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Por que cada vez mais personalidades estão investindo em instituições esportivas?

De Michael Jordan a LeBron James, veja quais os nomes que adquiriram fatias de equipes no basquete e futebol

LeBron James, icônico jogador americano de basquete (AFP)

LeBron James, icônico jogador americano de basquete (AFP)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 27 de agosto de 2024 às 17h25.

Última atualização em 27 de agosto de 2024 às 18h38.

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Cada vez mais celebridades da música, entretenimento e do mundo artístico estão investindo em agremiações esportivas, principalmente do futebol e basquete. Ao contrário do que acontecia, foi uma enxurrada de investimentos nos últimos tempos. O mais emblemático deles aconteceu entre as décadas de 1970 e início de 2000, quando o mundialmente conhecido cantor Elton John se tornou dono do Watford, da Inglaterra, comandando o clube como presidente entre 1976 e 1987, e depois de 1997 até 2002.

Agora, o caso mais recente deles aconteceu ainda neste mês de agosto, quando o cantor Ed Sheeran adquiriu 1,4% do Ipswich Town, que disputa a Premier League, por meio de ações da Gamechanger 20 Ltd. Ele se tornou sócio minoritário da equipe e vai ter o direito de utilizar um camarote executivo no Portman Road, estádio da equipe, por muitos anos.

O Ipswich Town voltou a disputar a liga inglesa nesta temporada após 22 anos, e Ed Sheeran é torcedor do clube. Além disso, ele já tinha uma relação próxima, pois era um dos patrocinadores oficiais dos times masculino e feminino, desde 2021.

O cantor também costuma estar ativo na vida do Ipswich. Recentemente, ele participou de um vídeo de divulgação da nova temporada do clube ao dirigir um trator. Era uma referência ao apelido 'Os Garotos dos Tratore', dado aos torcedores locais, pelo fato do time estar localizado numa região agrícola da Inglaterra.

"A entrada de personalidades, artistas e atletas como investidores em clubes junta uma expectativa financeira, mas não só isso, especialmente a visibilidade que a aproximação com o esporte traz, o chamado soft power. Isso envolve países, investidores e muito particularmente as personalidades da mídia. Não tem nada de irregular ou artificial em alguém querer fazer investimento em algo que possa ficar em evidência, ou que vai envolver algum componente intangível como uma paixão por algum clube, ou o interesse em mostrar sua participação em algo que atrai milhões de pessoas. Considero um movimento positivo, pois são mais recursos que vão tramitar no esporte. Se bem administrados, podem gerar uma melhoria da modalidade como um todo", opina José Francisco Manssur, sócio do escritório CSMV Advogados e um dos autores do projeto de lei que criou a Sociedade Anônima do Futebol (SAF).

Ed Sheeran não é a primeira personalidade a adquirir uma fatia de alguma agremiação esportiva, pelo contrário. Nos últimos anos, a lista é extensa. Em 2022, o consagrado ator Michael B. Jordan comprou o AFC Bournemouth, também da Premier League.

O astro LeBron James, da NBA, comprou em 2011, por US$ 6,5 milhões, 2% das ações do Liverpool. Atualmente, essa participação vale mais de US$ 50 milhões. Também da NBA, Steve Nash adquiriu o Mallorca, da Espanha, por € 20 milhões.

Outro caso bastante famoso é o da dupla de atores Ryan Reynolds e Rob McElhenney, que em 2021 comprou o Wrexham AFC, do País de Gales, por US$ 2,5 milhões. Já o ator americano Matthew McConaughey adquiriu o comprou o Austin FC, de seu país, em 2019. Já o comediante e ator Will Ferrell é o proprietário do Los Angeles FC, que disputa a MLS nos Estados Unidos.

Em 2022, a atriz Reese Witherspoon virou uma das co-proprietárias do Nashville FC, da Major League Soccer (MLS). Natalie Portman, sua companheira de gravações, também se tornou uma das investidoras do Angel City, da liga feminina dos Estados Unidos.

