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Agronegócio

Gestora 100% focada em agro, Kijani planeja chegar ao primeiro bilhão sob gestão em 2023

Criada há um ano, asset tem como diferencial oferecer uma ampla gama de produtos financeiros para o setor

Santana: vontade de criar uma nova forma de investir no setor fez executivo empreender (Kijani/Divulgação)
Santana: vontade de criar uma nova forma de investir no setor fez executivo empreender (Kijani/Divulgação)
KS

Karina Souza

1 de agosto de 2022 às 09:53

Ser a gestora referência em agro no Brasil. Essa é a premissa da Kijani Investimentos, uma empresa que nasceu há exato um ano e que, de lá para cá, foi do zero aos R$ 300 milhões sob gestão. Nem bem comemorou aniversário, a asset já está de olho nos próximos doze meses. A meta é mais do que dobrar a cifra atual, chegando ao primeiro bilhão investido já em 2023. Chegar até lá depende de um plano contínuo, que está no coração da companhia desde que foi fundada: oferecer produtos financeiros para os diferentes setores do agro – desde os insumos, passando pela produção e chegando até os alimentos – com uma abordagem multiproduto.

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É uma ideia que reflete tanto a trajetória pessoal quanto profissional do fundador e CEO da Kijani, Bruno Santana. De uma família do interior do Paraná, o executivo passou 15 anos no mercado financeiro, em lugares como o Banco Votorantim, ING Bank, trabalhando nos últimos seis como sócio da Aqua Capital, fundo de Private Equity focado em agro. Ao identificar que era possível explorar esse mercado – ainda tão pulverizado – com uma abordagem que iria além da compra de empresas, veio a ideia de montar a própria empresa. 

“Sou um empreendedor por falta de opção. Nos últimos anos, antes de montar a Kijani, analisei mais de 2 mil empresas para fazer investimentos de private equity. Olhava 100 companhias para fechar um negócio. E nesse processo, a conclusão que ficava era a de que era possível fazer outros tipos de acordos com os empresários. Vendas minoritárias, operações de crédito ou trazer mais liquidez para um imóvel, por exemplo. A partir dessa ideia de que não era possível trabalhar somente com um tipo de produto, veio a gestora”, diz o executivo, ao EXAME IN.

Atender a esse propósito exigiu pensar diferente tanto sobre a forma como a firma atua quanto sobre o quadro de colaboradores, especialmente da diretoria e do conselho. Hoje, a Kijani reúne profissionais que vieram do mercado financeiro, é claro, mas conta principalmente com aqueles que fizeram o caminho inverso, vindo do agro para o mundo dos investimentos. 

A conclusão de Bruno é que não dá para chegar em um mercado tão pulverizado a partir de uma cadeira na Faria Lima. Ou de contatos telefônicos e simples visitas a Goiânia e ao Mato Grosso. Para ir a fundo no setor e se aproximar dos empresários distantes dos centros urbanos, é necessário contar com conhecimento especializado e networking. Como exemplo dessa estratégia, hoje a gestora tem profissionais como um ex-secretário de agricultura do Paraná e um sócio de um dos maiores fundos de agritech no Brasil trabalhando no alto escalão. A ‘cereja do bolo’, segundo o CEO, é justamente ganhar a confiança de quem está no dia a dia do campo.

O relacionamento vira dinheiro por meio de dois produtos. O primeiro é o Fiagro ‘de papel’ (KJNT11), dedicado principalmente a oferecer crédito dentro do setor, que está entregando resultados acima da expectativa da gestora. Lançado ao mercado há cerca de seis meses, não foi listado na B3, mas estava disponível apenas no mercado de balcão. A intenção da gestora era captar R$ 200 milhões, mas a demanda excedeu em 1,8 vez a oferta – o que levou, no fim, à captação de R$ 240 milhões. A rentabilidade prometida, na época do lançamento, era de CDI+3% ao ano e, de acordo com os últimos dados da Kijani, está atualmente em CDI+4% ao ano.

