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Análise técnica, fundamentalista e de sentimento: saiba como usá-las a seu favor no mercado cripto

Saiba como fazer uma boa estreia no "verão cripto" de 2024 e aprenda a fazer análise técnica, fundamentalista e de sentimento

 (Reprodução/Reprodução)

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FP
Felippe Percigo

Especialista em criptoativos

Publicado em 8 de outubro de 2023 às 11h02.

Sua primeira vez no mercado de alta de criptomoedas? O primeiro mercado de alta, a gente nunca esquece.

No ano que vem, milhões de novos investidores devem viver essa experiência pela primeira vez. Desde o fim de 2021, já são mais de 130 milhões de entrantes na criptoesfera, segundo um levantamento recente.

Não tenho bola de cristal, nem eu nem ninguém, mas os indicadores apontam perspectivas muito positivas para 2024, o que inclui a realização de mais um halving do bitcoin.

Quem ficar de fora vai perder uma oportunidade rara nesta década, mas também não dá para embarcar contando só com a vontade. Para que o ciclo de alta seja memorável e não traumático, esses investidores estreantes terão muito trabalho a ser feito até lá.

Entender o básico é a única forma de começar. Parece óbvio, mas não é. Muitos entrantes são motivados pelo potencial de lucro, ou seja, desejam fortemente resultados, mas ignoram o processo. Não conhecem o seu perfil de investidor, não definiram objetivos nem têm ideia de quais criptomoedas podem funcionar bem em um portfólio.

Então, vamos nos educar.

Nesta coluna, vou apresentar alguns termos e conceitos do universo cripto a partir da introdução de três tipos de análise de mercado: análise fundamentalista, técnica e análise de sentimento.

Ainda que sejam práticas originadas no mercado tradicional, elas ganham novas noções dentro do ecossistema de ativos digitais. Abordagens como tokenomics, hashrate, análise on-chain, whitepaper e por aí vai, você só vê na criptoesfera.

Análise fundamentalista

A análise fundamentalista ajuda o investidor a determinar o valor intrínseco de um ativo digital e seu potencial como investimento, em especial no longo prazo. Influenciam neste método desde as condições da indústria, a performance individual dos projetos até a sua capacidade de movimentar a economia em geral.

Para entendermos este valor intrínseco, podemos nos basear em três categorias de métricas: métricas do projeto, financeiras e do blockchain, que também chamamos on-chain.

Métricas do projeto

Nas métricas do projeto, entram alguns conceitos que podem ainda ser desconhecidos de boa parte de vocês. A começar pelo whitepaper, o documento oficial de um projeto contendo suas principais informações, como a tecnologia envolvida, o problema que ela resolve, o papel do token no projeto, o roadmap (cronograma de desenvolvimento), atualizações previstas, equipe, etc.

Neste grupo também está presente o tokenomics. De forma resumida, trata-se do estudo de como um token é projetado, distribuído e usado em um determinado ecossistema. É portanto o mecanismo econômico do token. Eu já fiz uma coluna sobre o assunto, você pode ler aqui.

Alguns dos aspectos-chave do tokenomics incluem indicadores como o fornecimento total, referente à quantidade máxima de tokens que podem ser criados, e a distribuição, que descreve a forma como o token será distribuído e quem serão os contemplados, como mineradores, early-adopters, investidores, parceiros, etc.

Métricas financeiras

Algumas das mais importantes métricas financeiras são a liquidez do ativo e sua capitalização de mercado ou market cap. A liquidez mede a velocidade com que uma moeda pode ser comprada ou vendida no mercado.

Já a capitalização de mercado é o resultado da multiplicação do número total de criptomoedas de um projeto que circula no mercado pelo preço atual do ativo.

Métricas on-chain

As métricas on-chain fazem referência aos dados públicos extraídos do blockchain de base de um projeto cripto. Entre eles, estão endereços ativos, a contagem de transações, valor das operações e das taxas de transações, e outros indicadores como a taxa de hash ou hashrate, que se refere ao poder computacional envolvido na mineração de um ativo, caso do bitcoin, por exemplo.

