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Varejo

Magalu: economia ruim castiga lojas e faz lucro encolher 90%

Inflação e juros castigam balanço e geram prejuízo operacional de R$ 32,5 milhões; empresa conteve intensidade dos efeitos

Esteiras gigantes em CD do Magazine Luiza: vendas digitais alcançam R$ 10 bilhões pela primeira vez em um trimestre (Leandro Fonseca/Exame)
Esteiras gigantes em CD do Magazine Luiza: vendas digitais alcançam R$ 10 bilhões pela primeira vez em um trimestre (Leandro Fonseca/Exame)
GV

Graziella Valenti

11 de novembro de 2021 às 19:49

Nem o Magalu escapou. Ninguém do varejo conseguiu se defender por completo do cenário macroeconômico, o que torna a análise dos balanços do terceiro trimestre linha a linha especialmente interessante. No Magazine Luiza, assim como outras empresas do setor, impactou da receita às finanças, passando pelas margens operacionais. Com isso, o lucro líquido ficou em 1/10 do que foi no terceiro trimestre – fortíssimo – de 2020. A última linha do balanço foi positiva em R$ 22,6 milhões no intervalo de julho a setembro.

E o número só ficou no azul em razão de créditos fiscais, uma vez o resultado operacional, após as despesas financeiras, ficou negativo em R$ 32,5 milhões.

A inflação e os juros mais altos castigaram as vendas nas lojas físicas do Magazine Luiza, levando a uma queda de 8% no total e de 14,6% no conceito mesmas lojas. É ali, no balcão, onde a baixa renda prefere fazer suas compras. Além disso, a operação ainda é concentrada em bens duráveis, que sofrem muito em períodos de recrudecimento da economia.

A queda na loja física foi mais do que compensada pelo crescimento do canal digital, que no total alcançou pela primeira vez um volume movimentado de R$ 10 bilhões no trimestre – um aumento de 22%. Com isso, no total, o GMV consolidado da empresa, a soma de tudo que foi vendido, teve uma alta de 12% para R$ 13,8 bilhões, de julho a setembro.

Mas a receita líquida da companhia no terceiro trimestre evoluiu apenas 3,7%, para R$ 8,6 bilhões. “O Magalu não é imune à crise”, enfatiza Frederico Trajano, presidente da empresa, em uma coletiva online para jornalistas. O executivo, na sua carta de apresentação dos números, dá grande destaque à piora do ambiente econômico nacional. Mesmo assim, na opinião dele, a empresa mostrou forte resiliência à situação porque o terceiro trimestre de 2020 foi o período mais forte de toda a história da empresa. “Foi épico”, lembra ele.

A explicação para a receita líquida do Magalu crescer menos do que o GMV e ainda menos do que o volume online se dá pela redução na loja física, em que o estoque é da companhia (1P), e pela concentração do crescimento no market-place, onde a venda é de um estoque de terceiro (3P). Nesse último caso, portanto, a empresa fica com um fee pelo serviço.

Esse conjunto de acontecimentos nas vendas é o que explica a queda na margem, pois o negócio ainda é mais rentável no mundo físico. “A maior margem está no mundo offline”, reforça Trajano. O custo logístico impacta o retorno das vendas eletrônicas. Dessa forma, o lucro bruto recuou 2,3%, para R$ 2,13 bilhões. Trocando em miúdos: a margem caiu de 26,2% para 24,7%, na comparação trimestral ano contra ano.

O mesmo se repetiu no Ebitda mas com uma intensidade bem maior: o tombo foi de 37,4%, para R$ 351 milhões – com a margem recuando de 6,8% para 4,1%. O motivo é o aumento das perdas com liquidação duvidosa, que cresceram 25%, para R$ 31,7 milhões. A justificativa dessa alta é o aumento do volume do crediário, onde não existe a garantia do cartão de crédito. Essa modalidade respondeu por 8% das vendas na loja (ante um percentual de 5% a 6% em 2020).

Para completar o quadro que explica o encolhimento do lucro, a companhia gastou R$ 175 milhões com serviço de dívida, 71% mais do que em 2020, uma vez que a taxa Selic (principal indexador dos compromissos) triplicou nesse período. Para a empresa, houve uma boa defesa das contas, uma vez que a alta nos gastos foi muito menor do que o aumento dos juros. Outro efeito que ocorre também é que, na hora de descontar os recebíveis, a taxa aumenta, fazendo a receita cair.

Futuro

Frederico Trajano enfatizou durante toda a conversa com jornalistas que a companhia está empenhada no desenvolvimento do market-place. Ao longo do tempo, segundo ele, isso vai gerar uma desconcentração do negócio de bens duráveis, uma vez que o sortimento no chamado 3P é muito maior.

Nesse tópico, a companhia fez questão de destacar a revolução que houve em apenas dois anos, o que fez o GMV, as vendas totais que passam pelo Magalu, mais do que duplicar, saindo de R$ 6,8 bilhões no terceiro trimestre de 2019 para R$ 13,8 bilhões. Também é o 3P a força motriz da expansão do canal online, que hoje já responde por 72% do total vendido pela companhia. Quando a lupa recai só sobre as vendas digitais de terceiros, o total quadruplica nessa comparação: de R$ 854 milhões para R$ 3,5 bilhões, em dois anos.

Black Friday

O Magalu não está nem otimista nem pessimista com a Black Friday, uma das datas promocionais mais relevantes para o varejo. Na opinião de Trajano, esse ano será concentrado em “produtos premium”, onde a variação de preço e o impacto da inflação são menores, proporcionalmente. E quando ele diz premium vai desde o mercado até a linha de bens duráveis.

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