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Assaí: lucro sobe 21%, para R$ 320 mi, com receita maior e eficiência de lojas

Companhia vai começar inaugurações das lojas do Extra no 3º tri e mira resultados ainda mais fortes no segundo semestre

Belmiro Gomes: Assaí deve se adaptar cada vez mais às necessidades do 'novo público' para continuar crescendo (Assaí/Divulgação)
Belmiro Gomes: Assaí deve se adaptar cada vez mais às necessidades do 'novo público' para continuar crescendo (Assaí/Divulgação)
KS

Karina Souza

27 de julho de 2022 às 19:45

O Assaí vendeu mais do que o esperado e conseguiu preservar rentabilidade, mesmo em meio ao acelerado ritmo de expansão de lojas. É essa a conclusão que a fotografia do segundo trimestre mostra, em balanço divulgado nesta quarta-feira. O lucro líquido atribuído aos controladores cresceu 20,7% na comparação anual, totalizando R$ 319 milhões. O resultado é um mix de vendas aceleradas tanto nas lojas próprias quanto nas recém-inauguradas e de disciplina para conter custos, mesmo em meio à escalada dos juros – que, não custa lembrar, contribuíram para que o serviço da dívida dobrasse na comparação anual.

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Entrando nos detalhes, a receita líquida subiu 32,8% na comparação anual (a expectativa do mercado era de 32%) e chegou a R$ 13,3 bilhões, cifra que representa mais do que duas vezes o total do segundo trimestre de 2019. O número, vale o lembrete, não considera créditos fiscais de R$ 40 milhões reconhecidos no trimestre por uma decisão do STF relacionada ao ICMS. 

"É importante mostrar esses números porque havia questionamentos, quando foi comprado o Extra, sobre 'como vai estar o atacarejo?' e se 'chegar em R$ 100 bilhões em faturamento seria muito?'. Hoje já estamos com R$ 60 bilhões sem considerar as lojas do Extra dentro do resultado. Daqui para frente, com essas inaugurações começando a acontecer, acreditamos que o segundo semestre será o melhor período do ano para a companhia", diz Belmiro Gomes, CEO do Assaí, ao EXAME IN.

As vendas no segundo trimestre foram impulsionadas tanto pelas vendas 'mesmas lojas', que tiveram tiveram crescimento de 14,7% nas vendas do segundo trimestre, mesmo diante de uma base de comparação significativa no ano passado (alta de 9,2%), quanto pelo ritmo acelerado de geração de receita das unidades recém-inauguradas. Nos últimos 12 meses, foram 33 inaugurações que, sozinhas, contribuíram para alta de 18,1% na receita. Fatores como privilegiar regiões com forte reconhecimento de marca, retomada do setor de serviços (turismo e restaurantes) e de atividades essenciais (escolas), além da maior busca do consumidor por produtos mais baratos contribuíram para a alta na demanda dos produtos oferecidos pela empresa e, consequentemente, para o resultado no trimestre.

Além de atender a um público maior — a empresa chegou ao milhão de metros quadrados de área construída — o balanço mostra que o Assaí também conseguiu aumentar a rentabilidade na comparação com o mesmo período do ano passado. Com mais pontos de venda, a companhia conseguiu diluir despesas com vendas, gerais e administrativas, por exemplo: elas passaram a representar 9% da receita líquida, ante 9,6% no mesmo trimestre do ano anterior. 

O lucro bruto subiu 27,5% na comparação ano a ano, chegando a R$ 2,1 bilhões. A margem bruta teve leve queda, de 0,7 ponto percentual, atribuída como algo pontual relacionado ao volume de inaugurações de lojas ao mesmo tempo. E o Ebitda, no período, cresceu 29,9%, para R$ 978 milhões, com margem margem Ebitda estável em relação ao mesmo período do ano passado (queda de 0,1 ponto percentual), para 7,4%.

O crescimento também aconteceu em um ambiente mais duro de juros, que impactou o serviço da dívida da companhia. Passou de R$ 166 milhões para R$ 328 milhões. O principal impacto está no aumento do CDI, aproximadamente quatro vezes superior ao mesmo período do ano anterior, e pelo volume da dívida bruta tomada para converter os hipermercados em novas lojas de atacarejo.