O motivo para o sucesso, na visão do CEO, está na diversificação da alocação do próprio fundo. Em vez de se direcionar somente para um setor (prática comum no mercado financeiro), o Fiagro da Kijani investe em todas as regiões do país, em setores como o sucroenergético, máquinas e equipamentos, proteína animal, cooperativa e varejo agrícola, de acordo com as informações do último relatório gerencial. 

Aprovado em outubro do ano passado para os investidores brasileiros, o Fiagro é visto pelo CEO da gestora como um ‘instrumento’ capaz de aproximar o agro do mundo financeiro, mas está longe de ser uma solução mágica para aumentar a participação do setor no mundo dos investimentos. Na analogia do executivo, é “como trocar um carro manual por um com câmbio automático. Facilita sua vida, você não precisa ficar trocando de marcha toda hora, mas ainda tem de saber como ligar o carro, virar o volante, acelerar e frear”, diz.

É uma oferta que caminha em paralelo com a de private equity dentro da gestora. A partir de capital dos próprios sócios, a Kijani finalizou em maio deste ano o primeiro contrato dentro dessa modalidade, depois de analisar aproximadamente 130 empresas. De acordo com o executivo, a ideia é estabelecer track record a partir desta aquisição para, em um momento mais oportuno de investimentos, fazer uma captação no mercado (com pelo menos R$ 300 milhões) e estruturar um fundo em parceria com investidores institucionais e acelerar essa frente de negócios.

A Kijani também deve disponibilizar ao mercado, em um horizonte futuro de Selic igual ou abaixo dos 8%, uma terceira oferta, de um fundo dedicado a investir em imóveis no campo. Por se tratar de um tipo de investimento com retorno muito próximo (ou até mesmo inferior) ao patamar atual de remuneração na renda fixa, é um produto que está ‘on hold’ no momento.

De olho no próximo ano, as duas primeiras ofertas devem sustentar o crescimento da companhia ao longo do próximo ano. A estratégia será a de seguir com o trabalho atual para fazer com que os produtos ganhem cada vez mais escala. No Fiagro, diz Santana, o feedback positivo dos investidores já chegou – e questões sobre quando e como será feito o follow-on da empresa já foram feitas, mas por enquanto ainda permanecem em segredo. 

Ao oferecer esse portfólio completo de soluções ao mercado – e de ‘bater perna’, no melhor sentido da expressão, por todo o Brasil – o intuito da gestora é oferecer, também, maior acesso ao setor dentro do mercado financeiro. “Hoje, o agro representa aproximadamente 3% do market cap da bolsa brasileira, enquanto ocupa uma parte muito importante do PIB, em torno de 26%”, afirma Santana. Para citar um exemplo, as emissões de CRA chegaram ao patamar recorde em 2021, com R$ 23 bilhões em emissões, de acordo com dados da ANBIMA. No mesmo ano, as emissões de CRI (também em patamar recorde) chegaram a R$ 34 bilhões. 

Com mais instrumentos de investimento no setor e mais conhecimento sobre cada parte do segmento, especialmente em tempos de busca por produtos de maior rentabilidade, o executivo acredita que será possível, pouco a pouco, reduzir essa diferença. Questionado a respeito do aumento da concorrência no setor, ele vê o movimento de novos entrantes como positivo. “Vemos com bons olhos o interesse dos investidores. Naturalmente, nos preocupamos com o nível de entrega porque não queremos uma experiência que vá manchar um produto como o Fiagro, por exemplo”, diz. 

Na prática, afirma Santana, há pouca concorrência para fazer o que a Kijani faz. Reunir pessoas que vieram do agro e ter uma abordagem multidisciplinar exige esforço e tempo, mesmo para gestoras de primeira linha que estão de olho em explorar mais a fundo o setor. 

“Começamos a ter uma parceria com outras casas de investimento. Profissionais inteligentes e experientes que não sabem na prática da vida real do agro têm nos procurado para entender melhor operações e tirar dúvidas, o que aumenta a capacidade de novas transações no mercado e contribui para fortalecer nosso nome como referência no setor. Somos e sempre seremos uma gestora 100% focada no agro”, diz o executivo. 

 

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