Future of Money

Banco Central quer trazer criptomoedas "para perto" com o Drex, diz Campos Neto

Presidente do Banco Central afirmou que aproximação com criptoativos reduz riscos e facilita regulamentação do setor

Roberto Campos Neto é o atual presidente do Banco Central (Lula Marques/Agência Brasil)

Roberto Campos Neto é o atual presidente do Banco Central (Lula Marques/Agência Brasil)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 12 de dezembro de 2023 às 10h00.

Roberto Campos Neto, atual presidente do Banco Central, afirmou na última terça-feira, 5, que a autarquia está buscando trazer as criptomoedas "para perto" como forma de facilitar a sua regulamentação e reduzir possíveis riscos ao mercado. Para isso, ele destacou a importância do Drex, a versão digital do real, nesse momento.

Durante sua participação no evento "Casa Jota Recebe", o presidente do Banco Central explicou que, na visão da autarquia, "expelir o mundo de criptomoedas e de stablecoins do mundo financeiro talvez não seja a  melhor coisa a se fazer. Eu acho que melhor do que expelir, proibir, é tentar entender e trazer para perto do mundo financeiro".

Campos Neto destacou que vê o Drex e outras as moedas digitais de bancos centrais (CBDC) como uma "tentativa de fazer isso, de trazer tudo para perto, porque eu acho que quanto mais perto tiver mais você vai conseguir regular,
mais você conseguir vai vai conseguir entender e menos surpresas você vai ter".

"No final das contas, o mundo financeiro está sempre ligado por capacidade de compra. Então, se tem um setor que você expeliu e que tem grande importância na economia mas não é regulado, se tiver algum problema nele vai impactar o que está regulado, porque os fluxos financeiros se comunicam. A gente entende que esse é o melhor caminho a seguir", defendeu.

Regulamentação de stablecoins

Sobre a regulamentação desse mercado, Campos Neto comentou que as stablecoins são um dos focos da autarquia no momento, em especial devido ao seu crescimento no Brasil. Ele explicou que esse tipo de criptoativo, que é pareada com outros ativos, incluindo o dólar, acabou facilitando o investimento e sendo usado como reserva de valor, com um "crescimento muito acelerado", mas ainda possui riscos.

Na visão dele, o principal problema é a garantia de paridade e estabilidade: "Seria importante que quando você estivesse comprando uma moeda e do outro lado tivesse uma coisa muito parecida com o dólar. O que se
descobriu recentemente é que isso nem sempre é 100% verdade, às vezes as empresas que fazem essa emissão investem em título mais de longo prazo, às vezes não estava coberto um para um, então aí eu acho que precisa ter uma regulamentação mais incisiva".

Ele defendeu, ainda, que haja uma segregação de lastro dos ativos de forma individualizada, em que o investidor poderia consultar a garantia de paridade especificamente para o ativo que ele adquiriu.

"A gente entende que sim, precisa ter segregação de contas, precisa ter segregação de lastro. O ideal é, se você comprar uma criptomoeda, você poder entrar no sistema e ver a sua criptomoeda lá e, se ela for baseada em algum lastro, deveria ter a visibilidade do lastro que está gerando aquela criptomoeda", disse.

yt thumbnail

Siga o Future of Money nas redes sociais: Instagram | Twitter | YouTube Telegram | Tik Tok

Acompanhe tudo sobre:Roberto Campos NetoBanco CentralCriptomoedasDrex (Real Digital)

Mais de Future of Money

Temporada de altcoins: como identificar narrativas lucrativas

IA generativa agora é problema dos CEOs e não é solução para tudo, diz VP da IBM

ETFs de bitcoin dos EUA ultrapassam Satoshi Nakamoto e acumulam mais de 1,1 milhão de BTCs

Trump manda recado para investidores após bitcoin superar US$ 100 mil: "De nada"