro. É algo atômico. Ao vender, o registro já vai estar uma versão tokenizada, então programa o documento do veículo para ser transferido uma vez que a transferência do dinheiro ocorre".

O exemplo de Gianvecchio mostra como a moeda digital pode mudar diversas operações do dia a dia. Além de trazer a programabilidade, o executivo também cita uma eficiência e transparência maiores como grandes vantagens do Real Digital. "A partir do momento que o dinheiro passa a ser programável, você vai extrapolando os usos cada vez mais".

E isso, é claro, também vai impactar as operações dos bancos. No caso do BV, o gerente afirma que a instituição já vem "há um tempo" em uma jornada de "olhar no mundo de blockchain, smart contract, tokenização". "No ano passado, fizemos testes de tokenizar recebíveis de atacado e fazer a distribuição para uma whitelist. A tokenização de ativos ainda era uma grayzone, um ativo que ainda vai ser regulado", pontua.

"Nós vimos que é possível fazer, fragmentar recebível em pequenas partes, e isso gera acesso para vários tipos de investidor. Aumenta o acesso para os clientes", destaca Gianvecchio. Atualmente, o banco tem projetos em estudo envolvendo áreas como tokens não fungíveis (NFTs, na sigla em inglês) e contratos inteligentes. E eles vão se somar aos planos para o Real Digital.

Para o executivo do BV, o projeto do Banco Central vai ter "um impacto muito grande na vida das pessoas", e o Brasil pode sair na frente desse processo, já que, "de forma inédita, o BC, diferentemente de outros projetos regulatórios, está abrindo bastante a discussão antes de falar o que vai ser a regulamentação. Aí sim vai definir como trabalhar tudo isso. O impacto é gigantesco, o ponto é ver como esse quebra-cabeça vai ser integrado".

Integração com o Open Finance?

O Real Digital faz parte da agenda de digitalização da economia proposta pelo Banco Central, que também inclui o Pix e o Open Finance. Entretanto, Gianveccio afirma que ainda é cedo para pensar nas integrações entre todas essas ferramentas: "A tese do Banco Central é gerar mais inclusão, ter produtos mais personalizados, fáceis, já que a população está se digitalizando mais. Mas como esse quebra-cabeça se junta é o grande porém".

Jimmy Lui vai na mesma linha, afirmando que ainda é cedo para falar de uma integração entre o Open Finance e a tokenização. E um dos principais motivos para isso é que o próprio Open Finance ainda não foi finalizado, e deve ter "pelo menos mais um ano de construção", com as empresas explorando e entendendo melhor como usar esse recurso.

"A indústria tinha algumas hipóteses sobre casos de uso, falavam de agregadores como primeiro caso, e na verdade, o BV vê que o maior benefício tem sido em crédito, usando dados como renda para melhorar o limite do cliente", explica Lui. Para ele, o Real Digital e o Open Finance são habilitadores, e não produtos em si, para outros produtos e serviços que surgirão posteriormente.

"Juntando habilitadores, você pode ter várias aplicações, modelos de negócio, produtos. Estamos criando toda uma infraestrutura de pagamento instantâneo, troca de informação, dinheiro programável, que é base para explosão de inovação no próximo ano. O que o cliente vai usar, e como, ainda está cedo para dizer", avalia.

"As pessoas gostam das teses, produtos finais, acha que não é o caso, é uma infraestrutura tecnológica super importante que vai replataformizar bastante da tecnologia que a gente conhece hoje. A palavra é integração. A hora que tudo estiver maduro, vai ser outra experiência", prevê o executivo do BV.

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