No Brasil, o caso mais emblemático é de Ronaldo Fenômeno, que iniciou esse processo ao adquirir o Real Valladolid, da Espanha, comprando 51% das ações por € 30 milhões (cerca de R$ 141 milhões), em 2018.

Mais recentemente, o cantor Gusttavo Lima comprou o Paranavaí, equipe da segunda divisão do Paraná. O músico pagou R$ 3 milhões para ficar com 60% da SAF.

Para especialistas em gestão esportiva, o investimento de personalidades, artistas e até atletas consagrados a clubes de futebol pode trazer um movimento financeiro, de imagem e reputação que podem ser benéficos ao mercado, desde que, é claro, sejam bem administrados.

"Temos visto um movimento interessante de celebridades adquirindo fatias de clubes de futebol ou outros esportes. Assim como uma empresa, é preciso ter eficácia e competência para gerir projetos deste porte e com tantas particularidades, mas normalmente essas celebridades já funcionam como verdadeiras instituições, pois possuem profissionais técnicos, de várias áreas, neste controle; completar o staff com especialistas da área de entretenimento agrega muito e pode ser um encurtador de caminhos altamente essencial. Eu vejo com bons olhos, e acredito que esse fator possa potencializar ainda mais as operações, visto que estamos falando de segmentos com milhões de fãs e seguidores, e a superexposição é quase que orgânica", aponta Renê Salviano, CEO da Heatmap e especialista em marketing esportivo.

"Quando uma celebridade decide investir em uma entidade esportiva, imagina-se que seja para agregar pela imagem, pelo investimento financeiro e/ou por ajudar por meio do planejamento/estratégia. Quando isso ocorre, e a celebridade tem visão empresarial e experiência, por isso vejo como positivo. Existe o risco dessas pessoas resolverem investir e se envolverem com uma entidade sem experiência empresarial e com direcionamentos equivocados mais baseados na emoção e no ego", analisa Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports e especialista em marketing esportivo.

"Mesmo a compra de um percentual irrelevante no processo decisório, se feita por uma celebridade, gera repercussão que extrapola o próprio noticiário esportivo, e gera interesse, ainda que em sub-produtos dos clubes e suas marcas. Veremos ao longo dos próximos quatro anos pelo menos dezenas ou mesmo uma centena de celebridades da indústria da música e do cinema incorporando a sua carteira de investimentos participações minoritárias e pontuais entre os seus ativos alternativos. É um movimento sem volta de propaganda implícita desses ativos, agora financeiros", explica Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, empresa de entretenimento americana, comandada pelo cantor Jay-Z, que gerencia a carreira de centenas de atletas.

"Acredito que todas as partes só tem a ganhar, com uma visibilidade que extrapola os padrões de marketing e publicidade. Perceba que em muitos desses casos, essas celebridades adquirem clubes menores, com alguma ligação emotiva, mas em ligas e países desenvolvidos e que podem trazer a potencialização de receitas, seja com a própria exposição ou novas parcerias", acrecenta Joaquim Lo Prete, country manager da Absolut Sport no Brasil, agência de experiências esportivas.

"É um movimento que aumentou muito no pós-pandemia. Levando em conta a boa gestão, é uma associação que só tem a ganhar. Os clubes, quando adquiridos, se vêm fortalecidos por um comprador que possui credibilidade em seu ramo, disposto a impulsionar ainda mais seus rendimentos. Ao mesmo tempo, uma instituição esportiva tem o poder de atrair milhões em receitas, com exploração da ativos principais do, novos negócios em arenas e patrocinadores. Se bem-sucedido, os ganhos com imagem são infinitos", complementa Ricardo Bianco Rosada, fundador da consultoria brmkt.co, que atua nas áreas de Estratégia, Branding, Marketing e Desenvolvimento de Negócios.

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