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Consumo

Inflação dispara e é o assunto da hora – aqui e nos EUA

IPCA em 8,06% e preços ao consumidor nos Estados Unidos em 5% na base anual disparam alertas nos bancos centrais

Copom e Federal Reserve discutem rumo da política monetária na semana que vem (KTSDESIGN/SCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images)
Copom e Federal Reserve discutem rumo da política monetária na semana que vem (KTSDESIGN/SCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images)
AB

Angela Bittencourt

10 de junho de 2021 às 10:10

Inflação é o assunto do momento no Brasil e nos Estados Unidos e por uma razão: aqui e lá, os bancos centrais se reúnem na semana que vem para decidir sobre os rumos da política monetária. O IPCA de maio, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) superou as expectativas e a alta de 0,83% jogou a inflação em 12 meses acima de 8%, variação muito além do teto da meta, de 5,25% para este ano.

Nos Estados Unidos, o índice de preços ao consumidor (CPI) de maio, divulgado nesta quinta-feira, avançou 0,6% e, em base anual, para 5%, ante expectativa de 4,7%. Maior variação em 13 anos.

Para o economista Arthur Mota, do BTG Pactual Digital (do mesmo grupo de controla a EXAME) a inflação não muda o cenário. “Esperamos que o Fed comece a discutir um ajuste no programa de compra de ativos no terceiro trimestre, mas só em dezembro essa redução deve ser oficializada para ter início em 2022.

Importante ressaltar que a pressão [nos preços] ainda está mais presente no mercado de veículos, o que é transitório. Nessa última leitura da inflação, o vestuário também avançou. E esse setor também reage ao processo de reabertura da economia."

Embora o índice de preços ao consumidor não seja considerado o mais relevante pelo Federal Reserve (Fed) na condução da política monetária e sim o índice de preços de consumo pessoal, denominado PCE,  o dado divulgado hoje também é importante por ser referência para a meta informal de inflação de 2%.

Núcleo de inflação

Pois o PCE, divulgado no fim de maio, saltou 0,6% entre março e abril, no quinto grande aumento consecutivo, segundo o Departamento do Comércio dos Estados Unidos. O indicador cheio subiu 3,6%, também o maior nível em 13 anos, ante expectativa dos analistas de 3,5%.

Preocupa, aqui e lá, o fato de os núcleos dos índices de inflação também surpreenderem para cima. O Fed vem mostrando, contudo, maior tolerância com a inflação e focado, por ora, em uma política monetária estimulativa, o que favorece a retomada da economia.

O PCE americano, divulgado no fim de maio, mostrou que os preços na economia à exceção de alimentos e energia também foram além do esperado. No Brasil, os núcleos do IPCA por força da deflação de maio de 2020, além da alta observada no mês, ultrapassaram 4,5% por força da deflação de maio de 2020, informa o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves que vê Selic a 7% ao ano.

Ele chama atenção para a contribuição dos preços administrados que voltou a dominar a alta do IPCA que segue dando sinais de piora em sua dinâmica. “A estabilização, leve queda, dos preços dos alimentos convive com alta em outros itens, o que mostra alguma generalização da inflação, em que pese o fim do choque de preços dos alimentos”, avalia Gonçalves.

Commodities

O economista entende que, nos próximos meses, o IPCA vai desacelerar na margem e no acumulado em 12 meses. “A taxa de câmbio vai ajudar, assim como a bandeira vermelha no nível 2, o mais alto, que impede novo aumento na energia elétrica adiante. Já na base de comparação da inflação de 2020 começará a se elevar, atenuando a alta acumulada do índice.”

Sem pressões adicionais e inesperadas, as variações mensais mais altas, pressionadas pela força das cotações das commodities, serão gradualmente substituídas por variações menores. Essa substituição explica, ao menos em parte, a projeção mediana de 5,44% para o IPCA de fechamento de 2021 apresentado na última edição da pesquisa Focus. Para 2022, a expectativa do mercado é de inflação a 3,70%.

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