Como consequência, o projeto de investimentos nas novas lojas, somado a esse cenário de juros mais altos, também afetou a alavancagem da companhia. A relação dívida líquida/Ebitda está em 2,72 vezes e reflete tanto os investimentos nas 33 lojas já inauguradas quanto naquelas a serem abertas ainda neste ano. A expectativa é a de que o ritmo acelerado de geração de receita das novas lojas se mantenha e possibilite a redução desse indicador para menos de duas vezes já em 2023.

Daqui para frente

Na visão do executivo, o crescimento de receita deve se manter em patamares similares aos observados neste trimestre ao longo do ano. Para garantir que a meta se transforme em realidade, a companhia pretende inaugurar 50 pontos de venda ainda neste ano (foram 28 no ano passado). Entram nessa conta as reinaugurações das lojas compradas do Extra: só no terceiro trimestre, pelo menos 20 devem entrar em operação. 

“No terceiro trimestre o impacto dessa reabertura, acredito, ainda não será sentido de forma tão expressiva, mas ao longo do quarto trimestre e do próximo ano deve ficar mais notável dentro do resultado. Das lojas adquiridas, 63 estão em regiões metropolitanas. Normalmente a rampa, seja de faturamento e de margem, é mais acelerada do que a de abrir uma loja do zero, o que nos deixa confiantes em relação ao futuro", diz o executivo. 

Além de abrir novos pontos de venda, o Assaí também está remodelando a própria oferta aos clientes, de olho nas novas demandas do público de capitais e regiões metropolitanas. A empresa já começou a oferecer serviços – como açougue, padaria, frios fatiados e produtos para pets – em algumas lojas. Hoje, em 100 pontos de venda, é possível comprar carne, por exemplo.

A companhia também está aumentando a quantidade de produtos vendidos. A maior gama se reflete não tanto em produtos 'premium', mas sim em maior diversificação dos itens já disponíveis (por exemplo, oferecer margarina de 250g, de 500g de 20 kg). Há lojas, hoje, com 9 mil SKUs, por exemplo. 

É uma estratégia que visa, principalmente, aumentar a cesta de produtos comprados por cliente. “A gente quer corrigir uma deficiência que o atacado tinha no passado, de experiência de compra ruim pelo preço baixo. O que a gente busca é manter o preço competitivo, mas oferecer uma experiência melhor, mais agradável e que atenda às expectativas dos consumidores nas novas regiões onde estamos presentes. O atacado nasce na periferia para atender às classes C, D e E, mas na medida em que entra na A e B precisa fazer ajustes de sortimento e de serviços”, diz Gomes.

Em paralelo a tudo isso, o executivo afirma que a companhia está investindo em uma estratégia digital mais robusta. Além de firmar parcerias para entregas no last-mile, o Assaí está desenvolvendo um novo aplicativo, que está em fase de testes em uma região do Brasil e deve ser liberado para todo o país em breve. A ideia é tocar nesse ponto ao longo das interações com o mercado no segundo trimestre, mas fornecer, ao longo do terceiro, mais informações sobre qual será a relevância dessa nova ferramenta para a companhia em termos de geração de receita.

"Quando nós éramos uma subsidiária do GPA, não fazia sentido, na nossa visão, concorrer com Pão de Açúcar e Extra. A partir do momento que você está operando isoladamente e em regiões metropolitanas, com demandas diferentes dos consumidores, faz sentido a mudança mais significativa na estratégia digital da companhia", diz o executivo.

Esse mix de iniciativas contribui para que a companhia continue ganhando market share dentro do setor. Hoje, o líder no segmento é o Atacadão, com 17% do mercado, e o Assaí ocupa a vice-liderança, com 7%. Importante lembrar que o atacarejo do Carrefour tem duas operações que o Assaí não tem, o atacado de distribuição e o atacado de balcão. A operação comparável é, dentro desse contexto, a de lojas de autosserviço. O concorrente não divulga esse dado separadamente, o que impede uma comparação direta com dados públicos.

Nas estimativas do vice-líder, o gap entre ambas as empresas está ficando menor, pelo menos, há quatro anos. "Toda companhia busca crescer e ganhar share. Boa parte de ter idealizado esse projeto de conversão do Extra visa, obviamente, reduzir a distância em relação ao concorrente. Mas, é um processo que já vem acontecendo antes disso. Estamos reduzindo essa distância cada vez mais e vamos continuar assim", diz o CEO.

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