Ao analisar o número de endereços ativos e a quantidade de transações realizadas em um blockchain, sabemos se está existindo uma procura significativa pelo ativo e conseguimos acompanhar seu desempenho. Quanto maior o número de transações de uma cripto na rede, maiores são as chances de crescimento dela.

Já a taxa de transação pode apontar a demanda por uma cripto específica. Taxas altas mostram a disposição dos investidores em desembolsar mais para os validadores executarem suas transações com maior velocidade.

Análise técnica

A análise técnica ajuda a basear as decisões de investimento ao explorar o histórico de preço de um ativo. Os traders usam uma série de indicadores técnicos para estudar as possibilidades de movimentos futuros dos preços.

Uma questão importante na análise técnica é entender que o mercado se move em tendências e ciclos, assim conseguimos projetar possibilidades de tendência futura de um ativo a partir do que chamamos de ação do preço, baseada nas oscilações de uma cripto.

Padrões históricos tendem a se repetir, o que ajuda a apontar movimentos futuros.

No entanto, quem emprega a análise técnica precisa estar consciente de que ela é apoiada em um comportamento passado. Isso significa que não são levados em consideração outros fatores impactantes do preço, como eventos inesperados ou mudanças regulatórias, por exemplo.

A análise técnica usa gráficos acompanhados de ferramentas que contribuem para a compreensão dos movimentos, entre elas as que indicam tendência, como as médias móveis. Como diz o próprio nome, as médias móveis equivalem à ​média dos preços de um determinado ativo em um determinado período.

Outras ferramentas são as que apontam o momentum ou força da tendência de preço de um ativo. Já ouviu falar em Índice de Força Relativa e MACD? São algumas delas.

Tem também aquelas que denotam volume. Elas são bons termômetros do nível de atividade no mercado. Entende-se que o volume antecede os preços. Se em uma tendência de alta o volume diminui, geralmente significa que o movimento altista está chegando ao fim.

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Análise de sentimento

Flutuações de preço no curto prazo são consequência da variação do humor do mercado, uma vez que as emoções afetam diretamente oferta e demanda. Assim, ao lado das análises fundamental e técnica, a análise de sentimento é uma adição valiosa para a caixa de ferramentas dos investidores.

Rastrear o sentimento geral é vantajoso porque permite aos traders obter insights sobre movimentos de curto e médio prazo, desenvolver a capacidade de controlar as próprias emoções e detectar tendências de preços que podem potencializar seus rendimentos.

Compreender as emoções dominantes em um determinado período requer reunir informações, ideias e opiniões sobre o mercado em geral ou, em específico, o ativo em que deseja investir. Depois, combine os dados e, assim, você estará mais preparado para tomar decisões.

Para nossa sorte, hoje podemos contar com as redes sociais como grandes facilitadoras deste trabalho, ainda que muita parcimônia seja necessária. Principalmente porque esses canais viraram meios de manipulação e propagação de notícias falsas.

O público dos ativos digitais vem elegendo suas plataformas favoritas para interação, entre elas hoje estão Reddit, Discord e Telegram, que agregam comunidades de diversos projetos. Importante também é participar de fóruns onde as conversas podem girar especificamente em torno de uma cripto, uma tecnologia ou um ecossistema. Inclua ainda na pesquisa a leitura de reportagens e artigos na mídia especializada.

Algumas ferramentas podem potencializar essa pesquisa, como as que monitoram menções nas redes sociais, o Google Trends, que serve para medir o buzz em torno de um projeto ou uma cripto, e indicadores como o popular Índice de Medo e Ganância e o Whale Alert, que rastreia o movimento das baleias, como são conhecidos os detentores de grandes quantidades de criptomoedas.

Pensamentos finais

As análises fundamentalista, técnica e de sentimento podem ser combinadas para criar uma visão holística do mercado na hora de tomar decisões. Isso prepara o investidor para encarar diversos tipos de cenário, fazendo com que ele aja com mais precisão, aumente sua capacidade de resposta a condições adversas, mitigue os riscos com mais eficiência e, assim, conquiste melhores resultados.

Não se assuste com a quantidade de informação, a proposta desta coluna era criar uma espécie de guia básico e entregar o restante do trabalho nas suas mãos. Aprofunde os seus conhecimentos em fontes confiáveis, muitas delas você pode encontrar gratuitamente na internet.

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