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Como o novo marco regulatório dos assessores de investimento vai fazer a Basement dobrar de tamanho

Startup de gestão de programas de stock options, adquirida no ano passado pela fintech Vórtx, projeta faturar pelo menos R$ 10 mi adicionais com mudança na regra

Basement: depois de lançar produto para digitalizar livros societários, companhia mira assessores de investimento (Basement/Divulgação)
Basement: depois de lançar produto para digitalizar livros societários, companhia mira assessores de investimento (Basement/Divulgação)
Karina Souza

Karina Souza

13 de dezembro de 2023 às 19:40

As mudanças nas leis que regem a atividade dos assessores de investimento — as resoluções 178 e 179 da CVM, que entraram em vigor na última semana — trazem uma nova oportunidade de crescimento para a Basement. As novas exigências, de maior transparência na remuneração dos assessores, somadas às mudanças nas políticas de contratação dessas empresas e à abertura delas para novos serviços abrem uma avenida de receita de pelo menos R$ 10 milhões para a startup de gestão societária digital. 

Os novos serviços vêm na esteira do que a empresa, que nasceu como um spin-off da Kria, uma plataforma de equity crowdfunding, vem desenvolvendo nos últimos anos. Na pandemia, em meio ao boom de startups no país, a Basement ganhou espaço no mercado ao digitalizar programas de stock options para empresas, serviço que foi agregado por outros ao longo do tempo. Por exemplo, no ano passado, a empresa lançou seu software de gestão digital de livros societários, trazendo mais eficiência a esse processo de controle de participações acionárias em empresas, um movimento que também veio na esteira de mudanças promovidas pela CVM. 

Agora, a partir das mudanças introduzidas por mais uma mudança regulatória, a empresa aproveita a expertise adquirida ao longo dos últimos anos para trazer ao mercado uma nova oferta, que visa ajudar as assessorias de investimento a conduzirem a própria gestão societária com as mudanças introduzidas pelas novas normas. Ao todo, três pontos aprovados nas normas 178 e 179 impulsionam esse mercado, para a Basement: a exigência de transparência na remuneração dos assessores, as mudanças na política de contratação e a maior oferta de serviços prestados por esses agentes. 

Em relação à exigência de transparência: as novas normas apontam para a necessidade de divulgação de informações sobre a remuneração dos assessores por tipo de produto possíveis conflitos de interesses e outros pontos, como o detalhamento entre o que é remuneração do escritório de assessoria, o que fica com custodiantes (como BTG, XP e Safra, entre outros). De modo geral, é uma evolução da lei para trazer mais clareza para os investidores. 

Somada a essa exigência, escritórios de assessoria de investimentos também podem, a partir da nova regra, estender o portfólio de serviços prestados, como seguros e previdência, por exemplo. O que representa, também, uma mudança na forma como operavam antes. "Antes, muitas empresas iam criando estruturas paralelas com outras, menores, para cada tipo de negócio, mas não conseguiam juntar tudo embaixo de uma holding. Agora, que isso se torna possível, é necessário alinhar interesses, trazendo por exemplo programas de sociedade para investir em uma companhia que se torna dona, oficialmente, de todos os serviços abaixo dela", diz Frederico Rizzo, CEO do Basement, ao EXAME IN.

Além da mudança na estrutura de serviços, o novo marco regulatório também alterou a forma de contratação de profissionais e as estruturas societárias desses escritórios -- pontos que, mais uma vez, vieram ao encontro da oferta já comercializada pela startup. 

Na norma antiga (a CVM 16), o artigo 2º obrigava esse tipo de empresa a contratar profissionais somente via sociedade, grosso modo. Agora, no artigo 5º da CVM 178, essa obrigação deixa de existir, com variados modelos de contratação — como os famosos PJ e CLT — que passam a existir. "No formato antigo, havia uma estrutura societária bagunçada, porque havia muitos assessores com alguma cota mas que não necessariamente tinham poder de decisão, por exemplo. Agora, devemos ver modelos de sociedade mais 'reais'", diz Rizzo.

Além disso, com as novas regras, novos tipos societários podem ser adotados por essas firmas (antes, eram sempre companhias no formato de ‘limitadas’), permitindo inclusive que outros sócios — não assessores — possam se tornar sócios. 

“As novas normas impulsionam tanto o movimento de consolidação desse tipo de empresa quanto o investimento de grandes instituições financeiras nesses escritórios”, diz Rizzo. Com tantas mudanças, veio a necessidade de organizar melhor o papel de cada colaborador, no caso dos assessores de investimento, e dos novos e próximos sócios, aprimorando a estrutura de governança de cada firma. 

Esses pontos levaram ao aumento da procura pelo Basement, que já tinha 80% dessas demandas atendidas por meio das ferramentas que comercializava anteriormente. Hoje, a empresa já atende 25% dos maiores escritórios da XP — que têm entre 200 e 700 pessoas. Uma fração do mercado potencial que pode ser atingido.

Nas contas da startup, o mercado em potencial, por enquanto, é de cerca de 600 escritórios, com um tíquete médio de R$ 15 mil pelo serviço. Para colocar esses dados em perspectiva, hoje, com os softwares de gestão societária, a startup atende cerca de 500 empresas. 

Com o novo serviço, a empresa continua sua trajetória de digitalização do mercado de capitais. No ano passado, também em entrevista ao EXAME IN, Rizzo falou a respeito da digitalização de livros societários, um software que custa a partir de R$ 200 por mês. E, depois, com a injeção de capital da fintech Vórtx, que comprou 51% da startup no ano passado, a companhia aproveita o momento atual, também, para aproveitar as sinergias de serviços com a “empresa-mãe” e continuar crescendo. 

Em meio a um setor que passou por tantas mudanças ao longo do ano passado e neste ano, com novas instruções CVM para modernizar o mercado, o Basement quer continuar atento para a transformação digital. A extensão dos serviços aos assessores de investimento é mais um passo para uma empresa que defende a simplificação de um setor ainda tão tradicional.

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Karina Souza

Karina Souza

Repórter Exame IN

Formada pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada pela Saint Paul, é repórter do Exame IN desde abril de 2022 e está na Exame desde 2020. Antes disso, passou por grandes agências de comunicação.